Capítulo 1 - parte 1 (não revisado)

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Ubrur era o terceiro planeta de um sol amarelo classe G. Sob muitos aspectos, a sua aparência lembrava demais a Terra em uma mescla de século XIX e XXI. Os nativos viviam na simplicidade do primitivismo tecnológico, mas possuíam conhecimentos e recursos duzentos anos acima desse padrão, usando luz elétrica e até veículos elétricos. O seu povo, de primitivo não tinha nada, ao contrário do que um observador pudesse imaginar à primeira vista. O que ocorreu foi que dez mil anos antes abandonaram a tecnologia que destruía a natureza e mantiveram apenas o que era importante para uma boa qualidade de vida. Por causa disso, cinco mil anos atrás, eles foram invadidos e escravizados pelos tantorianos.

Agora, no espaçoporto onde os alienígenas pousavam para pegar alimentos, três espaçonaves gigantescas estavam pousadas, mas não se tratavam das naves dos invasores e sim dos seus libertadores. Essas três esferas negras uma delas com nada menos do que mil e trezentos metros de diâmetro e as outras de setecentos e setenta eram do Império do Sol. Em um canto do campo de pouso, um grupo de homens estava reunido e, ao lado deles, uma naveta planetária com os seus quinze metros de comprimento quase nem era notada ao lado dos monstros. Nessa pequena nave em forma de um paralelipípedo de linhas arredondadas estava escrito Vega P I, mostrando a sua nave de origem.

Do grupo de homens que ali estavam, alguns iam embarcar na naveta e despediam-se.

– Governador Jcob, meu nobre confrade – disse o governador Daniel de Vega XII. – mais uma vez agradeço pela maravilhosa recepção que nos propiciou e espero que aceite a minha oferta para conhecer Vega assim que as coisas se acalmarem. Estou muito feliz que tenham decidido aceitar o convite do meu neto para ingressarem no Império.

– Quem tem que agradecer é o povo de Ubrur, Governador Moreira – retrucou o outro. – Graças a vocês, estamos livres e voltaremos a trilhar o nosso próprio caminho. Acompanharei sua Alteza no confronto final e rumarei para a Terra com vocês. Lá, voltaremos a conversar melhor.

– Combinado, excelência. – O governador fez uma pequena mesura e virou-se para o lado. – Dan, vou indo agora e aguardo a tua chegada.

– Certo, vô – disse Daniel. – Assim que recebermos o ok do setor científico, decolaremos. A Daniela e o pai dela ainda não terminaram de orientar as equipes de Ubrur.

O governador sorriu e virou-se para as pessoas que olhavam mais de longe, a maioria gente do povo que desejava ver e se despedir dos libertadores. Gentil, fez um aceno e eles retribuíram com ovações. Por último, ele virou-se entrou na naveta.

Habituados às naves do invasor, muitos afastaram-se rápido quando a comporta se fechou, mas ninguém que estava ali perto fez o mesmo. Em silêncio e de forma bem suave, a naveta começou a levitar e só acionou as turbinas de ar quando já se encontrava a trinta metros de altura, passando a acelerar cada vez mais rápido. Fez uma curva elegante e passou no meio de duas das naves, saindo da vista do pessoal de terra.

Daniel sorriu e baixou a cabeça, olhando para o governador Jcob.

– Lá vão eles, excelência. Amanhã, deveremos ser nós e a Jessy.

– Sabe, Alteza, às vezes me parece que tudo isto é um sonho maravilhoso e sempre tenho um medo muito grande de acordar e descobrir que ainda somos cativos daqueles monstros.

– Não se apoquente com isso, Governador – disse Daniel. – Em breve o senhor assistirá o fim desse terror e acaba se acostumando com a liberdade. Imagino que cinco milênios de opressão não deve ser fácil de se livrar, mas sei que conseguirão.

– Vejo que o senhor tem mais fé em nós do que eu, majestade, e sinto-me mal com isso.

– Eu tenho fé no ser humano, Governador – retrucou Daniel, muito sério. – E o senhor é humano, um Solariano, e os solarianos jamais desistem enquanto houver um sopro de vida neles. Acredite nisso.

DB II - Ep10 - O Cerco a TantorOnde histórias criam vida. Descubra agora