12 - Sim às pessoas

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Quando Chris n° 1 me contou que eu receberia o prêmio Ally for Equality da Human Rights

Campaign, fiquei imediatamente mais preocupada com meu vestido do que com o discurso.

Fazer discursos não me dava sequer um arrepio ultimamente. Eu me importava com o que diria,

é claro. Mas não tinha mais medo de dizer.

Eu estava dobrando a esquina do que parecia ser a última volta da minha corrida do Sim.

Começava a parecer simples. Peguei o jeito da coisa, dessa coisa do Sim. Tomei posse dela. Estava

orgulhosa e convencida em relação a ela. Ah, arrogância, aí está você...

Eu simplesmente me sentia como se tivesse tudo sob controle. Estava correndo como uma

gazela em direção àquela linha de chegada.

Então, como em qualquer corrida longa, aquela última volta ficou difícil. Chegara a uma

parede. Pelo visto, o início tinha sido fácil. A parte mais difícil estava por vir.

Eu ainda estava tendo dificuldades em como me impor. Como me defender. Como lutar por

mim mesma. Era irônico.

Eu sabia que grande parte do motivo pelo qual eu recebia aquele prêmio era porque, ao

representar personagens LGBTQ na TV, eu estava erguendo a voz, tomando uma posição,

lutando por outros. E não podia fazer isso por mim.

Livrar-me de peso era uma coisa.

Livrar-me de pessoas era outra bem diferente.

Eu acabara de me livrar de uma amiga. Uma próxima.

Nunca havia me sentido tão sozinha.

Estava lutando contra o desejo de me enroscar na cama com Doctor Who e uma caixa de

bombons. Queria um pouco de treinamento de vitela. Pela primeira vez em muito tempo,

queria estar entorpecida.

Quando chegou a hora de experimentar vestidos para o evento, Dana estava de pé diante de

mim, e eu estava aninhada no sofá em posição fetal.

— Não acho que consigo. Estou doente. Estou morrendo.

Dana não disse nada. Nem uma palavra. Ela ficou ali por um momento, e, quando comecei a

me perguntar se Chris n° 1 estava agora ministrando seminários sobre Como Fazer Shonda

Levantar a Bunda, ela se virou.

E começou a tirar vestidos de embalagens. Vestidos de noite deslumbrantes.

Não havia necessidade de um seminário. Pelo visto, é assim que se Faz a Shonda Levantar a

Bunda.

Mais tarde naquela semana, o vestido está pendurado na porta do armário. Sandie está de pé

ao lado da minha cama. Estou tentando me lembrar de como funciona o treinamento para

vitela. Digo a ela que não posso ir a esse evento. Sinto-me sozinha demais. Ela diz que irei. Ela

diz que irá comigo. Então me diz para convidar mais gente. Convite seu pessoal. Reúna seu pessoal.

— Sozinha — diz Sandie, com escárnio, e sacode a cabeça diante de minha tolice. Como se

O Ano em que Disse SimOnde histórias criam vida. Descubra agora