Chegando na reta final...
(Sophia)
Minha sogra ficou com a Bebel, enquanto Allana e a Allice me levavam até um pronto atendimento. Não havia como deixar que a Bebel me visse com o rosto no estado em que estava.
O médico pediu alguns exames, e para minha surpresa teria que ficar em observação. Ao menos com a medicação a dor havia passado.
Acordei ainda dolorida, mas conseguia abrir os olhos.
– Oi meu amor! – O Alec estava abatido demais, nem parecia o homem que eu conhecia. Mas estava ali, acariciando meu rosto.
– Oi!
– Me desculpa, eu não devia ter saído de casa. – As lagrimas percorreram seu rosto. Falava tão baixo que mal dava para ouvi-lo.
– Não foi culpa sua. Nunca poderíamos imaginar que o Lucas teria coragem para tanta barbaridade.
– Mas eu devia ter protegido você a Bebel.
– A Bebel está bem! Só se assustou um pouco.
– Segundo o porteiro, assim que saí, ele ouviu um barulho nos fundos da casa. Devia ser armação do Lucas para que assim pudesse entrar na casa.
Passou a mão em meu rosto como se acariciasse uma pérola.
– E o navio?
– Não importa agora, o que importa é você. E que fique bem logo e me perdoe.
– Alec... – Eu teria dito que não tinha o que perdoar, mas a porta se abriu e minhas cunhadas entraram com o Phil, o Nick e o Dalton.
– Viemos ver se precisam de algo. – A Allice se adiantou e segurou minha mão.
– Só agradecer por tudo o que fizeram. – Olhei para o Phil. – Obrigada. Vocês apareceram na hora certa.
– Não foi coincidência. – O Nick começou. – O Lucas não aparecia a tempos no Augustos, estava participando de outro clube. Mas hoje apareceu por lá e ganhou duas rodadas, depois começou a dizer que agora era o rei da noite, e que só faltava uma coisa para sua consagração, mas não disse o que era. Quando saiu, disse ao barman que hoje seria o começo de seu reinado. O barman, nosso amigo, logo nos chamou e mostrou-se preocupado. Então saímos para encontrá-lo, mas ele não estava mais na rua.
– Pensamos em diversas coisas, mas ao passar pela BR12 vimos a movimentação e a correria das pessoas, e logo a fumaça veio denunciando o fogo no navio. – O Phil continuou a narrativa. – Mas não podíamos fazer mais nada, a não ser esperar que os bombeiros agissem rápido. O capitão perguntou pelo proprietário, e o garoto do porto disse que já havia avisado. O Alec chegou tão desesperado que nem ao menos nos viu por lá. Então tentamos localizar o Lucas mais uma vez, e passamos diante de sua casa.
– Foi quando vimos o carro dele há alguns metros dali. E o resto... – Eu olhava o Phil, e agora o Nick contando sobre o Lucas e relembrava os momentos de agonia que passei.
– Agradeço imensamente à vocês por tudo.
O médico abriu a porta e sorriu ao ver tantos amigos ali.
– Bom dia! Acho que querem ir para casa, não é?
– Seria o melhor remédio agora. – A Allice brincou com o homem.
– Bom Sophia, está tudo em ordem. Só uma costela quebrada. A visão ainda pode ficar um tanto turva por causa do inchaço do olho, mas logo voltará ao normal. – Ele me olhou como se precisasse falar algo.
– Mais alguma coisa, doutor? – Estava preocupada. O Alec se levantou e ficou apreensivo ao meu lado, não que eu ignorasse o assunto. Estava grávida antes do Lucas chegar e tinha medo de que pudesse ter acontecido algo com o bebê.
– Está tudo bem com o bebê. Teve muita sorte.
Respirei aliviada ao ouvi-lo.
– Bebê? – Minhas cunhadas praticamente gritaram.
– Então aqui está. Podem ir para casa. – Entregou um documento ao Alec e saiu.
– Bebê? – Ele repetiu ainda sem demonstrar reação alguma. – Um bebê. – Repetiu.
– É cara... Aquela coisinha que fica na barriga da mulher e depois de nove meses nasce e nunca mais te dá sossego. – Os amigos dele brincavam.
– Não acredito. – Ele voltou a sentar-se.
– Está tremendo? – O Nick se aproximou e eu tentava buscar algo nele que me desse a certeza de que ele não estava irado com a notícia.
– Agora vem a pior parte. – O Alec olhava para o papel, e eu torcia para que ele me olhasse para ver sua expressão.
– O que Phil? Pior parte?
– O Alec dizia que todos nós tínhamos que ter quatro filhos, para que todos fôssemos padrinhos uns dos outros. Claro que isso diminuiu, mas, eu só quero ver quem será o primeiro a ser chamado para padrinho. – Alivio. Um dia eles tinham falado sobre filhos, mesmo que o assunto não tivesse sido discutido comigo, estava mais aliviada.
Senti sua mão sobre minha barriga e comecei a ter esperanças de que estava tudo bem.
– Eu te amo! – Isso era um sim? Ele estava feliz? – Sou o homem mais feliz da face da terra. – Se levantou e me beijou fazendo com que os demais saíssem do quarto.
– Pensei que não fosse ficar feliz, nunca tínhamos falado sobre.
– Não ficar feliz? Como não ficar feliz? Serei pai com a mulher que conseguiu me fazer entender o significado da palavra amar, e não ficaria feliz? Eu já era feliz com a Bebel, agora sou feliz em dobro. O que me lembra que preciso deixar essa tragédia e logo começar a construir um novo navio.
– Sophia?
– Meu mais lindo projeto, mas eu recomeço. E se preciso for, recomeço novamente. Porque eu luto por aquilo que eu amo.
– Obrigada Alec!
Nos beijamos e nos preparamos para irmos para casa.
– Alec... – Ele parou antes de abrir a porta para mim.
– Sente algo?
– Fique à vontade para convidar os padrinhos que já havia escolhido.
Quando abriu a porta, foi só festa. Cumprimentos e mais cumprimentos. Ele não disse nada aos amigos ali, nem mesmo durante o almoço na casa de minha sogra e nem durante o jantar em um restaurante fechado para a família e amigos para anunciar a notícia. Pensei que até mesmo estivesse cogitando não chamá-los. E naquela noite quando perguntei, ele apenas me respondeu...
– Não há como escolher agora quem é meu melhor amigo, todos eles o são. Vamos deixar correr a gravidez e com o tempo eu decido.
– Confio em você.