À medida que o prazo se esgotava as tensões aumentavam. As equipes de rastreamento notaram um remanejamento nas posições da gigantesca frota tantoriana em volta do seu mundo. Quando faltavam trinta minutos, o almirante ordenou o posicionamento da armada solariana. A Vega e a Dani ficaram afastadas dez quilômetros uma da outra. Formando raios e arcos, como um bordado gigantesco, as quinhentas esferas de setecentos e setenta metros de diâmetro fizeram uma parede, mantendo dois quilômetros uma da outra e parecendo uma antena parabólica ciclópica. Dava a ideia de ser muito, à primeira vista, mas era pouco se comparado ao tamanho do planeta a ser cercado e ao volume de cilindros pela frente.
As naves leônidas fizeram um arco e colocaram-se mais para trás, e forma a interceptarem uma possível fuga dos lagartos. Maravilhado, Ifung observava aquelas monstruosidades, pensativo.
Cinco minutos antes do combate, ele notou que as naves solarianas abriram todas as comportas dos hangares e não compreendeu aquela atitude, mas aguardou para ver o que fariam, já que os novos amigos eram bastante sensatos. Ele pensava naqueles humanos e sentia-se feliz de tê-los conhecido porque estava certo de que seriam grandes aliados.
Os seus pensamentos foram interrompidos por um estalo nos rádios e, logo a seguir, uma voz anasalada começou a falar. Sou logo que se tratava dos verdes e prestou bastante atenção ao que seria pronunciado:
– Tantorianos, aqui fala o vosso Imperador. Recebemos um ultimato dos humanos para nos rendermos ou perecermos. Tantor jamais se rendeu ou renderá para humanos e não será hoje que cairemos. Humanos nasceram para serem nossos escravos por direito e lutaremos até ao fim se for necessário. A frota pode atacar. Morte aos humanos rebeldes.
– Começou – o almirante leônida observou. – Preparem-se para o combate. Cuidaremos da retaguarda dos solarianos. Morte aos lagartos.
Nesse momento, o almirante entendeu o motivo das comportas dos hangares de todas as naves abertas porque, de cada uma delas, saíram doze naves de cinquenta metros. Das duas gigantes, além das onze que já estavam fora, mais vinte do mesmo tipo das menores saíram. Logo após, as comportas fecharam-se, enquanto os cilindros do inimigo a dois segundos-luz aceleravam contra a frota que fez o mesmo, preparando-se para enfrentar e destruir a concentração inimiga.
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– Eles não se renderão – disse Daniel para Nobuntu. Levantou a voz e ordenou. – Computador: abrir rádio em todas as frequências. Atenção a todos os grupos, posicionar a frota na primeira formação planejada. Alerta vermelho para a esquadra, abrir todos os hangares e preparar para a saída das naves auxiliares. Destroyers, fiquem atentos. Líderes dos grupos um ao cinco, prontidão de combate rigorosa. Rádios abertos. Reportem.
– Jessy e o grupo dois, pronta, Almirante – disse o João.
– Moskow, do grupo três, pronta, Almirante – afirmou Anjsuka.
– Paris, do grupo quatro, pronta, Almirante – disse Pedro Costa.
– Brasil, do grupo cinco, pronta, senhor – disse o major Salomão, um homem de idade indefinida e temperamento forte.
– Vega, do grupo um, pronta, Almirante – disse a voz retumbante do governador de Vega. – Todos os destroyers preparados.
O grupo um era formado por todos os destroyers dos dois couraçados e as suas respectivas naves auxiliares, o menor, mas mais mortífero dos grupos.
– T menos trinta segundos, disse a voz do coronel Nobuntu...
Nesse momento chegou o pronunciamento do imperador. Tentando segurar a emoção e o tremor na voz, o Imperador do Sol e almirante supremo ordenou:
– Solarianos. Que se cumpra a ordem do Povo. Comecem o ataque.
Em vinte segundos, as quinhentas e seis naves do império transformaram-se em mais de seis mil e seiscentas e avançaram.
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Ifung acompanhava a evolução dos companheiros de luta, preparado para lhes dar auxílio caso fosse necessário, mas estava convencido de que não precisaria.
Logo de cara ele viu como acabaria aquela batalha desigual porque as únicas naves que lutavam de forma tradicional eram as menores. A gigantesca esfera do imperador estava parada um pouco acima, mas a irmã dela avançava, implacável. Ainda estavam a cerca de cinco milhões de quilômetros quando as naves dos tantorianos começaram a explodir sozinhas e às dezenas.
– Que raio de arma será essa que explode o inimigo sem aparecer nada, nem mesmo um mísero raio?
– Não sei, mas ainda bem que são aliados, Almirante – disse o comandante da sua nave.
– Olhe só aquilo! – voltou a dizer o guerreiro leônida. – Eles nem precisam lutar muito. Aquela nave grande simplesmente atropelou os lagartos e eles explodiram. Eu notei que eles desaparecem logo após explodirem. Devem ser catapultados para o hiperespaço.
– Olhe o que aquelas naves iguais à que nós atacamos podem fazer. São trinta raios por segundo! Trinta naves destruídas a cada segundo. E os gigantes. São quarenta, sem falar nas dezenas que explodem sozinhas. E vejam, a nave capitânia acabou de ser atingida por mais de mil bombas ao mesmo tempo Nem se deram ao trabalho de desviar.
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DB II - Ep10 - O Cerco a Tantor
Science FictionO imperador cumpriu a sua promessa e libertou o planeta Ubrur que aceitou unir-se ao império do Sol. Em reunião com todos os governantes do império, ele também declarou que os seres pertencentes ao Império passariam a ser designados como Solarianos...