21st Century Girls - myg (Concluída)

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Ela se apoia na minha mão para levantar.

Começa a chover fraco.

- Tem certeza que não se importa que eu fique aí?

- Amanhã você provavelmente vai se resolver com seu irmão.

- Não vou. E eu não quero te dar trabalho - ela vira para ir embora mas toco em seu ombro.

- Para de drama. Olha, deixo você ficar aqui o tempo que quiser, é só respeitar o meu espaço. A casa é grande e da pra nós dois, e se quiser voltar para casa está bem próximo.

- Não vai contar para meu irmão, certo?

- Certo. Agora vamos que a chuva está ficando forte e eu já estou todo molhado.

Entramos e vejo ela examinar cuidadosamente a casa.

- Você toca? - Ela pergunta se referindo ao piano de cauda.

- Toco - digo.

- Toca Tchaikovsky? - ela pergunta.

- Não.

Ela não parece decepcionada.

- Já leu todos os livros? - ela aponta para a estante.

- Não.

- Você não tem cara de leitor, mas aposto que ouve música pra dormir.

- Sim - digo meio sem graça.

- Não sei como consegue, eu só tenho músicas tristes ou muito agitadas.

- Ouve as tristes mesmo.

- Mas eu me sinto mal.

A conversa morre de novo. É incrível nossa incapacidade de manter uma conversa.

- Vou te mostrar onde fica o quarto e o banheiro.

Depois de mostrar a casa para, ela vou tomar banho.

Não acredito que coloquei uma garota dentro de casa, meus pais ficariam furiosos. Eu lembro quando me mudei para cá, ela me enchia de perguntas sobre o porquê de eu querer morar sozinho. Ela ainda era nova para compreender pelo que eu estava passando.

Depois de me vestir volto para sala e ela está com a toalha enrolada na cabeça. Rio discretamente.

- Não ria - ela fica vermelha. - o cabelo precisa secar.

Rio mais alto e pergunto:

- Está com fome?

- Sempre.

- Então prepara alguma coisa pra comer e aproveita e faz pra mim.

- Incrível - ela me olha incrédula. - Você não mudou nada.

- Você herdou meu sarcasmo - falo.

- Não foi de você.

- E de quem foi.

- Da Internet. Claro. - diz cheia de si e reviro os olhos.

Ela vai até a geladeira pegar coisas para fazer um sanduíche. Vou até o seu lado e comparo nossas alturas.

- O que está fazendo? - ela pergunta.

- Me certificando de que você ainda é baixinha.

- Idiota - ela joga um presunto em mim.

- Ei! - Como o presunto e sento na frente do laptop para começar a fazer meu trabalho.

- Aqui está - ela me trás o sanduíche e senta no sofá.

Quando acaba de comer ela deita no sofá e fica me encarando, não vou conseguir escrever nada desse jeito.

- Pode parar de me encarar, por favor?

- Você já tá na faculdade, né? - pergunta ignorando meu pedido.

- Sim.

- E faz o qu?

- Letras.

- Nossa.

- Pois é.

- Finalmente vai virar compositor? - pergunta me surpreendendo por lembrar disso.

- Claro que não, era... só besteira.

Na verdade meus pais pagam a faculdade. Faria algo mais relacionado a arte, mas eles não pagariam por isso.

- Você era muito bom. Ainda deve ser - dá de ombros.

- Vai dormir, garota - falo ainda tentando me concentrar no que estou fazendo.

- Tá, tá - ela se ajeita e fecha os olhos, fica alguns minutos parada.

Depois de uns vinte minutos, acredito que ela está dormindo. Levo ela para o quarto, tiro a toalha de seus cabelos e a cubro, depois volto para terminar o trabalho.