De Volta As Noites

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Não tenho pijamas.

Tive que pedir pra minha secretária Dory comprar um pijama pra mim, ela acabou por comprar um pijama cor de rosa todo cheio de rendinhas, não sabia o que trazer exatamente então fiz uma pequena mala com objetos de higiene numa bolsinha e roupas normais.

Tentei não me entusiasmar muito pra noite de hoje, não falei com Eduard porque não tive tempo, ele me ligou diversas vezes durante o resto da semana, mas eu tive uma dezena de reuniões que me lotaram até a cabeça. Ontem lhe enviei uma mensagem falando que viria pra festa do pijama em seu apartamento, fica um pouco afastado do centro.

Depois daquele almoço com as filhas e a irmã dele e seu cunhado me senti um pouco fora de órbita, Eduard realmente não estava mentindo, durante todo o almoço suas filhas contaram sobre a mudança, como seria na nova escola, Lily mostrou-se muito doce enquanto Vick era a menina sorridente e entusiasmada, percebia a inocência nos olhos das duas crianças, elas não faziam ideia do mundo no qual seu pai e eu nos enfiamos a alguns dias.

Nem mesmo Bela.

Eduard é um homem comum para toda sua família, e eu me peguei pensando tanto neles durante esses dias que fui ficando ansiosa, claro, quero muito ficar a sós com ele, mas também vejo que talvez se eu não entender como as coisas em sua vida funcionam talvez eu nunca consiga me aproximar o suficiente de Eduard, nem mesmo que para uma noite de sexo.

O Porteiro do prédio me recebeu com um sorriso, sinto-me um pouco nervosa, já estou diante da porta de seu apartamento, toco a campanhia, tive que vir direto da empresa pois não tive tempo de passar em casa.

Escuto o som de passos leves, logo em seguida Vick abre a porta, ela sorri abertamente, os olhos vividos e os dentes branquinhos, usa um pijama cor de rosa com mangas compridas, seus olhos brilham de felicidade.

--bem vinda!

--boa noite Vick.

Sorrio, ela me segura pela mão e me puxa pra dentro do apartamento, fecha a porta, o apartamento é grande e espaçoso, um desses duplex de luxo, mas o ambiente é bem mais famíliar, tem fotos espalhadas para todo lado, os sofás estão afastados pra um canto e tem colchões grandes no meio da sala, a tv está ligada num canal infantil, sinto o cheiro de biscoitos e pipoca.

--pode tomar banho no meu banheiro.

--ta.

Estou bem surpresa com a receptividada das filhas de Eduard, mas elas não parecem ser apenas meninas educadas, elas não agem por educação ou etiqueta, elas são crianças espontâneas e doces, crianças bem cuidadas e que parecem ter uma família que as ama e cuida delas coisa que eu nunca tive de fato.

Subimos pro andar de cima e analiso o corredor com portas de madeira branca, todo o apartamento é bem decorado, tem bastante espaço aqui, mas não da tempo de conhecer melhor o lugar, ela me conduz pra um quarto todo cor de rosa.

Quando eu era muito pequena quis muito ter um quarto assim.

Mas o sonho foi se apagando dentro de mim com o passar do tempo, uma cama cheia de ursinhos, prateleiras com livros infantis e bonecas, um baú com brinquedos, na cheguei na minha atual família com doze anos, uma criança marcada por uma infância conturbada e difícil, coisas das quais a anos venho tentando trabalhar dento da minha cabeça, na minha alma.

Tento deletar todos os momentos que passei longe da minha atual família, ainda que eu saiba que nunca se apagarão da minha memória.

Tranquei Francesca dentro de uma caixa a muitos anos, hoje eu sou uma mulher decidida e forte, talvez meu estilo de vida choque muitas pessoas e eu seja só uma merda de uma desequilibrada por me envolver com homens dessa forma mas prefiro assim.

49 Noites - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora