INDOMÁVEL - SÉRIE DARK HAND - VOL I [RETIRADA DIA 06/04/2020]

3

O banheiro não estava tão cheio.

Um cara reclamou enquanto usava o mictório e eu mostrei o dedo do meio para ele no tempo que procurava uma cabine livre. Era estranho como o banheiro dos homens não estava podre como o das mulheres.
Depois de quase virar o pé três vezes na tentativa de fazer xixi sem encostar no vaso eu me sentei e dei risada. Que merda eu estava fazendo ali? Me limpei, dei descarga precisando me apoiar no box para subir as calças e fui até a pia lavar as mãos, me concentrando muito mais do que devia para andar em linha reta.
Bebi um pouco de água da torneira e me olhei no espelho. Até que eu não estava nada mal.
Dei risada lembrando da minha insanidade na pista de dança e então ouvi a porta do banheiro bater com força, tomei um susto e me virei desconcertada para ver a cena mais estranha da minha vida. Pelo menos até aquela hora.

Havia um segurança dentro do banheiro, isso normalmente não me deixaria nervosa, mas o homem para quem eu havia dito que não precisava de ajuda estava lá também, me encarando com um sorriso de canto nos lábios finos e mãos no bolso de seu jeans que devia ser muito caro.

- E-e-está perdido? - falei me enrolando, meu coração batia nos ouvidos e eu tinha certeza que seria estuprada. Obrigada fogo no cu pela bebida, pensei ironicamente, eu estava fodida!

- Eu não falo sua língua, mas você parece falar muito bem a minha - o homem falou em inglês. Malditos gringos. Então eu comecei a gastar meu inglês que tanto suei pra conseguir.

- Vocês são folgados demais, quando pisamos na terra do Tio Sam somos todos obrigados a saber a língua de vocês E não, nós NÃO falamos espanhol. Chama português, conhece? - Não sei da onde eu estava tirando aquela coragem de ser atrevida com aquele homem, ele exalava poder, dinheiro, domínio. Eu o observei ser o centro da mesa com seus companheiros, eu sabia que ele não era protegido daquele modo a toa.

- Eu sei que vocês falam português, o que eu não entendo é essa sua postura. Eu já havia escutado que brasileiras eram quentes - ele disse se aproximando lentamente - mas o que você é, isso ainda não tem nome - ele sorriu, mas pude ver que o sorriso não chegou aos olhos - Onde aprendeu a dar uma joelhada daquele jeito? - O homem colocou a mão no meu queixo e olhou profundamente nos meus olhos, aproximando nossos rostos.

Eu sei que estava mais bêbada que bicha menor de idade em parada gay, mas aquele homem conseguia ser mais bonito de perto do que de longe, e de longe ele já era maravilhoso. Pude ver os olhos castanhos me encarando sob um belo par de sobrancelhas grossas e vivas, uma delas estava erguida como se esperasse logo a resposta. A boca fina estava aberta em um sorriso de dentes brancos e retos, notei os caninos destacados e sorri, achando aquilo sexy pra caralho. O filho da puta ainda tinha covinhas nas bochechas e que apareciam, apesar dele não sorrir de forma verdadeira.
O rosto tinha as mandíbulas marcadas e a barba por fazer, me lembrei de anotar esse fato mentalmente porque isso significava testosterona, que significava um belo pau grande. Comecei a rir histericamente do meu pensamento sujo, o homem pareceu não entender nada, o sorriso em seu rosto sumiu e ele tirou a mão do meu queixo.
Eu vacilei, quase caindo para trás com aqueles saltos enormes e ele me puxou pela cintura, sustentando meu corpo, me fazendo voltar ao equilíbrio.
Ter aquele homem me segurando era irreal, eu não era o tipo dele então tentei não me abalar.

- Me desculpe - eu falei terminando de rir e limpando as lágrimas que saiam dos olhos - preciso ir encontrar minhas amigas - tentei me soltar dele, mas ele não me largou.

- Eu poderia te levar em casa. Segura e inteira, eu juro - demorou algum tempo, mas ele ergueu as mãos finalmente me soltando e eu o encarei como se ele fosse louco.

- Eu não sei como é no seu país, mas aqui, essa situação em que estamos já é estranha o bastante, então faça o favor de sair da minha frente ou eu vou fazer um escândalo. O tio de uma das minhas amigas é dono disso aqui e seria assim - eu estalei os dedos - pra eu te foder com um processo.