O diagnóstico chegou em abril, um abril chuvoso – dia atípico – As coisas estavam bem, seguindo seu rumo como devem ser: trabalho, academia, depois teatro e encontrar Laís. Porém, a dor havia mudado tudo. Ela chegara inesperadamente. Na parte da tarde pra ser mais exato, e não era o tipo de dor como antigamente. Era o tipo de dor que diz " eu te avisei, porque raios você não me escutou quando teve a chance?"
Foi logo após a academia. Não consegui concluir meu treino, pois suava muito e me sentia exausto mesmo quando eu não havia feito esforço o bastante. Subi as escadas – com esforço – e segui até o vestiário masculino. Me olhei no espelho. Um reflexo maltrapilho de mim mesmo – aquele não era eu. Meu rosto estava pálido, meus olhos que um dia foram verdes, estavam com uma aparência amarelada. Eu definitivamente estava ficando doente.
Rapidamente, minha mente trabalhou em busca de algum indicio de algo que eu devia ter comido que me causara aquele mal estar, porém nada. Joguei água em meu rosto, tentando melhorar aquela sensação. Eu não me dava bem com mal estar, na verdade, não me dava bem ao ficar doente. A água de nada adiantou, pelo contrário, me senti mais fraco e tive que apoiar as mãos sob a pia.
Uma vertigem estava a caminho. E, ao tentar olhar para o espelho – para o meu reflexo, só consegui observar um borrão de mim mesmo que aos poucos ia se perdendo para uma escuridão. Uma escuridão fria e solitária onde não havia qualquer indício de luz e então, acho que desmaiei.
É, eu desmaiei.
Chovia aquele dia. Muito. E justamente naquele dia, eu havia esquecido de levar o guarda-chuva como alertara minha avó. Havia acordado tarde e estava atrasada para encontrar as crianças que esperavam por mim. Elas sempre viriam em primeiro lugar, antes de mim.
Agora que voltava pra casa, com meu casaco todo ensopado, eu prguejava a mim mesma por não ter ouvido vovó. De que adiantaria se eu pegasse um resfriado ou uma pneumonia? Porém, não foi isso que me deixou preocupada. A chuva era tão forte que me impedia de olhar o que estava bem na minha frente. Mas aquelas luzes. As luzes sempre seriam um sinal de um presságio ruim. Ao erguer a cabeça e perceber que as luzes vinham da entrada da minha casa, notei que algo estava errado. Alguma coisa muito, muito errada.
Corri.
Não parei até estar na sala e perceber a cena que se passava na minha frente. Uma mão tentou tocar meu ombro, mas me esquivei daquele toque. Só tinha olhos para a cena diante de mim.
– Pobre Kate. – Ouvi alguém próximo sussurrar.
– O que está...? – Não conseguia verbalizar as palavras.
As lágrimas se misturavam com a chuva que ainda estava impregnada em meu rosto. Cai de joelhos no chão, próximo ao sofá e peguei em sua mão. A mão que um dia fora quente e amorosa, estava fria. E conclui: Alguma coisa estava muito, muito errada.
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Escreva Sobre Mim
Любовные романыA vida é passageira. No instante em que você está aqui, você vive, você sonha e você ama. Aos 32 anos, Cris não têm muito tempo de vida. Acometido por uma doença rara, decide escrever sobre sua vida e suas esperanças, para que estas permaneçam vi...