Adeus

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Me levanto.

Não preciso me sujeitar a isso, sinto tanta raiva que mal consigo guardar pra mim. Pego minha bolsa e tiro o dinheiro da carteira, deixo sob a mesa e começo a sair do restaurante, eu nem sei por que me incomodo exatamente, acho que é por que ele mentiu pra mim.

Ok, queria sexo fácil? eu também! Queria dar o rabo pra alguém? Eu também queria comer alguém! Mas não acho que havia necessidade de que mentisse pra mim.

Se eu soubesse que ele é casado e tem família eu nem teria concordado em me aproximar dele.

O que é algo bem contraditório na verdade por que houve épocas da minha vida em que eu saia com casais, mas isso foi a alguns anos, hoje eu respeito bastante algumas limitações, também por que sei que isso gera muitos problemas.

Passo bem longe da mesa deles me sentindo terrívelmente envergonhada pela situação, olho de soslaio e nesse instante é como se todo o meu corpo fosse atingido por uma intensidade imensa.

Ele me viu!

Merda!

Me apresso, meu carro está estacionado do outro lado da rua, passo por entre algumas pessoas e saio do restaurante me sentindo sufocada, tenho certeza de que ele não virá atrás de mim, nem agora e nem depois.

Saio do restaurante tentando me entender com o meu casaco, usar salto nessas horas atrapalha.

--Lola.

Mer-da.

--você já almoçou?--Eduard pergunta atrás de mim--muito ocupada?

--s-sim--respondo tentando me manter firme--preciso ir.

--não quer vir conhecer as minhas filhas?

--você tem filhas?

--sim, duas.

Eduard fica diante de mim, ele sorri calmamente.

--desculpe acho que cometemos um equívoco... você mentiu pra mim.

Ele franze a testa, percebo seu nervosismo, senti falta desse mentiroso.

--quanto ao que Lola?

--não importa, eu preciso ir.

--não vem comigo conhecer as minhas filhas? minha irmã?

Irmã? Não era Esposa?

Estou tremendo.

--acho que o meu cunhado acabou de entrar, acho que isso não iria te arrancar pedaço, nem que por educação.

--eu não posso.

Ele me lança um olhar tão... triste.

Desvio.

--está bem, nos vemos... por ai.

--Eduard você não quer me ver hoje a noite?

--sinto muito Lola, eu não posso.

--por causa daquela noite?

--não, é que a minha filha está morando comigo agora, as duas na verdade, elas vão ficar comigo em período integral.

--ah.

Ficamos nos olhando por alguns instantes, estou paralisada com o jeito como ele me olha, não sei se pelo nervosismo causado pelo engano ou se por ele próprio ter me pedido isso, eu não gosto de me envolver... eu não posso na verdade.

--vem--pede ele e segura a minha mão--Lola...

--meu nome não é Lola... você nem sabe quem eu sou e quer me apresentar as suas filhas?

Eduard pisca, ele se afasta mas não solta a minha mão.

--bem, talvez eu possa conhecer melhor não acha?

--Eduard eu não quero um relacionamento.

--eu sei que não, mas eu não posso abrir mão de ficar com as minhas filhas por sua causa Lola.

--não acha que era algo que deveria ter me dito? que era casado e pai de família?

--minha esposa morreu...

--tenho certeza de que aquela mulher na mesa não é sua irmã, ela usa uma aliança.

--pode vir tirar as conclusões por si própria não acha?

Fico parada por alguns instantes, não consigo me imaginar tendo que me sujeitar a isso.

--não?

--Eduard... melhor não.

--ok, então nos vemos qualquer dia desses.

--gostaria que não fosse assim Eduard.

--nem eu Lola.

Ele me olha e logo em seguida começa a se afastar.

--Adeus Lola.

Respiro fundo, seguro minha bolsa embaixo do braço e giro os calcanhares, me afasto até o sinaleiro e corro pro meu carro, de toda forma é melhor assim... eu acho.





 eu acho

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49 Noites - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora