Capítulo 2

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-Vamos... Você tem que pular!-

-Você também!-

Clair segurou minha mão e contou até três até que decidimos pular.

-Está frio!- Exclamei sentindo arrepios por todo meu corpo.

-Eu nunca disse que o lago era quente!- Ela disse se sentando a beira do rio.

-Ei! Que tal vocês nadarem na minha casa?- Gritou um dos garotos idiotas parados olhando para os nossos corpos nus de longe.

Sim, ela havia me convencido daquelas ideias malucas, mas ela decidiu que o segundo item que queria fazer era : Nadar nua no rio PacifcWater.
E esse foi o segundo, porque o primeiro foi vestir roupas de inverno ao meio dia em pleno verão e sair na rua normalmente.

E Eu pensando que essas ideias não durariam nem um dia sequer.

Eu estava com vergonha, mas isso não me impediu de expulsar aqueles idiotas dalí.
Os caras de pau ainda tiveram a audácia de mandar uma piscadinha.

-Eu preferia aquela que dizia "Dançar de biquini fio dental em uma praça pública".-

Clair sorriu do meu comentário.

-Não se preocupe, vamos fazer essa também!- Ela saiu de lá pegando sua toalha e me jogando uma.

Quando saímos do rio, mais uma ideia super boba saiu pelos labios de Clair. "Vamos para casa de toalha.".

Eu não poderia negar e além do mais, o que seria "Andar o caminho de volta pra casa de toalha " se comparar com os outros constrangimentos que nós já passamos hoje?

Ao chegarmos na rua da casa aonde moramos, Clair deu um pulinho e correu para trás de mim.

-Por favor, Me esconde! Não quero que ele me veja!- Ela disse colocando as mãos no rosto.

E foi aí que eu percebi.

Havia um garoto parado na porta e ele não me lembrava ninguém conhecido. Pelo menos para mim.

Ele olhou em nossa direção e sorriu ao ver Clair, finalmente aparecendo detrás de mim com um sorriso amarelo.

-Me ajuda- murmurou entredentes.

E aí que eu lembrei que estávamos usando apenas toalhas e quanto mais chegássemos perto do garoto, mais fina a toalha aparentava ser.
Percebi que Clair também estava ficando com muita vergonha, mas acho que não era por causa da toalha e sim por causa do garoto.

Confesso ter achado ele bonito e até quem sabe, diferente dos outros caras que Clair já se envolveu.
Ele parecia mais "garotinho", diga-se assim.

Tinha a feição de um garoto de 16 anos.
Seus cabelos tinham uma tonalidade mel e eram ondulados. Seus olhos verde esmeralda.

Quando nos aproximamos ele me cumprimentou e eu apenas passei com a cabeça baixa diante dos dois.
Eu não gostava do fato de estar de toalha na frente de um garoto e não estava nem um pouco a fim de ficar no meio daquele climinha todo.

Eu subi as escadas e abri a porta do quarto rapidamente. Me sentei em uma pequena poltrona em frente à uma janela do quarto, aonde eu poderia ter a perfeita visão dos dois lá de cima.

O garoto sorria e ela... Ela parecia não estar muito a vontade com a situação toda.

Ele aparentava ser um garoto doce e super gentil. O brilho nos olhos dele o entregava totalmente.
Já Clair, não parecia muito interessada.

Mas o que mais me impressionava era o fato dela estar apenas de toalha bem na frente dele ja fazia alguns Minutos e ela não parecia se importar. O garoto tentava uma hora ou outra evitar o olhar sobre os peitos dela. Abaixava a cabeça com um sorriso sem graça estampado no rosto ou até mesmo tentava não olhar diretamente para ela.

Sem nenhuma dúvida aquele garoto estava -Muito- apaixonado.
E quase nenhuma dúvida que ele iria sofrer no final.
Provavelmente ele não sabia que ela estava doente e isso estava me incomodando muito.

Eu não gosto de finais infelizes, mas, vamos ser realistas.

Eu nunca gostei de ver pessoas sofrerem e não vai ser agora que esse pensamento vai mudar.

Quando percebi, Clair havia entrado e batido a porta do Quarto.

-Socorro- Ela se atirou na cama - Você estava vendo... Não estava?- Ela olhou para mim.

-Qual o nome dele?-

-É Thomas- Ela se sentou bagunçando um pouco os cabelos.

-Ele é sua nova... Vítima?- Eu ri irônica enquanto colocava uma roupa descente.

-O Que? O Thom? Não, que isso... Não faz meu tipo- Ela pareceu pensativa.

-Eu gostei dele!-

-Fique a vontade-

-Não... Não nesse sentido! Quis dizer, gostei dele... Para você!- Eu coloquei a última peça de roupa enquanto pegava um livro em cima da estante.

-Mas, ele não faz meu tipo!-

-Com "Seu Tipo", você quer dizer : Caras alcoólatras, com tatuagens, que só querem se aproveitar de você e quando conseguem o que querem, na primeira oportunidade fogem de você?- Eu a encarei séria - Porque, sinceramente... Eu só vejo você com esse tipo-

-Não é bem assim... Eu gosto de caras sem compromisso e que tem um charme "sexy"... E porfavor, as tatuagens são lindas, admita!- Ela disse enquanto se dirigia até o espelho mais proximo.

Observei-a passar a escova entre os fios de cabelo enquanto parecia imaginar o cara dos seus sonhos.

-Vocé só resumiu o que eu falei e, não! Eu particularmente não gosto de tatuagens- A encarei - Mas, o que tem de errado com o Thom?-

Ela me olhou através do espelho e pareceu pensar em algum motivo para me dar.

-Bem... Ele parece o tipo de cara que serve pra casar; Ele é... Grudento de mais; Sua beleza angelical- Ela vagarou un pouco antes de falar o último motivo.

-Ué, mas... O que a Beleza angelical tem de ruin?- Eu perguntei.

Clair era bem confusa as vezes.
Como ela pode odiar uma "Beleza Angelical"?

-Ah... Ele é tão bonito e fofo que me irrita as vezes.

-Eu pensei que você não poderia ficar mais estranha do que já era.

Ela riu.

-E o seu tipo?- Ela se virou e sentou na poltrona em que eu estava antes.

-Eu não tenho um "tipo"- Fiz aspas no ar.

-Ah, claro que tem! Todo mundo tem um tipo!- Ela olhou pela janela. - Durante todos esses anos, eu não te vejo frequentemente com garotos.

-Quem sabe, o meu "Tipo" apareça na hora certa-

Por algum motivo ela começou a rir.

-Como vai saber o seu tipo se não experimentar?- Ela disse maliciosa.

Como o assunto chegou alí?

-Sabe... "Experimentar", não é o meu estilo.- Passei a mão entre o cabelo. - Assim como Socializar-

Nós rimos.

Ela deixou o quarto enquanto sorria.

Eu não estava preparada para toda essa situação. Para toda essa dificuldade que você parecia enfrentar com tanta serenidade, era como se você passasse da cobertura de prédio até o outro por uma pequena linha de costura, de salto alto e ainda por cima, sorrindo como se a sua vida fosse a melhor de todas as vidas.

E eu fiquei pensando.

As vezes, as pessoas fazem isso para enganarem a si mesmos. Mesmo com todas as dificuldades, enfrental sorrindo e dizem para todos que está tudo bem e que vão conseguir, Dizem até para si mesmos, mesmo sabendo que tudo pode dar errado com apenas um deslize.

Apenas um passo infalso.

Até o Último SuspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora