" Quando estiverem em Idria, procurem pela flor das neves. Não é fácil avista-la , mas se estiveram atentos poderão identificá-la.
Suas pétalas são brancas , mas o caule é alto como o dos juncos e tem uma cor esverdeada. É extremamente bela.
Podemos encontrar alguma em qualquer pico de neve eterna de Glories".
Idria. É aonde iremos primeiro. Relembro a descrição dada por Grimas sobre a flor das neves a cada 500 metros. As únicas armas que levamos são uma velha espada que meu pai guardava em um baú , arco e uma aljava com 17 flechas. Espero que seja o suficiente.
Thi está montado atrás de mim. Sua expressão não se alterou se quer por um segundo desde que saímos de Bela. Parece indiferente a tudo, mas acredito que esteja triste como eu. Thi nunca mostrava ou dizia o que sentia. Por isso, fiquei surpreso com os olhos que lançou para mim na ocasião do diagnóstico de Nive.
Por que o Cinzento não anda mais rápido? Meu peito arde de inquietação. Quando penso em Nive, sinto vontade de trocar a minha saúde pela dela. As planícies passam lentamente, causando enorme aflição em mim. Tento forçar Cinzento a correr mais, porém ele está usando o máximo de sua velocidade.
Não é que o Cinzento seja lento, ele seria um ótimo cavalo de corrida , caso encontrasse um cavaleiro melhor... Eu apenas preciso ir mais rápido. A vida de Nive depende de nós e eu não posso deixar que ela morra. Não posso!
O terreno começa a subir lentamente, depois de três horas de viajem. Continuaria a viajem sem qualquer interrupção; mas o Cinzento já parece estar sem fôlego e não seria prudente força-lo. Paramos por uma hora e alguns minutos, que, para mim, pareciam eternos.
Voltamos a calvagar em um ritmo lento e progressivamente atingimos uma boa velocidade. As árvores começam a rarear e quando a noite começava a cair, avistamos os picos gélidos da grandiosa Idria. O primeiro passo.
Chegamos no pé da montanha. Thi observa todo o local e sugere algo que eu não esperaria dele, em qualquer circunstância .
— Vamos levar alguma quantidade de lenha. Lá encima deve ser bastante difícil acender uma fogueira, mas será ainda mais se a madeira estiver coberta de neve.
— Talvez não vamos precisar subir— respondo, tirando o mapa de uma das mochilas. Quando o viro, leio:
(...) A flor está geralmente nas áreas mais próximas do cume.(...)
Olho desanimado para Thi e começamos a procurar alguns bons pedaços de lenha. Não acho que conseguiríamos criar fogo com a ventania que há naquelas alturas; mas temos que considerar todas as possibilidades.
Pretendemos seguir com o Cinzento até onde podermos levá-lo. Pelo que vi inicialmente, o princípio da subida não é muito íngreme e além disso, não seria vantajoso procurar a flor das neves em Idria com as mochilas dificultando mais as coisas. A companhia de Cinzento seria até mesmo estimulante e agradável.
Fazemos uma breve refeição e, em seguida, começamos a escalada. Antes do primeiro passo dou um longo suspiro. Não sei o que me aguarda lá em cima ... Eu nunca havia saido de Bela. Agora, irei enfretar o desconhecido por causa de um sentimento que queima, corrói e me destrói. Eu fui guiado pelo coração.
Ponho minha capa, um cachecol e o meu capuz— Thi faz o mesmo—, mas as primeiras horas de viajem nem estão tão frias. Após três horas e meia de subida , eu acho, a neve começa a ficar intensa. Antes, só havia alguns cristais de gelo espalhados pela paisagem.
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A Doença
FantasyBrendo está disposto a arriscar sua vida por Nive. O que você faria para ganhar o coração de alguém? Arriscaria a própria vida? Ele irá além...