A dama

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Começo a gargalhar, enquanto saímos das montanhas negras. A maneira com que tudo ocorrera foi surpreendente para mim. De repente, estou abraçando Thi afetuosamente, fazendo com que seu rosto pálido core. Agora,resta apenas um item.

   " A flor do sol. É o ingrediente mais raro do remédio. Trata-se de uma pequena flor dourada, que ostenta belos cristais prateados, adornando-a."

    Devemos encontrar a flor do sol num bosque,ao leste das montanhas negras. Não é muito distante. Saímos às 11 horas da manhã. Quatro da tarde estávamos avistando o bosque,onde a flor estava.

      Só mais um pouco,Nive. Aguente firme. Já posso imagina-la correndo e cantando sorridente em Bela novamente. Imagino suas mãos envolvendo as minhas, trazendo felicidade ao meu mundo. Espero que ela esteja bem. Não falta muito. Só uma florzinha de nada. Por favor, espere por mim.  Você irá viver .

      Entramos,cuidadosamente, como sempre, no bosque. As arvores estão relativamente afastadas,deixando feixes de luz atravessarem as copas das árvores. O solo está forrado por folhas que geram sons, conforme caminhamos,em silêncio. Escuto o canto de pássaros e meu coração fica mais leve. É como as manhãs em Bela. Sempre leves,sempre gentis e repletas de cantos alegres feitos pelos pássaros. Mas... Apenas percebi toda essa beleza agora.

    Chegamos em uma clareira ampla. No outro lado, há uma colina rochosa e , construido nela, um edifício arruinado, mas ainda belo .

     (...) A flor do sol está  na casa dos povos (...) Crescendo em um jardim no terraço. (...)

    Como Grimas conseguiu esse mapa, sendo que só se poderia encontrar algo do tipo com criminosos ou com os altos de Glories ?  De fato, quero desnudar Grimas quanto a isso.

    Respiro.

   — Thi, fique e cuide do Cinzento. Desta vez será melhor que eu vá sozinho. Não me leve a mau.

     Thi  não  demonstra nenhuma objeção, mas acredito que não esteja concordando.

   Não me preocupo com o estado do prédio e entro solene. A sensação que percorre meu corpo é estranha. Minhas dores parecem menos intensas; meus passos estão apressados. Subo escadarias em espiral cheias de rachaduras. Se quer percebo. A cura de Nive está muito perto. Meu rosto está repleto de esperança.

    Entro em um jardim de beleza estonteante. Fico entorpecido com tamanha beleza e esqueço por alguns segundos do que procuro. As cores harmoniosas, o cheiro delicado. Meu corpo pulsa de satisfação. Gostaria de tê-la aqui.

   Acordo ainda deslumbrado e  sigo em direção ao centro do jardim. Vejo uma mulher sentada em um banco frente à minha meta, a flor do sol. Ela é extremamente linda e seus cabelos são das mais variadas cores, juntas harmoniosamente . ela está distraída, cantando uma canção calma e muito agradável.

   ... Venha a tua luz.

Criamos a guerra,mas tu nos

Deste a paz. Rejeitamos o amor e os ventos ,agora, levam os meus pesares...

   Fico admirado. Nunca havia escutado um canto tão belo. Nem mesmo o de Nive. Ela me percebe e sorri para mim. Estou imóvel.

   — Quem é você? — pergunta ela.

   — Brendo...Welvir— respondo hesitante — e você?

   Toco o cabo da espada. Não devo baixar a guarda.

   — Fhael,a dama dos bosques para alguns — responde ela sorridente — não precisa ter medo. Eu não irei fazer mal. Mas... O que procura por aqui?

   — A flor— respondo, apontando para o centro do jardim.

    Ela faz um sinal com as mãos para que eu sente ao seu lado.

   — Por que quer a flor, rapaz?

   — Minha amiga está morrendo. Ela tem uma doença... coração negro.

   — Perdão — ela parece está comovida— leve a flor. Não preciso dela. Nem este lugar...

   Meus olhos percorrem o rosto dela  e  se perdem no jardim luminoso.

   — Que lugar é este?— pergunto descuidadamente , envolvido pelo lugar.

     — Costumava ser um lugar onde os antigos povos de Glories e os Humanos  confraternizavam. O ódio cresceu e levou nossa união... Eu ainda... Lembro daqueles dias distantes —ela parece perdida em suas memórias.

    Não sei do que ela  estava falando,mas gostaria de saber. Dias distantes...  Ela parece jovem demais. Como ela poderia ter saudades desses " antigos povos"?  Eu nunca havia escutado nada a respeito.Mas... Seu rosto estava tão solene e sua voz proferia as palavras de forma nostálgica.     

    — Gostaria de conversar mais com você, Brendo;mas sua amiga está esperando você.

   — Sim, tenho que ir. Eu agradeço muito — digo de maneira desajeitada.

   — Sua amiga irá ficar bem. Eu sei! Mas apresse os passos.essa doença é muito perigosa. Seja feliz e faça todos ao seu redor ainda mais felizes,meu amigo  —ela mostra-me um sorriso belo e motivador. Sim. Nive irá viver.

   Pego a flor. E Também começo a sorrir.

   — Vamos nos ver algum outro dia.

   Ela confirma,sorrindo. Mas eu não a vi outra vez.  Contudo, chegou a mim histórias que a citavam. Sei que irei escutar seu canto brando novamente, algum dia...

A DoençaOnde histórias criam vida. Descubra agora