O REVELADO

O santo da casa me chama

O santo da casa me chama, grita acima das cabeças, ignorando o resto do rebanho. Vaca perdida, louca, desrespeitosa, gado de corte fraco. Não dá pra nada.

Ainda não sei por que não me deixou, todos os outros preferiram a própria solidão a terem que presenciar a minha. De fato era sofrível, nunca culpei ninguém por isso.

A única coisa que eu queria mesmo saber é de onde é que saem essas baboseiras, às vezes acho que li em algum lugar e aprendi a repetir, logo após isso uma crise de amnésia me tira a verdade da cabeça restando-me só as palavras na boca. Então eu continuo dizendo, e repetindo mesmo sem saber o que vou dizer, saem do fundo do meu subconsciente como se fossem coisas novas, mas eu sei que só estão sendo transportadas do passado para o agora através de algum buraco negro. Buracos!

DROGA! Nem mesmo quando estou me descrevendo digo de mim mesmo, e se digo, digo sem saber, minto. Porque de mim não sei nada, absolutamente nada, tal qual vocês. A única coisa que vocês têm e sempre terão é a ilusão, o transe, o sonho, a mentira eterna e irrefreável.

Mas não se deprimam isso é ótimo na verdade, é o ápice da utilidade humana. Utilidade, esta aí uma coisa que gosto, ser útil é importante pra mim. Quero que as coisas e pessoas a minha volta sejam úteis também. Sirva-se de um pouco de utilidade e venha sentar a minha mesa onde consumiremos filosofia crua, jorrando veneno pelas patas, é um pouco amargo, mas o mitre disse que exótico. Para adoçar os lábios nada de beijos, matarei antes de presenciar tal cena, é melhor a música já que os ouvidos são infinitamente mais úteis que os lábios.

Quando o tédio inutilizar a comida iremos dançar, para mostrar a utilidade das pernas, sem muito charme é claro, pois beleza não tem utilidade alguma, sobre isso eu prefiro a mesa vazia. Não se sentem jamais, o repouso é o começo de uma vida inútil, se os olhos tenderem a fechar é preferível que se jogue daquela janela, veja bem a placa e não confunda com a janela para suicídios, suicídios são de extrema importância para todos. Se mais pessoas fossem úteis o suficiente para se matar o restante não precisaria assassinar ninguém. Apesar de que seria de extremo mal tom passar pela vida sem cometer nenhum homicídio. Estou na faixa de três por ano, começo bem acredito eu. Esse ano mesmo já foram dois, uma flor e uma saudade.