Desculpem, mas tive um sonho
Estava num lugar muito estranho
O que mais chamava a atenção
O que mais tinha de diferente
Era que não havia comemorações
Como as nossas
Não havia os mesmos feriadosFestas apenas para a natureza
Plantio e colheita
Final e início de ciclos
Dançavam com as estações
SolstíciosSem dia das mulheres
Sem dia das crianças
Nem mesmo das mães, dos pais
Dos negros, da independência
Nenhum dia do renascimento
Simplesmente nada desse tipo
Todos os dias eram iguais
Mesmo assim, especiaisNão havia distinções
Por isso não precisavam comemorar nada
Não havia minorias
Não havia desprezados para serem lembrados
Num dia do anoSim, havia algumas diferenças
Mínimas, sem muita importância
Apenas o suficiente para tornar cada um único
Apenas para identificar e diferenciar um do outro
Nada que lhes desse valor ou mérito
Para todos os efeitos, todos eram iguaisAs diferenças eram só externas
O tamanho, o sexo, a cor, a origem, a idade...
Só detalhes externos
Internamente todos eram iguais
Todos eram humanosDesculpem, foi só um sonho...
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Você Já Escutou O Silêncio
PoezieAproximando-se dos sentimentos básicos da existência com esse olhar de espanto, Spinelli faz lembrar, mas só de leve Alberto Caeiro do " Guardador de rebanhos ", Mário Quintana de " Sapato florido ", o lirismo sem afetação de Monuel Bandeira e, talv...