A uma escolha do umbral

Capítulo 11 - Ação e reação

- Carlos você está bem?

- Na verdade não, dói em todo lugar. – Carlos soltou um palavrão ao ver a mão de Lucas, ou melhor, de não vela.

- Calma, não é o fim do mundo, vamos embora por enquanto, nos recuperamos e damos o troco. Agora esses caras pediram briga.

Lucas ajudou Carlos e foram embora, a cada passo parecia que um deles ia tombar, estavam muito machucados e Lucas enrolou a blusa na mão para tentar parar o sangramento. Arrumaram um canto e caíram por ali mesmo.

- Parece que eles não aprenderam nada após essa surra.

- Sim, e pior que isso motivou Lucas. Precisamos fazer algo antes que as cosias saiam ainda mais do controle.

- E o que podemos fazer Pilatos?

- Vou tentar entrar nos pensamentos de Carlos e orienta-lo a deixar tudo para lá. – E assim ele o fez, Carlos sonhou que conversava com sua mãe e ela lhe dava uma bronca por andar se metendo com gente de má índole. Ele pedia desculpas mais dizia que não podia deixar barato o que eles fizeram com ele e ainda mais agora que tinham machucado seu amigo não passaria em branco.

- Carlos acordou e chamou Lucas, não queria saber se ia para o umbral ou para o inferno, ninguém machucava seus amigos e saia impune. – Eles começaram a esquematizar todo seu plano sobe os olhares tristes de Ângelo e Pilatos.

- Parece que não adiantou, porque não falou com Carlos em vez de Lucas?

- Não achei uma boa ideia, Lucas precisa acordar por si próprio. Ele tem uma bagagem grande e é conhecimento suficiente para discernir sobre o certo e o errado.

- Entendo, mais ainda assim não quero ver eles seguindo pelo caminho da dor. Sabemos que toda ação tem uma reação e a que eles estão tramando não é nada legal.

- Vamos aguardar e pedir para que eles desistam dessa vingança tola e sem sentido.

- Porque alguém que passou por tanta dor e sofrimento iria querer mais uma vez seguir o caminho da dor e das provações?

- Talvez alguém que só conheça esse caminho Ângelo, devemos ajudar e mostrar que existem outras formas de alcançar nosso crescimento e paz interior, tudo depende de nossas escolhas, há sempre outro caminho.

- Agora que você disse Pilatos está escrito na resposta da pergunta cento e vinte dois do livro dos espíritos mais ou menos assim: " O livre arbítrio se desenvolve a medida que o espirito adquire a consciência de si mesmo...A causa não está nele, está fora dele, nas influencias a que cede em virtude de sua vontade livre..."

- Nada mais que a verdade, nós somos o reflexo de nossas escolhas Ângelo. Veja, eu escolhi plantar a dor e a vingança e em troca passei anos em cativeiro colhendo o que havia plantado. Hoje planto amor e caridade e na verdade não o faço esperando colher nada, o faço pois aprendi que o amor é a maior benção de todas e quanto mais o dividimos mais ele cresce.

- Sábias são suas palavras meu irmão. Espero que elas cheguem até o coração de Lucas e ele desperte. O que no momento ele planta só trará mais dor e sofrimento para ele e quem estiver a volta dele, como uma reação em cadeia. – Pilatos se aproximou dos dois.

- Vai curar-lhe a mão?

- Não, apenas parar o sangramento. Deixarei que ele sinta minha presença, o que você falou sobre influencia a que cede, uma vez ele me influenciou positivamente e com isso pude me libertar, farei o mesmo por ele.