Rafa só queria acordar e perceber que tudo aquilo não passava de um sonho, um pesadelo...
Sonhava que corria em uma floresta escura, se batia em alguns galhos fazendo alguns cortes em sua pele e rasgando a sua roupa, tinha a sensação de ser perseguido por alguma coisa que parecia estar com muita fome.
Tinha medo.
Corria com todas as suas forças, corria e corria pela sua vida, mas no meio do caminho; tinha uma cama de folhas, que quando pisou, se revelou um buraco. Um buraco enorme e negro. Caiu dentro e não conseguia respirar, caia e caia, gritava de pavor.
Acordou num grito, suava e estava arfando, suas orelhas contraídas para trás. Olhava ao redor com rapidez tentando lembrar de onde estava, e viu que dormia no tronco de uma árvore que tinha ali. Tentou se acalmar e com muito esforço conseguiu.
Olhou para a sala de controle e lá tinha aquele cientista que estava fazendo seu papel, e mais um outro que parecia ser supervisor, e ambos não tiravam os olhos da floresta, tentando encontrar os híbridos enjaulados. Estava dando as graças por ter escolhido um canto escondido e escuro para tentar descansar.
Se levantou com uma certa dificuldade e olhou para cada canto daquele lugar, era muito intediante... Como ele era um... humano... Não iria conseguir se adaptar naquele lugar.
Estava olhando para todos os cantos a procura de um certo par de olhos vermelhos pela jaula, e não encontrou. Estranhou um pouco, mas começou a andar pelo lugar, e era grande até... nunca tinha reparado.
Parou repentinamente e ergueu as orelhas para escutar melhor. Era muito estranho aquilo, mas seria obrigado a se adaptar. Algumas folhas se mexiam, mas era quase que inaudível, e do nada, silêncio total. Sabia quem era mas ainda morria de medo dele, não sabia do que era capaz.
Ouviu um barulho alto de galhos se quebrando em cima de si, olhou e viu apenas um vulto caindo sobre ele e o derrubando. Leo gritou uma espécie de "grito de guerra" e prendeu o menor no chão.
-O QUE SIGNIFICA ISSO?!- Gritou Rafael colocando os braços na cabeça, a cauda entre as pernas, contraiu as orelhas e se encolheu.
•∆•
Da sala de controle, Ono, o cientista que ficou no lugar de Rafa, estranhou aquela movimentação no meio da floresta, pegou um binóculo que tinha comprado, e deu zoom.
O que ele viu foi os dois híbridos juntos, o castanho estava debaixo do de olhos vermelhos, que o prendia em forma de X, e o mesmo estava de orelhas erguidas e sua cauda balançava.
Tirou os olhos do binóculo e olhou surpreso para qual cena e falou consigo.
-Eles... vão acasalar?- semicerrou os olhos ainda olhando aquela cena sem o binóculo. -Espera... o quê?!- Pegou a prancheta e começou a fazer anotações sobre isso.
•∆•
Leonardo começou a rir maldosamente.
-Que diabos foi isso?!- Perguntou incrédulo.
-Você tinha que ver a sua cara.- Rafael ficou com uma cara brava. -Oooh... Você é uma gracinha bravo.- Dizia divertido olhando no fundo dos olhos verdes em baixo de si.
O castanho começou a corar e desviou o olhar.
-Não faz assim!- Chegou perto de uma das orelhas do menor e cochichou com um tom baixo e sedutor.- Me excita.-
Rafa o olhou novamente ficando mais corado e um pouco assustado. Tentando empurrar Leo de cima, mas não conseguia, o outro era mais forte.
-Sai!- Leo levantou uma sobrancelha. -Por favor!- olhava para todos os lados menos para Leo, até que seu olhar encontrou o do cientista, que anotava tudo e era visível de longe que ele usava um binóculo.
Se desesperou e ficou vermelho de vergonha e tentou a todo custo tirar Leo de cima, e depois de se debater, conseguiu tirar Leo de cima, mas não por força própria, ele mesmo saiu de cima por começar a ficar irritado.
-Que merda! O que foi isso! - perguntava Rafa ainda vermelho.
-Só queria me divertir um pouco, não tem nada para fazer aqui... mas agora que eu tenho você aqui, e você não pode ir para nenhum lugar... vai ser bem legal.- Deu um sorriso ladino e o olhou com malícia.
-Não ew- Disse com asco.
Leo deu de ombros.
-Você por um acaso sabe como sai daqui?- Perguntou para Rafa, que o olhou surpreso pela pergunta direta.
-Hmm...- Olhou para cada detalhe ao seu redor.- Eu posso... pensar em um forma...- Disse pensativo. -Mas eu ainda nem te conheço, você estragou minha vida! Por que eu iria te ajudar?! Quem sabe o que você pode fazer por aí?!- Cruzou os braços e fechou os olhos, virando sua cabeça para o lado.
-Você quer ficar mais décadas e décadas preso aqui comigo já que não gosta de mim?-
-Não!
-Então. Eu não aguento mais ficar aqui, e você foi a única pessoa em todos esses anos que eu fui com a cara. Espero não ter errado na escolha.- Olhou de relance para o menor. -E você acha mesmo que eu nasci em cativeiro? Claro que não! Esses malditos me sequestraram!-
-Am... Você tem quantos anos? Eu lembro quando meu avô disse sobre você.- Olhou o maior com estranheza.
-Hmm... contando os anos que estou aqui... Acho que uns 538 ano mais ou menos.- disse pensativo. -Parei de contar depois dos 125.
-538 ANOS?!- Disse exaltado
-Sim. Qual o problema?- Fez uma careta.
-N-Não... É que eu pensei que somente vampiros fossem imortais.-
-Eles não são.-
-A é? Como você sabe?- Desafiou o alfa, que o olhou com os olhos semicerrados.
-Eu apenas sei. Agora sem mais perguntas.-
-Okay... perguntar não ofende.- Disse como um sussurro quase inaudível, mas não para as orelhas de híbridos.
-Não é questão de ofender. Só não tô afim de responder.- Disse dando a mínima para o assunto e começou a escalar a árvore.
-O quê vai fazer?- Perguntou ainda sentado no chão.
-Sem mais perguntas.- Rafa revirou os olhos e deixou um suspiro cansado escapar. Acompanhou Leonardo com os olhos até a copa da árvore. Queria ver como era a vista dali de cima, esse lugar não é pequeno, tem muitas árvores, arbustos, grama, flores e até mesmo um lago... nunca tinha percebido o quão era grande. Nunca perguntou os metros quadrados dessa... "jaula". Está mais para um protótipo de floresta do que jaula.
Parece que fizeram esse lugar justamente para ele.
Continuou olhando para a copa, mas não via o híbrido ali, tinha sumido de novo... Então é assim que ele se esconde tão bem, em cima das árvores.
Suspirou novamente e ficou pensativo em como iria fugir dali, tinha que ser um ótimo plano, mas demoraria para colocá-lo em prática, a perfeição leva tempo.
•∆•
Ono observava a floresta com seu binóculo, mas perdeu "343" de vista, agora só tinha o castanho, que continuava sentado ali no chão, que parecia observar tudo ou estar até mesmo pensativo.
Olhou para sua prancheta e riu pelo nariz com um sorriso maroto no rosto e começou a conversar consigo.
-É... de acordo com os dados de 343, o cio dele e daqui aproximadamente três dias, quero muito ver isso. Depois de anos com essas explosões de raiva nessa época sozinho agora eu quero ver com companhia.-
Colocou os pés em cima do painel cuidando para não apertar algum botão, se inclinou na cadeira e pôs as mãos atrás da cabeça, descansando um pouco.
•∆•
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A Descoberta 343 • ABO Mpreg
RomanceRafael Abulque é um jovem cientista que trabalha em uma área de total sigilo, uma área de experimentos e descobertas, mas apenas algumas delas vão para o mundo. A maior parte das descobertas ficam lá, em segredo, algumas coisas nem mesmo os cientis...