D

16.2K 1K 644
                                    


Aqueles Olhos


Eu cheguei ao bar antes da hora. Não aguentei de ansiedade e precisava comer alguma coisa. Pedi um petisco e comi enquanto falava com o pessoal da rádio. Eles estavam em uma festinha promovida por um cliente. Eu deveria estar lá também, mas não perderia aquela oportunidade por nada. Além do mais, eu ainda teria que trabalhar depois de tomar aquele drink com a Carina.

Os guris mandaram vídeo do Alcides dançando Ragatanga, do Rouge. Bah! Muito engraçado. Enquanto eles se divertiam, eu me controlava para não roer as unhas de ansiedade. Meu coração batia acelerado.

Já tinha visto a Carina em uma rede social, mas não era a mesma coisa de ver pessoalmente. Eu fiquei embasbacada quando vi a foto de perfil dela. Era chique, sofisticada e linda demais. Mas só tinha essa foto lá. Não entendi por que não tinha mais, mas cada um sabia de sua vida.

Eu levantei a cabeça e a vi ali, na minha frente. Estava sentada no bar, tomando um drink. Minha ansiedade aumentou e bateu uma insegurança.

Por que ela não veio até mim?

Fiquei achando que ela me viu e pensou em ir embora antes que eu a visse. Mas depois relaxei, afinal ela poderia ter ido, não é? Ficou ali me observando, me analisando enquanto eu estava distraída.

Após as apresentações oficiais, fomos para a mesa. Ela era ainda mais bonita pessoalmente. Sem contar que parecia bem mais sofisticada também. Tinha um olhar marcante e um sorriso tímido que me encantaram. Os dentes eram perfeitos e brancos, a pele muito bem-cuidada, cabelos lisos, castanho-claros. Estava usando um salto alto humilhantemente caro; eu sei, pois conheço marcas.

Levantei para cumprimentá-la e notei sua cara de surpresa. Eu esperava por aquilo, só não esperava que ela fosse tão calada. Escrevia mensagens lindas, era aberta ao telefone e ali estava toda tímida. Pelo que havia me dito, era empresária, e foi nessa informação que me agarrei para poder puxar assunto e iniciar a nossa amizade.

— Mas, e aí, Carina, tu é empresária, né? — De repente pareceu que o assunto havia acabado, e até eu fiquei meio sem jeito.

— Sim — respondeu, tímida.

Eu sei que um primeiro encontro assim, independente do tipo, sempre nos deixa um pouco tímidas mesmo. Mas naquele momento eu não conseguia, nem de longe, enxergar a pessoa que ela descrevera ser ao telefone. Mesmo assim, eu acreditava nela, pois aquela presença imponente e postura altiva não era algo que se conseguia encenar tão fácil. Era bem natural dela.

— Eu não sou de rodeios — eu disse, tentando destravá-la. — Eu sei que tu ficou um tanto surpresa ao me ver, mas queria tanto te conhecer que acabei forçando uma barra.

— Não, desculpa! Eu fiquei surpresa, sim, mas não é isso. A verdade é que, acredite ou não, sou extremamente tímida num primeiro contato assim — falou com um ar de riso e tomou um gole do martini que havia pedido.

Fez uma careta de repulsa, e eu não pude deixar de sorrir.

— Tu odeia isso, né?

— Odeio, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando o barman me perguntou o que eu iria querer — admitiu sem graça.

— Prova isso aqui.

Ofereci o que eu tomava. Ela se debruçou sobre a mesa e pôs a boca no canudo da minha taça. Sugou o líquido e quando sentiu o sabor, fez uma carinha linda de satisfação. Vi seu rosto se iluminar e sorri.

Grande Amor - Completa na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora