"I don't know where he's going
I don't know where he's been
But he is restless at night
'Cause he has horrible dreams
So we lay in the dark
Cause we've got nothing to say
Just the beating of hearts
Like two drums in the grey
I don't know what we're doing
I don't know what we've done
But the fire is coming
So I think we should run"
Daughter - Run
Acordei suando, mesmo com a noite gelada ainda sentia o calor do pesadelo. O quarto imerso em escuridão mostrou que ainda era madrugada e fazia muito frio, as palavras de meu "amigo" de outro mundo ainda estavam latejando em minha mente, mais claras que uma lâmpada e meu coração ainda batia acelerado.Fui até o banheiro lavar o rosto, a água gelada alivia parte da sensação de sufocamento da queda, mas não por completo. Volto para a cama, e tento dormir, entretanto não consigo- o sonho, ou pesadelo não sai da minha cabeça.
As horas custam a passar e o dia nascer, quando isso enfim acontece já estou pronta para iniciar meu dia. Saio de casa rumo à faculdade enquanto meus pais estão começando a acordar, preferi assim, não estou no clima para explicar o motivo da suposta insônia, já basta minha irmã que vai me ligar assim que acordar e não me ver na cama.
Com o passar do dia, à noite mal dormida começou a cobrar seu preço. Estou morrendo de sono e minha cabeça não para de repetir aquelas palavras. Assim, as aulas se arrastam de forma tão vagarosa que parece uma tortura silenciosa, tudo ao meu redor irrita e nem minhas musicas acalmam essa nova ira crescente. Mal toco na comida, só consigo pensar em ir para casa dormir, e tirar aquele maldito sonho da cabeça para poder descansar.
Quando finalmente o dia acadêmico acaba vou direto para minha cama e durmo em fração de segundos, dominada pelo cansaço. Esquecendo completamente todas as minhas obrigações e preocupações, mergulhando direto em um sono profundo e conturbado.
Meus sonhos são uma bagunça; uma tremenda confusão e muita correria. De repente tudo fica mais nítido e me vejo correndo por um labirinto feito de altas e densas paredes de pedras brutas cobertas por trepadeiras, que parecem ser a única coisa que mantem as rochas no lugar, o chão também é de pedra, tornando o caminho mais irregular e arenoso.
Havia criaturas horrendas me perseguindo, eles gemiam e gritavam enquanto brandiam espadas, machados e enormes lanças em minha direção. Em meio à fuga não consegui dar uma boa olhada neles, mas tenho quase certeza que eram uma mistura de esqueletos e cartas do tamanho de pessoas. Talvez soldados, que perderam seus elmos de batalha há muito tempo.
Como podia? Quanto mais eu corria mais seres surgiam. Deparei-me com um beco sem saídas, e para piorar aquelas paredes não tinham trepadeiras grossas o bastante para uma escalada segura. Mesmo assim tentei ao ouvir eles se aproximando gritando. Mais rápido de que tinha calculado as criaturas me alcançam, fui puxada com força para baixo.
Encolhi-me no chão com o baque da queda e logo vieram os chutes e facadas deles. A dor excruciante parecia não ter fim, como se ainda fosse possível estar viva. Uma das cartas me virou com brutalidade e, com ajuda de uma faca, arrancou meu coração, os outros comemoram. A ultima coisa que vi foi um coração pulsando sangue na mão de um esqueleto com corpo de carta.
Acordo com minha irmã me chacoalhando.
- Ali acorda! Você estava gritando...
Ela está assusta e eu totalmente perdida. Parece, agora, que estou em um sonho.
- O que? Onde estou?
Pergunto sonolenta sem sentir meu corpo direito. Minha mandíbula dói, como se tivesse levado um soco e minha boca está extremamente seca, com um gosto amargo. Olho a cama: dormi com a roupa que cheguei e em cima da minha bolsa, por isso a dormência no braço e rosto, mas é difícil não culpar a queda.
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O Outro Lado - Livro Um
FantasyLivro completo na amozon, Alissa desde pequena foi atormentada por pesadelos com um mundo destruído, e sempre com a mesma criatura, um rapaz um tanto peculiar e reservado que a levava para as mais estranhas vivências enquanto dormia. Os anos se pass...