Capítulo 3 - Dinner

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Depois daquele longo dia de trabalho eu finalmente cheguei em casa. Austin correu em direção aos meus braços ao me ver abrir a porta, ele me abraça forte e eu suspiro retribuindo aquele belo gesto de carinho, odeio o sacrificar desse modo, odeio o fato de não poder curtir meu filho do jeito certo, mas infelizmente é preciso, infelizmente eu não tenho uma família que me apoie ou um pai responsável para o meu filho.

-Demorou hoje -Finn disse adentrando a sala com um pano de prato caído sobre seu ombro, naquele momento eu pude perceber o maravilhoso cheiro que deixava a cozinha, Finn é a melhor pessoa que eu pude encontrar em todo mundo

-Desculpa, fiquei um pouco mais lá porque tava terminando de estudar -Digo pegando Austin no colo e fechando a porta principal da casa em seguida, caminho na direção de Finn que murmura um "Tudo bem"

-Como foi o trabalho? -Ele diz e sinto meu corpo se arrepiar bruscamente ao me lembrar de Shane, não acredito que esqueci

-Falar em trabalho, lembra do Shane?

-O que se jogava em cima de você mas você "não percebia"? - Finn diz fazendo aspas no ar e eu reviro os olhos com um sorriso bobo em meus lábios

-Ele mesmo, ele foi hoje na lanchonete onde eu trabalho e a gente conversou um pouco....

-Mentira, o que ele tá fazendo aqui em São Francisco?

-Eu não sei, mas eu posso descobrir se você puder cuidar do Austin pra mim porque ele me chamou pra sair hoje -Digo e percebo sua expressão entristecer, sei que é chato cuidar de criança, mesmo que o pequeno seja um anjo é chato e estressante

-Madu.....

-Não, esquece, eu marco outro dia

-Eu posso cuidar do Austin, eu amo ele mas eu tô meio cansado e.....

-Não, deixa, tudo bem, eu passei o dia todo fora e cheguei tarde ainda, tenho que ficar um pouco com Austin hoje, tudo bem -Digo sorrindo enquanto acariciava os cabelos do menino que tanto amo em meu colo, eu realmente não estava dizendo aquilo da boca pra fora, preciso de um tempo a mais com meu filho

-Tem certeza?

-Tenho, Finn! Juro que amanhã mesmo eu vou procurar algum lugar para Austin estudar, já passou da idade dele de qualquer forma -Falo e Finn suspira um tanto que preocupado, ele caminha em direção a cozinha e eu vou junto a ele adentrando a mesma e deixando o cheiro daquela maravilhosa comida tomar conta de minhas narinas

-Comida! -Austin diz alto e eu riu o colocando em sua cadeira, me sentando ao seu lado em seguida

-Tem certeza que vai colocar Austin em um colégio?

-Ele tem cinco anos, Finn, já devia ter feito isso a tempos atrás mas estava com medo, eu preciso parar de interromper a vida dos outros, eu sei que tomar conta do Austin te atrapalha......

-Madu....- Ele me interrompe e logo suspira mas eu ignoro e continuo a minha fala

-Não é porque eu não consegui um amor que pudesse me suportar que você não vai conseguir um também, entendo que você tem que viver a sua vida -Digo e Finn me encara respirando fundo, sua atenção vai toda para a comida meio à mesa e nós iniciamos nosso jantar

_________

O jantar foi totalmente quieto tirando algumas falas que Austin soltava sobre a comida ou sobre o seu dia que acabava por nos proporcionar algumas risadas.

Eu já havia me banhado e estava em minha cama com meu celular em mãos, já era a terceira vez que ele tocava, Matthew não parava de me ligar eu simplesmente não conseguia atender, não entendo o porque de ser tão covarde, eu temo tudo e isso está me destruindo. Temo colocar Austin em uma escola porque lá ele descobrirá o mundo, descobrirá famílias ideais, com pai e mãe; temo meu futuro, não sei se vou conseguir finalizar essa faculdade, mesmo que eu já esteja mais que na metade; Temo não conseguir sustentar Austin; Temo não consegui esquecer Shawn....

Percebi que meu telemóvel tocava mais uma vez, minha mãos tremiam assim como o celular que junto ao tremor ecoava um toque um tanto que irritante. Não sabia o que fazer, e se eu atendesse mas Matthew ainda estivesse meio a aquela história de traficantes, e se ele viesse atrás de mim o que ele diria sobre meu filho, e se seus inimigos descobrissem sobre Austin, eu estaria colocando uma sentença de morte em meu próprio filho.

"ATENDE A DROGA DO CELULAR"

Uma voz gritou em minha cabeça e por um movimento inesperado meu dedo deslizou sobre a tela do celular.

-Alô! Madu? Por favor me responde, eu sei que você tá aí, eu consigo escutar a sua respiração, não me ignora por favor, eu estou preocupado -Respirei fundo e engoli a saliva que acumulava em minha boca

-O que você quer? -Minha voz saiu ríspida e trêmula, eu trancava fortemente naquele momento, como assim eu temo meu próprio irmão?

-Madu, não acredito, eu sinto muito a sua falta, onde você tá?

-Eu não posso dizer onde eu estou

-Por que não?

-Porque eu não quero que você venha atrás de mim, quero que você esqueça que eu sou sua irmã, finge que eu morri assim como Shawn fez, não quero que meu filho tenha contato com traficantes -Levei minha mão livre até meus lábios ao perceber o que eu havia acabado de falar, agora meu filho está morto

-Seu filho? Eu tenho um sobrinho? -Matthew falava alto, parecia furioso, furioso por temer o que poderia acontecer com minha criança, e ao mesmo tempo surpreso e um tanto que feliz

-Meu filho não é seu sobrinho, eu estou morta pra você, nossa família não existe mais, nós só temos o mesmo sobrenome mas eu não quero que você se aproxime de mim ou de meu filho

-Madu, eu vou conhecer meu sobrinho querendo você ou não, eu tenho meus direitos

-Se aproxima do meu filho e eu conto para polícia quem você é

-Você não faria isso com seu próprio irmão

-Teste-me -Depois daquela pequena frase desliguei a chamada podendo escutar algumas palavras raivosas e intermináveis de meu irmão

Suspiro deitando meu tronco na cama, espero que Matthew não conte sobre meu filho para Shawn.

Scars of love - Shawn Mendes [CONCLUÍDA] Onde histórias criam vida. Descubra agora