A granada fica adormecida durante várias semanas.
Ela se revira em minha mente; o pino de segurança está preso no lugar. Tão silenciosamente
discreta que consigo esquecer que está lá. Mantenho a rotina de sempre: vou trabalhar, escrevo
roteiros, trabalho em episódios de TV, volto para casa, abraço meus bebês, leio histórias para
dormir.
A vida segue normal.
Um único evento incomum acontece: pego um voo para Washington como nova
conselheira do Kennedy Center. Participo das comemorações, fazendo minha primeira viagem à
Casa Branca. E, por razões mágicas que até hoje ainda não entendo, sou informada de que me
sentarei com o presidente e com a primeira-dama no camarote deles, no Prêmio Kennedy.
Não me perguntam. Avisam. Não tenho a chance de recusar. Principalmente porque tenho
certeza de que não ocorre a ninguém que eu poderia recusar tal honra. Quem recusaria?
Uso um vestido de festa muito lindo, preto com pedrarias. Meu companheiro usa um
smoking novo. Sentamos logo atrás do presidente e da Sra. Obama durante toda a cerimônia.
Sou tímida e estou nervosa demais para balbuciar mais do que algumas palavras quando tenho a
chance de falar de fato com o presidente e a primeira-dama. Eu certamente não componho
frases. Mas aproveito. Eu me divirto.
Tomamos coquetéis no mesmo salão em que estão Carlos Santana e Shirley MacLaine.
Conquistamos o respeito de poder dizer que estávamos lá quando Snoop Dogg agradeceu a
Herbie Hancock por ter criado o hip-hop. Assistimos a Garth Brooks cantar “Goodnight
Saigon”, de Billy Joel, com um coral composto por veteranos de guerra. Incrível. A noite toda
parece um pouco encantada. Não importa o quanto a alta cúpula acredite ser cínico ou o quanto os políticos possam parecer desinteressados, D.C. é uma cidade que não tem o real cinismo de
Hollywood. As pessoas se animam mesmo com as coisas por lá, e o entusiasmo é contagioso.
Pego o voo de volta para Los Angeles com uma alegre sensação de otimismo.
A granada explode sem aviso.
Acontece às 4 horas da manhã, alguns dias antes do Natal. Estou deitada de costas no meio da
minha cama king size. Meus olhos se abrem contra minha vontade. Algo me fez acordar
sobressaltada, me arrancou do sono.
Ser acordada abruptamente não é novidade.
Como qualquer mãe no planeta, assim que meu primeiro bebê chegou em casa, parei de
dormir de verdade. A maternidade significa estar sempre um pouco acordada, sempre um pouco
alerta. Um olho aberto. Então, ser acordada por algo no meio da noite não é surpreendente.
Surpreendente é esse algo não ter nada a ver com uma criança furiosa de pé em um berço,
gritando a plenos pulmões. A casa está silenciosa. Minhas meninas estão em sono profundo.
Então por que estou acordada?
Se tivessem me perguntado, eu teria dito “não”.
Esse pensamento me faz sentar na cama.
O quê?
Se tivessem me perguntado, eu teria dito “não”.
Meu rosto fica vermelho. Estou envergonhada, como se houvesse outra pessoa no quarto
ouvindo as palavras em minha mente.
Se tivessem perguntado se eu queria me sentar no camarote presidencial durante o Prêmio
Kennedy, eu teria dito “não”.
É ridículo.
Mas é verdade. É claramente verdade.
Tenho tanta certeza disso quanto da necessidade de respirar. Eu teria dito “não”,
cautelosamente. Respeitosamente. Graciosamente. Teria inventado uma desculpa criativa,
expressado tanto honra quanto arrependimento profundos. A desculpa teria sido boa, a desculpa
teria sido brilhante.
Quer dizer, por favor.
Sou escritora. Eu teria sido eloquente e encantadora — ninguém consegue recusar um
convite de forma tão bonita quanto eu. Vocês são todos amadores em se esquivar de algo; eu me
esquivo tão bem de eventos que poderia fazer isso como profissão.
Assinto para mim mesma. Certamente. Não importa a maneira como eu teria lidado com
isso, definitivamente eu teria dito “não”. Esse é um fato inquestionável.
Se tivessem perguntado, eu teria dito “não”.
Sério?
Levanto e saio da cama. O sono não tem chance agora. Isso requer pensamento. Requer
vinho. No andar de baixo, me jogo no sofá e encaro as luzes da árvore de Natal. Taça de vinho na mão, bebo ao considerar a pergunta.
Por que eu teria dito “não”?
Mas sei a resposta. Eu sabia a resposta antes de sair da cama. Só queria o vinho.
Porque é assustador.
Eu teria recusado me sentar no camarote presidencial no Kennedy Center com o presidente e
a primeira-dama, porque a ideia de dizer “sim” era assustadora para mim.
Eu teria recusado, porque, se dissesse “sim”, teria de fazer mesmo. Teria de ir me sentar no
camarote e ficar lá para conhecer o presidente e a primeira-dama. Precisaria jogar conversa fora e
dizer coisas. Precisaria tomar drinques perto de Carlos Santana.
Precisaria fazer todas as coisas que eu, na verdade, fiz naquela noite.
E me diverti muito. No fim das contas, foi uma das noites mais memoráveis da minha vida.
Veja bem, sou conhecida por contar uma boa história.
O tipo de boa história contada no jantar que faz meus amigos rirem, que faz meu convidado
acidentalmente cuspir o coquetel dele sobre a mesa. O tipo de boa história que faz com que
todos me peçam para “contar aquela de novo”. É meu superpoder: contar boas histórias.
Histórias leves. Histórias engraçadas. Histórias épicas.
Posso tornar qualquer história boa. Posso pegar o pior dos contos e torná-lo emocionante. A
questão é que contar uma boa história não significa mentir propositalmente. As melhores
histórias são verdadeiras. Criar uma boa história apenas requer que eu... deixe as partes
complicadas de fora.
As partes complicadas são aquelas em que eu, antes de sair para a Casa Branca, passo dez
minutos me convencendo de que não tenho uma infecção estomacal, de que estou bem. São
aquelas em que eu considero lamber o pozinho no fundo do frasco de Xanax porque, ah é, não
tomo mais Xanax, faz 12 anos desde que o Xanax foi meu amigo. Eca, esse pozinho de Xanax tem 12
anos?
São aquelas em que eu durmo por 14 horas seguidas porque estou tão entorpecida pelo
estresse que é dormir ou correr. E não estou falando de correr em uma esteira. Estou falando de
fugir, de entrar em um carro, ir para o aeroporto, entrar em um avião e fugir.
Correr.
Esse parece um plano muito melhor do que sair em público com cada terminação nervosa de
meu corpo gritando.
Essa sou eu.
Silêncio.
Quietude.
Interiorização.
Mais à vontade com livros do que com novas situações.
Feliz por morar dentro de minha imaginação. Eu moro em minha mente desde criança. Minhas primeiras memórias são de me sentar no
chão da despensa da cozinha. Ficava lá por horas na escuridão e no calor, brincando com um
reino que eu havia criado com enlatados.
Eu não era uma criança infeliz. Porque eu era o bebê de uma família de oito. A qualquer
momento havia alguém disponível para ler para mim, aplaudir qualquer que fosse a história que
eu tivesse inventado ou me deixar ouvir os segredos adolescentes deles. O fim de todas as
discussões de irmãos sobre o biscoito a mais ou o último pedaço de bolo era sempre um suspiro
igualitário: “Dê para o bebê.”
Eu era amada, era uma estrela, era a Blue Ivy do meu mundo. Não era uma criança infeliz.
Era apenas uma criança incomum.
Para minha sorte, meus pais levavam o incomum muito em consideração. Por isso, quando
alguém queria brincar com as latas da despensa durante horas a fio, minha mãe não me dizia para
parar de bagunçar a comida e ir brincar em outro lugar. Pelo contrário: ela declarava que era um
sinal de criatividade, fechava a porta da despensa e me deixava em paz.
Você pode agradecer à minha mãe por meu amor pelo drama longo e seriado.
O mundo que criei dentro da despensa cheia de enlatados e de cereais era sério; atualmente,
eu descreveria como um tipo de brincadeira solitária no estilo “o inverno se aproxima, onde
estão os meus dragões?”, mas não era HBO. Eram os subúrbios na década de 1970. Não
precisávamos de reality, porque a TV era real. Nixon estava caindo. Conforme o escândalo de
Watergate passava no minúsculo aparelho preto e branco que minha mãe arrastara para a cozinha
e apoiara em uma cadeira perto das portas da despensa, minha imaginação de uma criança de 3
anos criava um mundo próprio. As grandes latas de inhame governavam as ervilhas e as vagens,
enquanto os pequenos cidadãos da Terra do Molho de Tomate planejavam uma revolução
destinada a derrubar o governo. Havia audiências, tentativas falhas de assassinato e renúncias. De
vez em quando, minha mãe abria a porta da despensa, inundando meu mundo de luz. Ela
educadamente me dizia que precisava de vegetais para o jantar. O judiciário enlatado sentenciava
uma lata de milho à morte por traição, e eu entregava o culpado às mãos do carrasco.
Nossa, aquela despensa era divertida.
Está vendo o problema? Você leu o problema?
Nossa, aquela despensa era divertida.
Isso simplesmente saiu de minha boca. Eu realmente falei em voz alta ENQUANTO
digitava. E falei sem qualquer ironia. Falei com um sorriso saudoso grande e boboca no rosto.
Tive uma infância incrível, mas vivia tão profundamente em minha imaginação que estava
mais feliz e mais à vontade naquela despensa com os enlatados do que jamais estive com pessoas.
Eu me sentia mais segura na despensa. Mais livre naquela despensa. Era verdadeiro quando eu
tinha 3 anos.
E de alguma forma ainda mais verdadeiro aos 43. Enquanto me sento no sofá e encaro os pisca-piscas de Natal, percebo que ainda estaria me
divertindo na despensa se achasse que seria possível sair impune disso. Se eu não tivesse filhos que
precisassem de mim para estar no mundo. Luto contra esse instinto todos os dias. Por isso, agora
tenho um jardim para vegetais.
Se tivessem perguntado, eu teria dito “não”.
Eu teria dito “não”.
Porque sempre digo “não”.
E é aí que a granada explode.
De repente, é Ação de Graças e estou de volta naquela cozinha, coberta de golfadas,
observando minha irmã cortar aquelas cebolas. E eu a compreendo agora.
Você nunca diz “sim” para nada.
Não apenas a entendo — acredito nela. Ouço minha irmã. E sei. Ela está certa.
BUM.
Granada.
Quando a poeira baixa e tudo está claro, me resta um pensamento chacoalhando na cabeça.
Sou infeliz.
Isso me faz repousar a taça de vinho na mesa. Estou bêbada? Estou me enganando? Acabei de
pensar isso?
Sinceramente, estou um pouco indignada comigo mesma. Estou envergonhada por sequer
ter pensado isso. Estou envergonhada, se você quer saber. Estou banhada em vergonha.
Sou infeliz?
Ainda estou um pouco envergonhada por dizer isso a você agora.
Sou infeliz.
Quem diabos acho que sou?
Uma reclamona. É isso. Uma grande e velha reclamona.
Sabe quem poderia ser infeliz? Malala. Porque alguém atirou no rosto dela. Sabe quem mais? As
alunas de Chibok. Porque o grupo terrorista Boko Haram as sequestrou de uma escola, levando
as meninas para casamentos forçados (o que é como um casamento normal, exceto por ser
exatamente o contrário e cheio de estupro) e ninguém mais se importa. Sabe quem mais? Anne
Frank. Porque ela e cerca de outros seis milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas. E...
Madre Teresa. Porque todo mundo foi preguiçoso demais para tratar os leprosos, então ela
precisou fazê-lo.
É bem vergonhoso que eu me sente aqui dizendo que sou infeliz quando não há uma bala
em meu rosto, quando ninguém me sequestrou ou me matou ou me deixou sozinha para tratar
de todos os leprosos.
Cresci em uma família na qual o trabalho árduo não era opcional. Meus pais trabalharam
muito para criar e educar seis — eram seis — crianças. E, em algum momento, percebi que o
motivo pelo qual tive uma infância tão boa e jamais me faltou alguma coisa foi meus pais
trabalharem muito para que pudéssemos ter coisas impensáveis como comida, gasolina, roupas e
contas quitadas. No ensino médio, consegui um emprego de garçonete na sorveteria Baskin-
Robbins e desde então sempre trabalhei. Tenho consciência de que atualmente vivo uma
realidade muito tranquila. Sei que sou extremamente sortuda. Sei que tenho filhas incríveis, uma
família fantástica, amigos ótimos, um emprego espetacular, um lindo lar e todos os meus braços,
minhas pernas, os dedos das mãos e dos pés e os órgãos intactos. Sei que não tenho o direito de
reclamar. Não sobre minha vida em comparação à vida de qualquer outro. A não ser que esse
qualquer outro seja a Beyoncé.
Droga, minha vida é tão ruim em comparação com a da Beyoncé. E a sua também. A vida
de todos nós é muito ruim em comparação com a dela. Se você não concorda, se acha que a vida
da Beyoncé é horrível por algum motivo, por favor, não venha até mim na rua para me corrigir.
Preciso acreditar que a vida da Beyoncé é perfeita. Isso me faz seguir em frente.
Mas, à exceção da Beyoncé, sei o quanto sou sortuda. Não tenho ilusões de que estou
sofrendo de maneira real, verdadeira. Então realmente me sinto envergonhada ao afirmar isso.
Quer dizer, você não ouve a Malala reclamar.
Mas sabe por que você não ouve a Malala reclamar?
Porque a Malala e as colegas espirituais dela, Madre Teresa e Anne Frank, são pessoas
MUITO melhores do que eu. Obviamente. Porque sou claramente um grande bebê chorão e
sou uma idiota. Porque naquele pré-alvorecer, encarando os pisca-piscas de Natal, embora eu
sinta vergonha, não consigo evitar. A percepção é como mergulhar em um lago congelado:
Sou infeliz.
Admitir isso me deixa sem fôlego. Sinto como se estivesse revelando uma nova informação
para mim mesma. Descobrindo um segredo que venho escondendo de mim mesma.
Sou infeliz.
Verdadeira e profundamente infeliz.
Em dezembro de 2013, eu era incrivelmente bem-sucedida. Tinha dois programas de
televisão de imensa popularidade no ar — Grey’s Anatomy e Scandal — e acabara de encerrar um
terceiro, Private Practice. Minha empresa, Shondaland, estava trabalhando com Peter Nowalk para
desenvolver um programa que em breve se tornaria nosso mais novo sucesso, How to Get Away
with Murder. Então, sim, por fora, acho que tudo provavelmente parecia ótimo. Contanto que eu
estivesse escrevendo, contanto que meus dedos estivessem no teclado, contanto que eu estivesse
no Seattle Grace ou na Pope & Associates, contanto que eu estivesse montando trilhos e
ouvindo o zum na mente... eu estava bem. Eu estava feliz.
Sei que certamente tentava projetar a ideia de que a vida era perfeita. E tentava não pensar
muito nisso.
Ia trabalhar. Trabalhava muito. Voltava para casa. Passava um tempo com minhas filhas.
Passava um tempo com o cara com quem eu estava saindo. Dormia.
Era isso. Em público, eu sorria. Muito. Eu dava MUITOS sorrisos. E fazia o que chamava de
“Conversa de Atleta”. Conversa de Atleta é o que acontece em todas aquelas entrevistas que
passam na TV logo depois de qualquer prova esportiva profissional. Uma luta de boxe ou um
jogo da NBA. Serena Williams quebrando algum recorde de tênis. Natação olímpica.
Uma boa Conversa de Atleta é quando o atleta está diante da imprensa e mantém um sorriso
no rosto, a voz tranquila e agradável, conforme habilidosamente rebate uma pergunta após a
outra do repórter — sem jamais fazer qualquer declaração polêmica ou substancial. Minha
Conversa de Atleta preferida é a de Michael Jordan. Ele ficava lá depois de fazer 5.635 pontos
em um jogo, com suor escorrendo da cabeça, tão alto acima de algum repórter minúsculo:
“Estou feliz por jogar o jogo que é o basquete”, dizia ele, sorrindo.
Mas, Michael, o que você acha da fome, da política, do basquete feminino, dos desenhos
animados, das cuecas Hanes, de tacos, de qualquer coisa?
“Estou muito feliz por fazer o que posso pelo clube. Os Bulls são meu lar”, respondia ele,
rindo agradavelmente, e saía andando. Possivelmente para o vestiário, onde deixava de ser bom
na Conversa de Atleta e começava a ser uma PESSOA.
Eu fui boa em Conversa de Atleta naquele ano.
“Estou muito feliz por trabalhar para a ABC.”
“Não é meu trabalho questionar meu horário no ar. Meu trabalho é fazer os programas.”
“Tenho orgulho de fazer parte da equipe ABC.”
“Estou muito feliz por fazer o que posso para a emissora. A ABC é o meu lar.”
“Estou feliz por jogar o jogo que é o basque... quer dizer, por escrever para a televisão.”
E era verdade. Eu estava feliz, orgulhosa e animada. Gostava mesmo da ABC. (Ainda gosto.
Oi, ABC!) Assim como tenho certeza de que Michael gostava mesmo dos Bulls. Mas aquela
Conversa de Atleta não tinha nada a ver com gostar do meu emprego.
Tinha a ver com ficar dentro da despensa.
Manter aquela porta fechada. Ouvir Nixon do lado de fora. Estender apenas um braço para
fora, em direção ao feixe de luz, para entregar ervilhas ou milho ou inhame. Dar ao povo o que
ele queria, e assim fechar aquela porta de novo.
Qualquer parte verdadeira de mim, qualquer coisa real, qualquer coisa humana, qualquer
coisa honesta, eu guardava para mim. Era uma boa menina. Fazia o que todos precisavam que eu
fizesse.
No fim de cada dia, como recompensa, eu me servia de uma taça de vinho.
Vinho tinto era a alegria em Shondaland.simsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsimsim
Eu costumava ser uma pessoa muito feliz. Uma pessoa entusiasmada. Posso ter sido tímida e
introvertida, mas tinha um grupo animado e divertido de amigos, alguns dos quais conheço
desde a faculdade. Com eles ao meu redor, era a Shonda que dançava sobre as mesas, que dirigia
até Nova Orleans por impulso, aventureira e sempre disposta a tudo. Para onde ela foi?
Eu não conseguia explicar minha infelicidade. Pela primeira vez, a contadora de histórias não
tinha o que contar. Eu não fazia ideia de por que estava infeliz, nenhum momento ou motivo
específicos para os quais apontar. Apenas sabia que era verdade.
O que quer que fosse aquela faísca que torna cada um de nós vivos e únicos... a minha tinha
se apagado. Roubada, como quadros na parede. A chama tremeluzente, responsável por me
acender por dentro, por me fazer brilhar e me manter aquecida... Minha vela tinha sido soprada.
Eu estava fechada. Estava cansada. Estava com medo. Pequena. Silenciosa.
As vidas de minhas personagens tinham se tornado inimaginavelmente imensas. Pessoas do
mundo inteiro conheciam Meredith e Olivia. Ao mesmo tempo, minha vida estava tão
desprovida de cor e entusiasmo que eu mal conseguia vê-la.
Por quê?
Você nunca diz “sim” para nada.
Ah, é. Isso.
Coloquei a taça de vinho na mesa e deitei no sofá. E realmente pensei naquelas seis palavras.
Você nunca diz “sim” para nada.
Talvez estivesse na hora de começar a dizer “sim”.
Talvez.
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O Ano em que Disse Sim
Random"Um livro motivador da aclamada e premiada criadora e produtora executiva dos sucessos televisivos Grey's Anatomy, Private Practice e Scandal, e produtora executiva de How to Get Away with Murder"