Capítulo IV

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Bem, já disse para vocês sobre a beleza natural, sobre problemas de crises existenciais, sobre tragédias de fatores absolutos e não mutáveis, agora quero introduzir um novo pensamento, sim, eu mesmo, o narrador. Já repararam que estão presos em meu mundo ? Porém eu mesmo estou preso neste mundo, eu mesmo estou preso em mim, tudo bem que creio que você não escolhe muitas coisas intrapessoais de você, mas comigo é diferente, sou um meio, um interlocutor de um escritor maníaco e insano que quer retratar e exibir as opiniões dele através de histórias e personagens fictícios, até mesmo aquela cabana é falsa, o velho Bill nunca existiu, somente aqui nesse livro, e pior, eu sei que meu trabalho é narrar e apresentar-lhes à vocês leitores, as histórias e ocorridos de um drama que foram criados de modo simbólico por um escritor que prefere utilizar-me ao invés de apresentar-se. Mas o mais melancólico em tudo isso é que minha vida resume-se à contar-lhes algo que não existe, o que faz com que minha própria existência e essência não exista também, sou mero escravo do escritor desse livro, assim como talvez vocês sejam escravos de uma força divina. Sabe, acho que entendi o intuito e a pretensão do avô do velho Bill, a metafísica nos impulsiona à coisas que não sabemos, mas ao mesmo tempo nos impulsiona para longe de algumas certezas que temos, quando trabalhamos com absolutos, não há probabilidade, esse é o grande problema que o avô do Bill quis explicar, não procurar a metafísica e nem ter contato com ela, pois ela não te dará certezas, pelo contrário, ela lhe dará mais incertezas ainda, fará com que você fique tão maluco e repleto de informações, que chegará ao ponto de virar um maníaco ignorante, irá simplesmente aceitar, pois questionar agora virou um ciclo, um círculo para ser exato. Não sei se você leitor percebeu, mas se você se questionar sobre a situação atual que estamos vivendo nesta narrativas, reparará que eu disse que sou escravo do escritor, logo eu sigo o que ele me manda, mas portanto, ele me mandou eu informar isso para mim mesmo, e mais, para vocês. O escritor permitiria eu ter liberdade para entender que eu não tenho liberdade ? Viram ? Isso é metafísica, creio que nas escolas foram introduzidos à vocês como um método religioso ou simples de definir certos infinitos, mas não, metafísica é de fato o além do físico, o além dos métodos epistemológicos e científicos. E por isso é tão mal visto, estamos alegando coisas além do que elas podem ser, estamos atribuindo mais do que algo suporta, mas isso não passa de mais um métodos cético, se ser cético é questionar tudo com razão e lógica, é lógico e racional questionar o simples fato de ter algo além do que eu consigo ver, assim como um cego não enxerga, mas as coisas existem, talvez só não enxergamos certas coisas, mas é mais cético ainda questionarmos o fator de questionarmos e de estarmos questionando esse questionamento agora. Bem, vou poupar-lhes de toda essa infinitude de coisas desnecessárias, vou ajuda-los, vou dar-lhes uma explicação que não precise ir para mundos externos, concepções além e muito menos para apelos divinos. Mas primeiro temos que entender certas coisas, e desde já esqueça do velho Bill e daquela cabana e de todos aquele cenário, agora estão em meu mundo, vamos criar um livro dentro deste livro, e irei explicar logo mais o porquê devemos fazer isso e o quão louco tudo isso é. De antemão irei apresentar-lhes uma tese, inspirado em um livro de Yeats e até em pensamentos de Allen Ginsberg e todos aqueles malucos que viviam juntamente à ele.
Bem vindo ao meu mundo, vamos usufruir da liberdade que temos, irei fugir dessa narrativa tosca do escritor, sigam comigo sejam livres como eu.

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