Stay away please... (parada)

Capítulo 3

Cheguei ao quarto do Harry e ele já se encontrava com as calças vestidas e com a camisola na mão. Entrei e sentei-me na ponta da cama. Ele olhou para mim mas não disse nada e continuou a arranjar-se. As calças eram pretas e ficavam-lhe um bocado justas, mas só o faziam parecer mais hot. Vestiu uma camisola branca em forma de V que lhe evidenciava as várias tatuagens que ele tinha no peito, tronco e braços. Calçou as suas all-stars brancas e foi arranjar o cabelo. Não o penteou, apenas o puxou para trás.

“Acho que vou começar a pintar os olhos de preto e mudar o meu guarda-roupa todo para preto.” Falou com um sorriso de gozo, conseguia vê-lo através do espelho.

“Não digas isso nem a brincar. Mas não te ia ficar bem de qualquer das maneiras.”

“E porque dizes isso?” Perguntou, parecendo um bocado ofendido.

“Não sei. Não faz o teu estilo. És demasiado ‘bonzinho’ para andares assim, não sei,” e encolhi os ombros.

“Demasiado bonzinho?” Repetiu as minhas palavras. “Achas mesmo que eu sou assim?” Oh, pronto, já está a ficar irritado outra vez. Fogo, uma pessoa não pode dar a sua opinião que o menino fica logo todo chateado. Ele aproximou-se e sentou-se ao meu lado. Tirei os olhos do chão para focar na mão dele que estava em cima da minha coxa.

“Não, foi apenas uma maneira de falar,” disse na tentativa de não o enfurecer mais.

“Não sou nada bonzinho, já devias saber isso.” A mão dele que ainda estava livre voou até à minha cintura puxando-me contra o seu peito definido. “Não achas que tenho razão?” Limitei-me a concordar com a cabeça, não conseguia concentrar-me de todo com aqueles lindos olhos verdes presos no meu olhar. Muito lentamente os seus olhos começaram a fechar e foi aí que eu percebi que ele se estava a inclinar para me beijar.

Não, não, não. Isto não pode acontecer. Não me podes beijar. Eu quero esquecer-te, não derreter-me mais um bocado nos teus braços. Isto está errado. Para por favor, que eu não acho que seja capaz…

Os seus lábios só roçaram nos meus porque consegui arranjar forças para virar a cabeça a tempo, não faço ideia de onde elas vieram, nem sabia que as tinha. “Harry,” falei, a minha voz a falhar um pouco. “Não penses que isto é assim. Que me podes beijar quando te apetece, ou que podes fazer o que quiseres comigo. Chega. Eu não sou nenhum boneco Harry.” Ele levantou as sobrancelhas, confusão e descontentamento presentes na sua expressão. “Tens mesmo de mudar o teu feitio,” e com isto levantei-me.

“Que eu saiba o meu feitio é uma das coisas que sempre te atraiu em mim.” Respondeu com um sorriso vitorioso no rosto, provavelmente satisfeito pela sua resposta.

Virei-me uma última vez para ele, já me encontrava em frente à porta do quarto. “Era. As opiniões mudam.” Deixei assim as palavras no ar e fui para a cozinha aquecer o meu almoço. Uma coisa boa - embora por vezes má - que tiro sempre que tenho este tipo de discussões com o Harry é que acabo sempre com vontade de comer qualquer coisa. Não sei se é bem fome, mas quando estou irritada com ele preciso comer algo para me acalmar. Então fui aquecer o meu almoço. Felizmente o Harry não se lembrou de vir a correr atrás de mim. 

Reclamei de ele se irritar com facilidade, mas eu também sou um bocadinho assim, quando se trata de rapazes. Mas eu não tenho culpa que eles me deixem irritada. Só fazem porcaria e depois esperam que tudo corra bem para os seus lados. Mas eu não sou otária. Já o fui infelizmente, mas aprendi com os erros e não os vou repetir. Pelo menos isso era o que eu dizia a mim mesma enquanto via a minha situação com o Harry a ganhar cada vez mais parecenças comparada com a história com o meu ex-namorado, o Peter. Quero essa história bem enterrada num buraco mesmo fundo, não posso voltar a revive-la, não posso. Não sei o que acontecia à minha cabeça se aquilo voltasse a acontecer. Até hoje só uma pessoa, tirando eu e o Peter, sabe da história e essa pessoa é o Harry. Mas não acho que ele se deve lembrar visto o que me tem feito…