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Cinema



Desembarquei em Frankfurt quase meio dia. Dormi boa parte da viagem.

Senti falta da Helô. Esperei chegar ao hotel e liguei para ela. Deduzi que estivesse dormindo, porque não atendeu e nem respondeu às mensagens que enviei logo que cheguei.

Pedi almoço. Não havia comido nada. Eu estava me preparando para tomar banho quando ela ligou. Coloquei um robe e atendi.

Amei ver aquele rostinho amassado. Naquele momento, senti uma vontade imensa de abraçá-la, não entendia o motivo daquela necessidade, pois não havia sentido nada do tipo antes, nem mesmo com a Paola.

Eu teria reunião às 15h, mas, por mim, passaria o dia inteiro conversando com Helô. Eu amava sua voz e agora amava sua companhia, mesmo assim, de longe.

Meu almoço chegou e fui atender à porta. Agradeci ao entregador, dei uma boa gratificação e voltei a falar com ela.

— E a festa? Como foi? — perguntei em tom de descontração.

Foi ótimo. Ferdinando me apoiou muito no meu início na rádio. Vou sentir falta dele. Mas comi muito, e quando cheguei em casa, desmaiei — disse e riu. — Amei as rosas. Tu é muito linda, sabia? — completou ao cheirar uma rosa do buquê que enviei. Fiquei feliz com aquilo e sabia que aquele "linda" ia além da aparência.

— Eu queria te dar um presente e não consegui pensar em nada, afinal de contas, nós nos conhecemos pouco, sempre falamos de outras coisas. Nunca perguntei o que tu gosta de comer, o que gosta de ouvir...

— Tu quer saber qual é o meu prato predileto. É isso? Vai cozinhar pra mim?

— Vou — respondi em tom de desafio, rindo.

Eu gosto de carne. Comida em geral, só não suporto jiló. Minha mãe sempre pergunta pra onde vai o que eu como e diz que não engordo de ruim — falou de modo engraçado e eu ri novamente. Incrível, mas com ela, eu tinha um riso frouxo.

— Ok, me diz o que tu não gosta de comer que, quando eu for cozinhar pra ti, nem levo para a cozinha.

Não acredito nisso! Essa eu quero ver. Tu não tem cara de quem cozinha. Tu tem cara de quem liga e pede comida.

— Confesso que, morando sozinha, faço muito isso, mas quando recebo alguém, eu gosto de cozinhar. Uma vez um amigo meu me desafiou a fazer arroz carreteiro. Eu fiz o melhor que ele comeu na vida — respondi, orgulhosa, e ela ficou séria por um momento. Não entendi, mas continuei contando. — Então eu vou cozinhar pra ti. Vamos marcar um dia.

— Vamos, sim. Tu recebe muitos amigos em casa?

— Raramente. Sou bem antissocial. A gente estava se conhecendo, mas acabou não dando certo. Nos tornamos amigos. Eu não consigo dividir pessoas, e ele era mulherengo demais — admiti e temi que aquilo pudesse assustá-la, mas eu não era mulher de esconder nada quando estava interessada, e eu estava muito interessada nela. Podia estar alucinando, mas não era de me enganar. — Eu tenho ciúme até de ti — confessei, sorrindo.

— Até de mim? Mas somos amigas.

— Tenho ciúme de amigas. Amigas iguais a ti, então...

Olhei para a hora; eu me atrasaria se continuasse ali, conversando. Por mais que eu quisesse, desejasse aquilo, não podia chegar atrasada à reunião com os alemães.

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