Scars of love - Shawn Mendes [CONCLUÍDA]

Capítulo 32 - Dead inside

As horas passavam como nunca antes, seus ponteiros se moviam como um andar de tartaruga, eu já não aguentava mais.

Estava na cama abraçada às minhas pernas, observava o closet e alguns detalhes de meu quarto sem mexer nenhum músculo, eu sentia medo naquele momento, era como se alguém fosse adentrar aquele local e me fazer passar por tudo aquilo novamente.

Todos naquela casa estavam dormindo e isso me assustava mais ainda, quando cheguei, Shawn e Matthew passaram horas tentando me convencer a comer e mesmo que eu sentisse uma fome enorme algo me impedia, algo dentro de mim gritava dizendo que eu não era digna daquela comida.

Eu estava morta por dentro.

Tudo que me faltava era morrer porque eu já não sentia mais nada, além de dor e sofrimento, eu estava me afogando naqueles momentos vividos e até mesmo nos momentos anteriores aquilo, tentava me agarrar nas poucas razões que tinha para continuar viva mas eu não conseguia.

Todas as vezes que me lembrava de Austin, por um exemplo, pensava que ele teria alguém melhor para tome conta dele, Finn, Shawn, já que eu sempre fui uma mãe lixo que o deixei jogado por não conseguir cuidar de meu próprio filho.

Os pensamentos me torturavam e a cada palavra que meu subconsciente sussurrava era mais uma ferida extensa cravada em minha mente e em minha pele.

O Sol raiava e eu continuava ali, naquele mesma posição com lágrimas contínuas em meus olhos e aqueles malditos e torturantes pensamentos, risadas dos piores dias da minha vida, marcas das piores supostas noites de amor e um medo intenso de nunca mais poder voltar ao "normal".

Meus olhos caminharam até a porta ao escutar a mesma se abrir, era Shawn, seu olhar era preocupante e cansado, ele possuía uma caneca do que parecia café em sua mão, ele estava exausto provavelmente passou a noite toda ali, acordado, esperando alguma resposta ou sorriso vindo de mim.

-Madu, a gente precisa conversar -Ele disse adentrando o quarto e fechando a porta logo depois, aquelas mesmas palavras que se repetiam a cada 2 horas

-Por favor, fala alguma coisa, desde que você chegou a única coisa que disse foi pra eu sair de perto de você, eu preciso de uma explicação, eu preciso de alguma coisa pra me acalmar, um sorriso, um abraço, eu quero que você fique bem mas eu não sei o que fazer -Shawn falou e eu senti lágrimas deixarem meus olhos, eu queria poder o acalmar, poder pular em seus braços e falar o quanto eu o amo mas eu não posso, eu não consigo, porque só de pensar nessa possibilidade eu já sinto nojo, nojo de mim mesma

-Já são 6 horas da manhã, você não comeu nada, você tá magra, deixa eu cuidar de você -Ele disse meio a um suspiro enquanto caminhava em minha direção, Shawn se sentou ao meu lado e eu respirei fundo me afastando, queria tanto mas eu não posso me aproximar

-Madu por favor, não se afasta de mim, me faz entender o que tá acontecendo, eu não sei o que você tá sentindo, eu não faço ideia, mas te ver assim me machuca tanto -Shawn diz e eu já pude ver lágrimas escorrerem de seus olhos, ele deixou a xícara de café em cima do criado-mudo e suspirou limpando seu rosto

-Eh....-Tentei dizer algo mas minha voz falhou, senti minha barriga gelar aos olhos de Shawn focarem nos meus e eu suspirei, eu não consigo fazer isso

-Continua, não precisa ter medo, ninguém vai te machucar aqui, eu tô aqui e eu prometo que não vou te abandonar de novo, eu não quis que isso tudo acontecesse, eu tentei de tudo pra dar certo mas um pequeno erro gerou isso tudo -Ele disse levando suas mãos ao seu rosto, em poucos segundos já pude escutar os soluços vindos dali, eu odeio ver isso, odeio ter que o fazer passar por isso -Eu tô me sentindo tão culpado -Ele murmurou com dificuldade pelo choro que já tomava sua voz

Suspirei o observando, tentando criar coragem e fazer com que meu subconsciente não vença, com que eu consiga controlar meu corpo pela primeira vez ao longo desses dias.

Uma de minhas mãos se ergueu e foi devagar até os cabelos de Shawn, ao tocar minha pele em seus fios meu corpo se esfriou e minha mente gritava dizendo que deveria me afastar, eu lutei, lutei como nunca antes, meus pensamentos berravam com meu subconsciente, com meus demônios, eu deveria fazer aquilo, e eu vou fazer.

Aos poucos meus dedos foram se libertando de uma pequena dormência que meu subconsciente havia o colocado, acariciei o couro cabeludo de Shawn e pude escutar seu choro aumentar mas sorri por saber que eram lágrimas de felicidade.

-Obrigado -Shawn sussurrou e eu suspirei tirando minha mão de seu cabelo ao ver ele se mexer e tentar se aproximar de mim, acariciar, esse é meu máximo, eu não posso mais que isso, simplesmente não posso, eu não sou tão forte assim

-Tudo bem, olha, eu vou atrás desse cara, vou descobrir tudo sobre ele, eu vou matar ele, não precisa ficar com medo, logo logo isso tudo vai acabar -Ele diz se levando da cama e pegando a xícara em cima do criado-mudo, meu estômago se congelou e meu corpo paralisou ao o ver caminhar até a porta, eu não quero ficar sozinha, eu não quero pensar, raciocinar, os pensamentos machucam e me afundam cada vez mais

-Não -Digo baixo, naquele momento eu utilizei todas as forças presente em mim, o medo me movia e o medo de acabar sozinha fez com que eu falasse -Não vai, fica comigo, por favor

-Tá, tudo bem, você dormiu? -Ele pergunta caminhando até a cama e se sentando na mesma, seu braço ia até mim mas eu me afastei suspirando em seguida

-Perdão -Ele diz e eu respiro fundo confirmando com minha cabeça em sinal positivo

-Você dormiu? -Ele pergunta novamente e eu nego com minha cabeça

-Deita e relaxa, eu vou ficar aqui te olhando, pode dormir, nada vai te machucar, só vou sair daqui quando acordar -Ele diz e eu sorriu me ajeitando na cama e me cobrindo com a coberta, suspiro ao finalmente me sentir um pouco segura, pelo ou menos mais do que antes

-Bons sonhos -Shawn murmura deitando na cama e eu suspiro me afastando ao máximo dele

Queria muito estar em seus braços, mas ficar no mesmo quarto é tudo que consigo agora, seu corpo nesse momento, para mim, é como um grande espinho, e eu não posso mais me machucar.