17 ⛓ De Volta Pra Casa

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Clarice Rose Müller

Eu encarava o convite no meu e-mail tentanto entender o que eu perdi.

Aidam e Beatrice moravam juntos há anos e finalmente ele a pediu em casamento.

O e-mail era claro, meu par seria o Stephen.

Metade de mim sentia aquela necessidade de encontrar ele, saber que ele sentia a mesma dor que eu, saber que ele sentia aquela saudade correndo pelas veias, aquela maldita vontade de estar perto.

Mas a outra metade, a parte com raiva e magoada, queriam que ele se fodesse.

Eu precisava pensar, precisava por a cabeça no lugar e ver ele de novo, depois de tudo, só iria me deixar mal novamente.

Deixei aquelas idéias de lado e tentei focar no evento de lançamento do condomínio que eu tinha arquitetado e feito. Eu ainda ficaria mais uma semana em Sidney e aproveitaria pra conhecer o lugar e procurar uma casa ou um apartamento no Upper east side, afinal, meu último me trouxe situações ruins.

Enquanto eu fazia notas e tentava ligar pra diversos buffet, uma notificação do skype chegou e eu atendi.

- Diz que recebeu meu convite. - Beatrice sorri. - O seu irmão quase me matou.

- Eu fico realmente feliz por ele finalmente aceitar que era hora de vocês casarem, mas o Stephen? Qual é, não tem nenhum primo de segundo grau precisando de uma garota nova-iorquina pra agitar as coisas?

- Vocês precisam conversar, Claire. - Ela respira fundo. - Eu soube que ele anda saindo com a Elena mas acredite, eu posso ver o quanto ele sente a sua falta e eu sei que você sente o mesmo. Vocês dois são como fogo e gasolina, por favor.

- Uma hora alguém vai acabar se queimando. - Eu digo. - Preciso de um favor, eu marquei um horário de visita em dos apartamentos no Empire, pode ir no meu lugar? Eu só volto semana que vem e preciso encontrar outro lugar para morar.

- Tudo bem, mas promete pensar? Dê uma chance a ele, se não der certo eu te ajudo a juntar os caquinhos.

- Eu vou pensar, mas saiba que se ele me irritar eu transo com o primeiro homem que eu ver.

Eu me perguntava quando eu tinha me tornado essa garota calma, onde eu tinha me perdido e por que ele estava mexendo tanto comigo daquela forma.

Talvez eu precisasse mesmo me acalmar, talvez fosse hora de parar.

Ou era apenas o início da minha vida.

Olhando agora, eu vejo o quanto eu reparei nos detalhes, o quanto eu reparei nele desde o começo.

Varri os pensamentos para debaixo do tapete e voltei ao trabalho.

Afinal, eu teria uma longa semana para pensar em Stephen King e no título de cafajeste dominador de corações.

Stephen King


Respirei fundo e encarei Aidam.

Aquilo era loucura.

- Por que você não procura outra pessoa? Eu soube que o Lorenzo está de volta e que eles andaram saindo na Austrália. - Eu dei de ombros.

- Você fuxicou a vida da minha irmã? O que você é? Psicopata?

- Precavido. - Sorrio. - E sim, eu fuxiquei, precisava saber se a minha garota estava bem.

- Vocês precisam parar. - Ele levanta. - Todos nós temos a nossa garota, Aubree e Thomas, Sky e Mitchell, Scar e Ross, eu e Beatrice, mas e você? Até quando vai deixar ela ir assim?

- Nós fazemos mal um ao outro. - Eu o encaro. - Eu já magoei ela demais, não posso fazer isso de novo.

- Vocês tentaram numa relação baseada em uma aposta, mas agora é diferente. - Ele sorri. - Eu sei que você a ama e sei que ela sente o mesmo, só não perde mais tempo.

- Vou pensar no que você disse. - Eu pego minha pasta e nós saímos da minha sala. - Você sabe quando ela volta?

- Semana que vem, mas eu soube que o meu anjo vai visitar um apartamento no Upper east side pra ela. - Ele sorri. - Eu acho que consigo o endereço.

- E o que eu faço? - Ele me encara e gargalha.

- Pressiona ela, invade a vida dela de todas as formas até ela entender que vocês são inevitáveis. - Ele pega o telefone e digita alguma coisa. - Beatrice me enviou o endereço, vê se não deixa ela escapar dessa vez.

- Eu não vou. - Digo. - Obrigado por isso, eu te devo uma.

Ele vai embora e eu termino de revisar minha agenda do dia seguinte.

Depois de quarenta minutos, eu finalmente estava em casa. Tirei o terno, os sapatos e deixei minha pasta em cima da mesa.

Encarei Elena enquanto ela colocava a mesa do jantar e a mesma sorri.

Ela passava a maior parte do tempo no meu apartamento e eu estava começando a ficar incomodado com isso.

- Eu pensei que você fosse demorar. - Ela diz e me beija.

- Eu quero que você pegue as suas coisas e vá embora daqui, ainda hoje se possível. - Eu digo e me Afasto.

- O que? Por que? - Ela me encara.

- Eu não gosto de você. - Digo. - O que aconteceu entre nós dois no passado foi um erro, eu quero que pegue suas coisas, vá embora e suma da minha vida e da vida da minha garota ou eu vou dar parte de você por me dopar e por difamação. - Ela arregala os olhos.

- Por favor, me dá uma chance. - Ela diz. - Olha pra vocês, vocês não combinam, vocês nem sequer conseguem ficar juntos sem alguém interferir.

- O que você quer dizer com isso?

- Sempre vai existir alguém disposto a impedir vocês de ficarem juntos. Aceite isso.

- Ela é a minha garota, cometemos erros e eu estou disposto a lutar por ela como eu não fiz antes. - Eu me aproximo. - Eu espero que nem você e nem ninguém fique no meu caminho ou eu juro por Deus que vou destruir você ou qualquer outra pessoa.

- Ela vai perceber que você é uma perca de tempo e quando você se tocar que ela não é a garota certa e sim eu, me procura, eu vou estar esperando por você. - Ela diz e vai em direção ao quarto.

Meia hora depois, ela sai e me encara.

- Você tem o meu endereço. - Ela deixa a chave em cima da mesa e leva as malas para fora do apartamento.

Eu precisava pensar em um jeito de trazer minha garota de volta.

E eu tinha apenas uma semana pra pensar nisso.

Entre O Amor E O ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora