⠀˗ˏˋ⠀𝐋𝐎𝐒𝐓 𝐊𝐈𝐃𝐒⠀ˎˊ˗
⠀⠀⠀JACOB PORTMAN NÃO TINHA muitos amigos na escola ou na própria vizinhança. Na sua casa viviam apenas ele, seus pais e o avô (antes de este morrer), que sempre lhe contava histórias mirabolantes sobre estranhas criaturas...
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- Como assim não se lembra de nada? - Enoch questionou, parecendo bem impaciente com o garoto. O estranho continuou a nos lançar olhares de confusão, tão perdido quanto Jacob, provavelmente - Não faz sentido! Você deve ser um deles, não é?
- Um dos quem? - Enoch avança na direção do estranho, levando as mãos ao seu rosto. O garoto se afastou dele e tentamos apartá-los. É claro que ele estava falando dos acólitos. Eu aprendi com Emma e Horace sobre os "Olhos Pálidos".
- Não se faça de idiota! Não esconda seus verdadeiros olhos! - o necromante aumentou o tom de voz, ele estava tão agitado que 3 pessoas precisaram impedi-lo de avançar no garoto novamente. Não era justo nem inteligente deixar o estranho mais apavorado, ele poderia ter informações importantes. É, eu sei. Eu estava sendo egoísta.
- N-Não sou aquelas coisas! É sério. - defendeu-se, erguendo ambas as mãos como se um policial estivesse rendendo ele - Estou fugindo delas!
Tudo apresentado era incerto. Mal sabíamos se ele era um soldado ou quem sabe um espião dos acólitos. Mas... seus olhos me diziam outra coisa. Ele parecia inofensivo e desesperado, era tão semelhante a nós, que me admirei. O garoto coçou a nuca e ficou cabisbaixo, até agora não teria visto uma expressão que não fosse medo ou tristeza em seu rosto.
- Então por que você está aqui? Sabe que etéreos e acólitos atacaram essa fenda.
- É, estou certo disso, - concordou ele, absorto em suas próprias dúvidas e inseguranças - mas não tive outro lugar para ir. Na verdade, nem lembro como eu cheguei aqui.
- Dado o contexto atual, acredito que você teve uma concussão ao chegar na caverna. - Millard falou e Estranho procurou por sua voz, ainda mais confuso.
- Quem disse isso?
- Millard. - Emma respondeu, por todos - Ele é invisível.
Dei uma risada baixa, mas chamou a atenção do garoto, que olhou diretamente para mim. Aquela teria sido a primeira vez que eu vi o seu sorriso, ainda que bem discreto. Enoch cruzou os braços e se afastou novamente do grupo, como se aquilo fosse anormal. Droga. Por que era tão complicado praquele imbecil entender que eu gosto dele? Ah... claro. Eu não havia deixado aquela informação clara.
- Então... sabe ao menos qual é o seu nome? - Horace questiona, ajeitando o monóculo que quase caiu por duas ou três vezes. Estranho fez uma careta meio engraçada, evitando olhar em nossos olhos. Ele precisou de uns 2 minutos para dar uma simples resposta, e quando o fez, não fora tão preciso assim.
- Não exatamente. Lembro apenas que meu nome começava com K. - ele pegou o relógio de pulso e o virou - Mas esse relógio tem uma dedicatória para mim. Diz "Com todo o amor, para K.P.".
- K.P.? - Jacob fala pela primeira vez - Cara, podemos te dar um nome?
- Fiquem a vontade.
- Que tal... Kadam? - sugeri coçando o queixo, como uma verdadeira intelectual - Parece bonito. O nome...
