A besta da Floresta Púrpura

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Os meus olhos se encaram com os dele.

O que era aquilo? Nem eu própria sabia...

Uma besta de pelo intensamente branco e espesso, encarava me ferozmente com uns olhos intensamente azuis, assim como um céu sem nuvens ou um mar fora de tempestades.

A sua pelagem branca estava salpicada de sangue de sua presa, um cervo, que não consegui escapar das garras de seu predador.

A besta era enorme, no mínimo com 4 metros de altura, e tinha aparência de um lobo, mas como era lógico, era grande demais para ser um lobo.

O mesmo encarou me rosnando furiosamente com o seu focinho a pingar sangue do seu almoço, provavelmente estava zangado por ter sido interrompido do seu banquete, e pelo seu olhar intenso eu seria a sobremesa tão desejada por ele.

Assustada recuei um passo retirando uma seta do arco na mala que tinha as costas e acerto numa das patas do mesmo fazendo-o grunhir de dor e me olhar ainda mais irritado.

Ok isto foi uma péssima ideia...

Vendo que o mesmo estava pronto para me atacar, corro o mais rápido que as minhas pernas permitiam, mas como o chão era irregular isso fazia-me ficar em desvantagem fazendo-me correr bem mais lento que o normal, e a besta, mesmo ferida era mais rápida que eu.

Na tentativa de o atrasar, preparo-me para lançar outra flecha mas desta vez na sua outra pata, porém mesmo antes de conseguir atirar o mesmo deu uma patada no meu arco enquanto rugiu alto fazendo a minha única arma bater numa árvore um pouco distante a nós e se partir no impacto.

Assustada cai de costas no chão soltando um gemido de dor por ter caido mesmo em cima de umas pedras.

A besta coloca-se em cima de mim.

As suas patas eram maiores que a minha cabeça, ele podia-me facilmente esmagar se o quisesse, mas eu acho que ele queria brincar um bocado com a sua presa primeiro.

O mesmo encarava-me com os seus olhos azuis com uma expressividade intensa... quase humana...

A sua saliva misturada com o sangue que escorria pelo seu focinho caia sobre o meu rosto e roupa enquanto o mesmo rosnava furiosamente.

Um arrepio percorreu o meu corpo por completo.

"Quem diria que o caçador seria a presa um dia"

Era inevitável, eu morreria ali mesmo.

De qualquer forma, ninguém se importaria, nunca ninguém quis saber...

Eu não queria morrer, não ali, não naquele momento...

Olho para a pata da besta e a mesma ainda tinha a seta cravada, aquilo parecia doer, e não era pouco.

- Por favor...- supliquei à besta que me encarava ainda a rosnar.

O mesmo aproximou o focinho enorme e sujo de a minha cara diminuindo o barulho do seu rosno.

Farejou-me de cima a baixo encarando me por uns segundo.

Aqueles olhos pareciam a estar a ver por detrás da minha alma, como se tivesse a julgar a minha vida ou os meus erros.

Sons das cornetas reais anunciavam o fim da caçada.

A besta levantou as suas orelhas pontiagudas no ar e saiu de cima de mim, voltando para dentro da floresta profunda e espessa.

Tremula levanto-me sentido as minhas pernas bambas, encosto-me a uma árvore vendo minhas mãos tremerem.

O meu coração batia fortemente sentindo uma grande adrenalina percorrer todo o meu corpo.

DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora