• JKiller- One Dark Night • - Hiatus

하나

   20 de julho de 2015

   Era noite. Mais precisamente dez horas. O céu sobre Seoul carregava consigo enormes nuvens, impossibilitando que a luz do luar chegasse aos olhos de quem por ali passasse.

   Talvez esse fora o pior detalhe daquela noite.

   Era visto uma silhueta feminina a andar entre os enormes prédios da cidade. Segurava perto de seu peito sua bolsa de cor vermelha com alguns pingentes pendendo da mesma. Estava assustada. Ou pelo menos aparentava estar.

   Afastava de seu rosto qualquer fio de cabelo que atrapalhasse sua visão. Mantinha-se focada em qualquer movimento que encontrasse em seu caminho.

   Só mais algumas quadras, não estava longe de seu destino.

   Olhou para cima, fitando os enormes postes que piscavam ameaçando apagar a qualquer momento. "Aguentem, fiquem ligados" repetia para si mesma.

   O barulho de seu salto ao entrar em contato com chão era escutado por toda a extensão da rua. A bela moça de cabelos loiros segurava em mãos seu aparelho celular, apertando o telemóvel com força contra suas pernas.

   Mais atrás de si a figura sob o capuz preto seguia em sua direção. Nem calmo e nem apressado, apenas observava seus passos e os seguia. Sua máscara, cobrindo metade de seu rosto, deixava à mostra apenas sua boca que continha um sorriso ladino e irônico para a moça à sua frente.

   Aos poucos fora ficando mais próximo da que andava frente a si. Aos poucos podia sentir sua respiração sobre seus cabelos longos de cor clara.

   Um grito alto e agudo fora ecoado dentre os dois prédios azuis. As luzes dos mesmos se encontravam totalmente apagadas, assim como a rua totalmente vazia. Ninguém para ouvir. Ninguém para ver.

   As pequenas gotículas de orvalho se aglomeravam sobre a fina grama que envolvia as calçadas e eram espalhadas ao se chocarem com a sola do tênis do encapuzado.

   Segurando em sua boca, Bunny lutava contra os finos braços da moça. Tentava acertar o maior com sua bolsa, mas sem sucesso, sendo arrastada a força para trás de um muro qualquer.

   "O que quer comigo?" Ela repetia sem receber resposta alguma por parte do de máscara.

   Seus pés se enroscavam um ao outro, dificultando sua locomoção, enquanto o mais alto de maneira rude a puxava para cada vez mais longe.

   Seus ouvidos tampados pelo desespero. Sua visão turva e boca seca. Repetia. "O que quer comigo?" Mas nunca era respondida. Talvez nunca receberia alguma resposta.

   Fora levada para um local não muito distante de onde estavam. Um beco qualquer, sem nenhuma visão de quem passasse por perto. O homem segurava em seu braço deixando marcas vermelhas por toda a extensão de seu pulso.

   Sem iluminação. Sem moradia por perto. Se via perdida por completo. Literalmente sem saída.

   -O que vai fazer comigo? -O líquido preto de sua maquiagem descia pelo seu rosto, marcando o mesmo pela cor escura. Seus dentes chocavam-se de acordo com a intensidade de seu choro. -Por que está rindo?

   O mais alto olhava para a moça encurralada contra a parede não rebocada. Ele mantinha sempre o mesmo sorriso em seu rosto.

   Levantou sua mão destra e com a esquerda segurava os pulsos da mais baixa contra a parede, impossibilitando sua fuga. Era um gato assustado diante de um grupo de cachorros. Era um pássaro a ser preso em uma gaiola qualquer.

   Passou seus dedos em sua bochecha, contornando seus lábios em seguida. Ela apertava seus olhos com força, evitando a todo custo olhar para a figura mascarada à sua frente.

   Voltou suas mãos para dentro de seu bolso de seu moletom. Ele apenas olhava para ela. O ódio percorria em suas veias e aos poucos sua pupila fora dilatando, por mais que a menor não pudesse vê-las, podia sentir o pavor preencher o lugar cada vez mais.

   E em três golpes o sorriso ladino de Bunny fora sendo colorido pelo líquido vermelho que espirrava contra si. Ele sorria agora abertamente, colocando mais e mais força em suas mãos. Sua faca de cozinha fazia o mesmo estrago que qualquer outra faca de maior porte faria.

   Os olhos da menor se arregalaram frente à ele. O esverdeado fora dando lugar à um profundo negro, que logo em seguida se tampou detrás de suas pálpebras.

   Caia sobre o chão de cimento, e era acompanhada pelo olhar do maior. Assistia os últimos momentos de vida da bela moça.

   Sua bolsa jogada junto à seu corpo camuflava em si o sangue que fora derramado nos últimos segundos, contrastando juntamente à cor do acessório.

   Abaixou ao lado do corpo agora inanimado, observando o que acabara de fazer. Pegou-a pelos braços, arrastando a loira para que se encostasse na parede cinza manchada pelos tons de vermelho em todo seu comprimento.

   Tirou de seu bolso uma fina agulha. Olhou para baixo fitando os olhos fechados da mais baixa.

   Afastou seus cabelos deixando a mostra sua nuca. Sentou-se ao seu lado, passando seus dedos pela pele da mulher.

   Sorria para si mesmo, satisfeito pelo seu trabalho desta noite. Espetou a pele pálida, desenhando em sua nuca.

   Largou o objeto perfurante ao seu lado, retirando em seguida suas luvas. Não arriscaria trabalhar sem elas.

   O cenário repleto por sangue deixava Bunny cada vez mais satisfeito. Olhava para a mulher caída ao lado das paredes e o muro sujo de vermelho.

   Deixou o local normalmente, retirando de seu rosto alguns metros a diante a máscara cuja escondia sua identidade. Guardou-a dentro de seu bolso, passando suas mãos ágeis em seus cabelos negros, ajeitando devidamente.

   Eram cerca de dez e meia. Bunny agora andava de forma plena para logo voltar ao seu local de moradia.

   A noite passara com rapidez. Logo haviam encontrado a pobre moça jogada sem vida naquele velho e sujo beco com latas e garrafas de bebidas jogadas por todo seu comprimento.

   Mais uma vítima registrada no último mês. A vítima de número quatro entre o mês de junho e julho.

   A vítima de número quatro marcada em sua nuca.

   "Bunny".