Sem correção.
Alec
Havia no mínimo milhares de Antony's na cidade. Quem me garantia que ainda morava ali? A forma mais fácil de localizá-lo foi ir até o hotel e pedir dados dos antigos funcionários.
Durante o resto da semana fiquei por conta de localizar o homem. E que surpresa para mim, saber que mesmo não morando na cidade o cara mantinha a antiga casa intacta.
- O senhor Antony não vive mais aqui. Na verdade sua casa é em Nova York onde joga para um famoso time de beisebol. - A senhora parecia feliz com a informação. Ao ver minha decepção completou. – A sua sorte é que essa semana está no Brasil promovendo marcas de alguns patrocinadores. Mas não sei se conseguirá falar com ele.
De posse da informação vasculhei a cidade, colocando o Phel e o Nick feito loucos pelos hotéis. E como ironia do destino, descobrimos que Antony estava hospedado no FARRELL.
- Talvez eles já tenham se encontrado. – A conclusão do Phel era certa, mas com tantos desacertos eu queria certificar-me de que se encontrariam de verdade.
- Alec? Aconteceu algo com a Bebel? – A recepção da Sophia não podia ter sido melhor. Ela me ajudaria a falar com o rapaz. E quando soube, se foi certeiro. – Se ele estiver ainda aqui, faremos o encontro acontecer.
Hospedado ele estava, mas no momento encontrava-se em entrevista fora do hotel.
Esperei! Esperei! E esperaria quanto tempo fosse preciso. E quando a equipe chegou ao saguão do hotel o avistei de longe. Cheio de seguranças e totalmente diferente do que me lembrava.
- Antony. – Quando chamei ele olhou-me e fez um movimento negativo com a cabeça como se soubesse que aquilo poderia acontecer.
Os seguranças deram dois passos em minha frente, mas ele ergueu as mãos e os dispensou.
- O que quer? Eu sabia que não seria uma boa ideia me hospedar aqui quando a agencia indicou o hotel.
- Preciso que me ouça apenas dois minutos.
- Dois minutos para mim é muito dinheiro.
- Por favor.
Depois de resistir um pouco ele aceitou me acompanhar até o bar no andar de baixo e ouvir o que tinha para dizer.
- Só não diga, por favor, que sua irmã ainda me ama e que estão arrependidos porque seria demais para mim. – Era justamente isso. Não diria com essas palavras mas não tinha outra forma.
Então fiz de forma diferente.
- Aquela moça que viu ao meu lado.
- E por sinal uma moça muito linda. Vai me dizer que é ela quem quer me conhecer. Deveria ter dito antes. – Olhou em volta.
- Não. Aquela é minha esposa. – Ele gargalhou.
- Não acredito. O filhinho de papai. Rei das jogatinas. – Aquilo era uma surpresa. Eu não me lembrava dele, mas ele sabia de minhas atividades. – Casado com uma negra. O que é foi Alec? A moça te enganou? Deixa-me ver... Ficou grávida. É a cara dessas vadias. – Mesmo estando ali para me desculpar, e falar de meus erros eu começava a me irritar com a insolência do cara.
Ele não era o mesmo. Estava esnobe e arrogante. Longe do rapaz humilde que um dia conhecemos.
- Não Antony. Só mencionei que é minha esposa para ver que eu fui um idiota e não devia ter interferido no seu relacionamento com a Alliana. Sinto muito.
- Ah sim! Agora é o momento então que ela corre até meus braços e nos beijamos e aparece o fim?
- Não seja idiota. Minha irmã não sabe que estamos aqui. Talvez ela nem saiba que você é quem é agora. Eu por exemplo só soube ontem.
- Isso porque o que interessa à essa família, seja apenas seus umbigos. – Tomou o resto da bebida e se levantou ao ouvir alguém chamar por ele. – Preciso ir.
- Eu não disse o que tinha para dizer.
- Mas eu desconfio. Vai dizer que sua irmã ainda me ama, e agora com você casado com uma negra não se importariam se ela estivesse comigo. Mas estou cheio dessa hipocrisia Alec. Você e sua irmã não merecem que eu perca meu preciso tempo com vocês.
- Ela te amava e acredito que ainda sinta isso por você, eu fui o idiota da história.
- E agora como meu dinheiro é o mesmo dos brancos não tem importância não é? Podemos ficar juntos.
- O dinheiro aqui é o que menos importa. Você sabe que somos ricos. Talvez ainda mais que você.
- Com certeza o patrimônio de vocês é muito maior. A questão é que quando eu não tinha nada, não era o suficiente para a família.
- Nunca falei em nome da família. Foram palavras de um tolo adolescente.
- Palavras ferem. Não importa de que boca imunda venha. Mas como vê... Suas palavras não me fizeram parar. Eu continuei minha vida. E sabe que tenho que te agradecer. Talvez se não fosse sua interferência eu tivesse vivido certo tempo como motorista até me casar com sua irmã e ser obrigado a viver do dinheiro dela. Agora não... Eu tenho meu orgulho próprio e meu amor próprio também. E se me der licença preciso ir.
A Sophia veio ao meu encontro. – E então... Como foi? Ele aceitou a se encontrar com a Alliana?
Contei sobre nossa breve e horrível conversa. Sentia muito. Sentia muito por tudo o que havia causado e também pela tristeza de minha irmã.
A Sophia a todo o momento dizia que entendia o rapaz.
- Cabe a você explicar isso à sua irmã. – Passou a mão em meu rosto e se foi.
Entrei no escritório da Alliana e a encontrei encostada à uma pilastra ao lado da janela. Quando me aproximei vi a imagem do Antony entrando em um carro importado.
- Então você sabia? Sabia que era ele, e que estava aqui?
Ela se afastou e sentou-se em sua mesa, me obrigando a sentar diante dela para obter uma resposta.
- Sei de tudo da vida do Antony. Eu o amava. E nunca houve espaço para outro em minha vida. Mas... Como vê, a vida dá voltas e nem sempre tem volta.
- Allana, me perdoe pelo amor de Deus.
- Seja feliz Alec. Não deixe que ninguém interfira em sua vida. Só seja feliz.