Em uma cálida manhã de primavera qualquer, onde as flores brotam e liberam odores frescos e doces tanto quanto são vividas e coloridas, uma manhã onde tudo equilibra-se, as desgraças e melancolias da vida curvam-se sob as condições naturais das vibrações e cantorias da natureza em um só ritmo. Pena que tudo tão fugaz, mas não deixas de ser belo, belo o bastante para fazer com que qualquer simples homem consiga sentir inspiração, e até esquecer por segundos e quem sabe até minutos, a sensação de que tudo aquilo tornará-se pó em um breve futuro, e quem sabe até a sensação de que ele mesmo tornará-se pó semelhante a tudo aquilo, com a única diferença que talvez ele nunca tenha liberado e expressado sua essência para fora, tal como as flores fazem sempre sem pedir nada, e muito menos sem ganhar algo, além da sua morte rápida para que possam fazer tudo isso novamente e seguir o fluxo. O que nos fascina nas flores ? Que em todas primaveras conseguem sempre demonstrar sua beleza interior, e mesmo talvez sabendo que isso é só uma parte do ciclo, pois logo irá morrer e tudo para que possa fazer novamente, e ser tão belo quanto, creio que não é na essência que nos cativamos e fascinamos, preferia crer que fosse, porém há algo em mim que não permite, e é esse mesmo algo que faz com que eu acredite que observamos e adoramos as flores pois elas tem coragem de libertar sua essência mesmo sabendo que morrerá em seguida e nada mudará, mas mesmo assim fazer com que cada momento seja único, pois não é sempre a mesma flor, de fato é algo que falta em nós, humanos, creio que já é escasso em nós, essa força que eu já ouvi várias nomenclaturas para defini-lá, como vontade de potência, âmago, essencial, tesão de viver e até brio, porém nenhuma delas expressa o real sentimento que é, sentir e ter essa força, são apenas formas literárias para que poetas ou imbecis possam indica-lá, indicar o que eles tanto cobiçam e veneram, porém ao mesmo tempo viciam e envenenam-se. O que de fato é isso ? Uma força, uma vontade que estimula você viver para morrer, mas acima de tudo, morrer para renascer e viver, para que possa morrer, mas continuando sempre esse grande ciclo. Muitos filósofos, poetas, pensadores e até imbecis ordinários, porém únicos, tentaram definir o que é essa tal força, que tem como nome principal, vida, nunca conseguiram, muito complexa para eles, já eu creio que não, creio que a vida é muito obvia, óbvia a ponto de ter que fazer como esses filósofos e pensadores fizeram, complicar, tentar encher além do que é suportado, e é claro, sempre que tentamos colocar mais do que algo aguenta, alagamos e desabamos e isso causa desgraças e mudanças, por isso sempre sofreram com muitos problemas, tentaram ver mais do que é possível, e definir mais do que algo é, mas não os culpo, pois de fato sem isso a vida seria muito insensata e ao mesmo tempo sensata, triste, porém ao mesmo tempo feliz, seria confuso, mas seria sadia e equilibrada. Mas ainda não sabemos viver assim, somos meros humanos que sofremos dentro de nós mesmos, a maior luta encontra-se em si, como poderíamos aceitar isso ? Sofrermos além, também nos alagaríamos e iríamos desabar em nós, e assim nos consumirmos em nós, para nós, e por nós, pois somos prisioneiros de nós mesmos, logo, só temos em si e para si apenas a nós, morrer...
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Círculos sem fim.
SpiritualEste livro tem como intuito reunir ideais e tese filosóficas, antropológicas e físicas que passam pelo processo da epistemologia para gerar algo além, começa de Yeats até Ginsberg, Platão, Nietzsche e tudo isso em um cenário tão solitário e sombrio...