E aqui começaremos nossa história, é sobre um velho arrogante chamado de Velhote Bill pelos moradores mais próximos, seu nome é quase desconhecido, porém irei poupar-lhe deste mistério, irei utilizar meus poderes de narrador e dizer-lhe, o nome deste velho que nem sempre foi tão velho, porém não posso dizer-lhe o mesmo da arrogância do mesmo, era William Alamorre, e sempre morou naquele chalé, inicialmente com seus avós, que morreram, porém não impediu o velho, ou melhor, o jovem Bill de sobreviver naquele lugar sob tais condições. É bem verdade que não foi fácil e muito mesmo confortante, porém necessário, necessário para que o jovem Bill possa ser o velho Bill, necessário assim como toda a vida, onde podemos existir apenas para morrer, e morrer apenas para ressuscitar e tudo isso novamente, sua infância foi difícil e dolorosa, assim que atingiu a puberdade não era só uma fase nova, era como uma vida nova, onde os únicos familiares que conhecia moravam à milhas de distância, e também ele nem tinha tanta afinidade com esses parentes, nem ao menos sabia os nomes e muito menos os rostos destes até então parentes misteriosos, mas tinha ouvido breves histórias e fofocas de que eram ricos, porém apenas de capital, pois a reputação que tinham não era das melhores, tão grotescas que pouparei detalhes de tal desgraças. Nessa fase William se sentia sozinho, mas quem nunca sentiu-se só ? Quem nunca foi tomado pelas melancolias externas da vida que ultrapassavam os limites interno da alma e devoram e ateavam às chamas toda a vontade de viver, e não era só isso, nesta fase também sentia-se de modo pequeno, mínimo para ser exato, quase tão insignificante quanto as mínimas partículas que formam o mundo, e tudo que vemos, sentimos, olhamos, ouvimos e degustamos. Não entendia o porquê sentia tudo isso, já que ao mesmo tempo que ele se imaginava um nada no meio de tudo, ele se imaginava como tudo no meio de um nada, era engraçado de certa forma, mas não rendia nenhum sorriso e muito menos a mínima vontade de esboçar algo insignificante porém com significância para um conjunto de pensares em grupo, ou como tanto falam, sociedade, se bem que o pequeno Alamorre nem sabia direito o que era isso, e muito menos gostaria de saber, pelos poucos livros que tinha lido sobre essa tal sociedade, já percebeu o quão deselegante era, e então aproveitou que nunca teve um contato com essa tal sociedade, e decidiu de primeira instância que preferiria que continuasse assim, como se as coisas fossem decididas, e ainda mais em primeira instância, de fato ele ainda não sabia muito sobre a vida mesmo, não era só sobre a sociedade que ele tinha pouca informação e pouco contato, e sim com todas coisas ao seu redor, por mais que ele tinha contatos com muitas coisas, ele não as entendia, de forma alguma conseguia entender o simples fato de não entender coisas tão banais, ele muitas vezes era um ótimo observador, mas se perdia nessas observações e percepções malucas que tanto tinha sobre as coisas, talvez para ele tudo fosse tão óbvio ou sem sentido, que ele preferia tentar ir além, mas não tanto, ele tinha conhecido uma palavra que seu avô falava para que tivesse distância dela. Seu avô dizia:
- " Metafísica Willy, cuidado, não é boa coisa para jovens, e muito menos para tolos".
Então Willy ou William, não sei como chama-lo, de fato não sou tão íntimo dele, porém isso não vem ao caso, está aqui para ler a narrativa e a história, não sobre o narrador, afinal, por que então temos esse trabalho todo ? Quero dizer, por que eu narro histórias que muitas vezes nem são minhas ? E por que ignoram tanto os narradores e se preocupam apenas com a história ? Talvez a história verdadeira seja outra, e o narrador está apenas distorcendo ou até mesmo tentando sempre participar, assim como estou fazendo agora, mas eu entendo o porquê não gosta disso, já basta uma divindade que diz o que temos e como temos que fazer, e ainda temos que ter um narrador que nem conhecemos, que nem de fato é um ser animado ou humano, que no máximo é a expressão do autor sobre a obra, e ele quer participar, contar a história e controlar todo o ritmo e fluxo, isso é de fato brochante para você leitor, apenas ler o que eu quero que aconteça, talvez eu possa matar o velho Bill agora, talvez não, se eu quiser termino está história, quando temos poder não somos equilibrados, de fato é brochante, pois bem, vamos continuar a história...
Então o jovem Willy acatou as ordens de seu avô, não por ser tolo, e sim por ser jovem, sim, ele era muito jovem, mas mesmo assim não deixa de ter um ego de grandes dimensões como essa, porém tenho que dizer, ele devia obedecer demais seu avô, pois mesmo depois de anos e anos, e até com cabelo e barba branca ele continua se afastando da tal metafísica. Talvez todos nós deveríamos, ou então não nos cativarmos por ela, pois só trará sofrimentos e ficaremos cegos, ou seja completo ou nem seja, pois de fato incertezas demais geram certezas absolutas que são trágicas, tudo aquilo que é limitado é ilimitada demente inútil.
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Círculos sem fim.
SpiritualEste livro tem como intuito reunir ideais e tese filosóficas, antropológicas e físicas que passam pelo processo da epistemologia para gerar algo além, começa de Yeats até Ginsberg, Platão, Nietzsche e tudo isso em um cenário tão solitário e sombrio...