Capítulo 1

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"Pippa abre a porta." Ele ordena enquanto bate brutamente na porta.

“Não. Estás bêbado.” Eu respondi da mesma maneira agressiva que ele, de dentro do meu quarto.

“Por favor?”

Ouvi a voz dele suavizar então bufei e levantei-me para ir destrancar a porta. “Que queres Harry?” Os olhos dele estavam vermelhos da bebida.

“Quero-te a ti.” Ele pisca-me o olho e faz um sorriso perverso, aquele que infelizmente eu tanto adoro. “Deixa-me entrar.” Ele pediu, desta vez fazendo beicinho quando viu que a minha cara estava séria. Ele sabia que eu não gostava quando ele bebia.

“Não, vamos para o teu quarto.” Ainda bem que ele não protestou e concordou logo comigo, não ia conseguir arrastá-lo para o quarto caso ele adormecesse no meu. Ele precisa mesmo de descansar, tenho de o por na cama o mais rápido possível para depois voltar para a minha sem acordar ninguém.

Ele dá outro sorriso e eu revirei os olhos. Quando dei conta o Harry baixou-se um bocado, pôs um braço à volta das minhas pernas e tentou pegar em mim ao colo. “Harry! Nem penses!” Afastei-me logo dele não o deixando sequer levantar-me um centímetro do chão. “Ias-me deixar cair se eu te deixasse.” Disse-lhe enquanto o olhei nos olhos.

“Nunca faria isso Philippa.” Eu sei que ele estava a falar a sério, e que tinha força o suficiente para pegar em mim, aliás, não seria a primeira vez, mas aqueles olhos vermelhos à volta do lindo verde-esmeralda e aquele hálito a álcool fizeram-me ter dúvidas e recusar a oferta.

“Vá, vamos antes que eu desista de te levar para o quarto e te deixe a dormir aqui mesmo no corredor.” Falei com um sorriso, ele sabe que por muito que o odeie que não era capaz de lhe fazer isso. Pus o braço dele à volta dos meus ombros e lá o consegui puxar até ao fundo do corredor, onde ficava o seu quarto. Fiz o menor barulho possível para não acordar o meu pai nem a Anne.

O meu pai e a Anne estão juntos há mais de três anos e há cerca de dois atrás decidiram que era altura de morarem juntos. Fiquei feliz por ele finalmente ter arranjado alguém como ela porque ela é realmente muito simpática. O único problema aqui? A Anne é a mãe do Harry. E eu ficaria ainda mais feliz se eu não tivesse uma paixoneta maluca por ele. Pois… Tudo começou quando tínhamos apenas 15 anos. As nossas famílias conheceram-se nessa altura, há quatro anos, mas o Harry e eu andávamos juntos na mesma escola desde os meus 13. Não eramos exatamente os melhores amigos, nem ele era o meu ‘irmão mais velho’ e eu a ‘irmã mais nova’ dele, simplesmente falávamos de vez em quando.

Um dia, mais concretamente no dia do meu 15º aniversário, o meu pai atrasou-se para me ir buscar à escola, e o Harry reparou que eu estava sentada num banco sozinha e sem nada para fazer então sentou-se à minha beira. Tinham sido raras as ocasiões em que tivéramos uma conversa por isso não sabia bem como começar esta. Mas o mais surpreendente foi que até nos demos bem nesse dia, ele sabia que era o meu aniversário e tudo, ah e até me deu uma prenda, ou roubou-me uma prenda, como ele gosta de recordar. O Harry apanhou-me distraída e roubou-me um beijo, o meu primeiro beijo. Obviamente que não o ia conseguir ignorar depois do que ele me tinha feito, ele foi um querido comigo e fez-me companhia quando eu estava a precisar. Ver o seu sorriso com aquelas covinhas todos os dias, simplesmente fez com que me apaixonasse. E aparentemente quatro anos não foram o suficiente para que esses sentimentos evaporassem. Mas posso sempre culpar o facto de estarmos todos os dias juntos e de partilharmos a mesma casa. E outras coisas…

Quando o meu pai me contou sobre a Anne eu chorei por horas no meu quarto. Ele achou que era porque eu não o queria ver com mais ninguém para além da minha mãe mas a verdade era que eu a partir desse momento soube que ‘Harry e Philippa’ era algo que nunca iria acontecer. Ahh a minha mente era um bocado inocente quando eu tinha 15 anos. ‘Harry e Philippa’ chegou a acontecer, dois anos depois. Foi o Harry quem avançou primeiro, o que me surpreendeu, mas eu não o consegui recusar – até porque estava à espera daquilo desde aquele simples bate-chapas. Então correspondi o beijo e voltamos a repetir a experiência praticamente todos os dias a partir daí. Uma coisa levou à outra e acabei por perder a minha virgindade com ele. Acho que não pensei muito bem… Mas pelo menos foi algo bonito porque ele tratou-me muito bem, e não fugiu no dia seguinte nem fingiu que nada tivesse acontecido, pelo contrário, ele esteve sempre preocupado comigo e que eu é que fosse fugir dele. Que parvo, claro que eu não o ia fazer…

O que temos não é exatamente uma relação, apenas estamos juntos quando um ou o outro quer. Não é nada saudável para mim mas ao menos é alguma coisa… Eu devia mesmo esquece-lo. Tenho de escrever isto na minha lista de coisas a fazer para o novo ano.

Chegamos ao quarto e a primeira coisa que o Harry faz é atirar-se para a cama. “Deita-te ao meu lado,” ele pede com olhos de cachorro abandonado. Como posso eu recusar-lhe? Preciso de deixar de me mostrar tão fraca, preciso de arranjar um namorado. E não pode ser o Harry, a minha subconsciência adiciona. Yap, e não pode ser o Harry…

“Mas só até adormeceres…” Talvez fosse da bebida mas os seus olhos estavam mais brilhantes que o normal.

“Não quero dormir,” ele diz com aquele sorriso que lhe destaca as covinhas sempre presente.

Não consegui conter o meu riso. “Claro que não.” Ele ficou a olhar para mim como se não tivesse percebido o porquê da minha gargalhada. “Tira essa roupa que tresanda a fumo e veste esta camisola.” Atirei a camisola para a frente dele mas como ele reagiu muito lento esta acertou-lhe na cara e eu pude ouvi-lo a resmungar por entre as minhas pequenas risadas.

 “Sê simpática comigo, Pippa.”

“Eu sou sempre, Harry.” Dito isto fui ter com ele e ajudei-o a trocar de roupa, já sabia que ele não se ia desenrascar sozinho. Sempre que ele tentava pôr-me a mão eu batia-lhe e ele choramingava, foi engraçado de ver. “Vai dormir.” Mas porquê que não consigo ser séria e deixar de sorrir quando estou com o Harry? Ele assim nunca me leva a sério, nem eu me levo a sério, muito sinceramente.

“Ficas comigo?”

“Já te disse que ficava aqui até tu adormeceres.” É verdade, não ia a lado nenhum até ter a certeza que ele ia ficar bem sozinho. Ele sorriu e eu deitei-me ao lado dele e tapei-me com o édredon. Senti o braço dele a agarrar-me pela cintura e puxar-me para perto dele. “Harry…?”

“Sim,” a voz dele era mais calma e mais rouca, eu sabia que ele já estava pronto para dormir.

“Porque estiveste a beber esta noite?”

“Tivemos uma festa de bem-vindas ao novo puto, ele foi transferido para a nossa universidade.” Eu assenti. Não sabia que havia festas cada vez que um aluno fosse transferido? “Ah, e ele é o nosso vizinho da frente.”

“Quem é ele?”

“Zayn Malik.”

Stay away please... (parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora