Capítulo 2: Visão de Fernando

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Adentrei a sala de jantar de minha casa e encontrei tudo em perfeita ordem. Minha filha, sentada à direita da mesa, Sra. Antoniella a seu lado e os empregados da cozinha alinhados ao fundo do cômodo, prontos para servir nossa refeição.

Cumprimentei a tutora com aceno de cabeça e dei um delicado beijo na mão de minha filha. Logo, me sentei à cabeceira da mesa e com um olhar que dei ao chefe de cozinha, o jantar começou a ser servido.

Em determinado momento da sobremesa, Antoniella pediu minha atenção.

_Levei Íris Liz ao psicólogo hoje e ele solicitou sua presença para uma conversa antes da próxima consulta, na semana que vem.

Fiquei um pouco surpreso, mas logo me recuperei. É absolutamente normal que um bom pai, como eu, converse com um profissional que cuida de sua filha.

_Sim, claro. Marque nosso encontro para amanhã a tarde, antes do jantar com o empresário francês.

_Papai, eu só queria dizer que não fiz nada de errado. _Íris me olhou com os olhos verdes de súplica mais inocentes e belos que já vi.

_Tenho certeza que não, meu amor. Antoniella, leve Íris para o quarto e coloque-a para dormir. Depois, venha falar comigo.

_Sim, senhor.

As duas pediram licença da mesa. Minha filha me deu um beijo de boa noite e seguiu para seu quarto, acompanhada da tutora.

Eu, alguns minutos depois, deixei a mesa e fui para a biblioteca procurar uma boa leitura para descansar.

Me deliciava com as estratégias de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, quando Antoniella bateu à porta.

_Como Íris está? _perguntei quando ela se acomodou a poltrona de couro ao meu lado.

_Bem, mas um pouco preocupada com sua conversa com o Dr. Arinos.

_Entendo... Ele deu alguma dica do que está havendo?

_Não para mim, senhor.

Comecei a procurar mudanças no comportamento de minha filha. Atualmente eu não estava tendo problemas com ela... A não ser...

_Aumente a carga horária de estudos dela. Coloque mais aulas de mandarim, italiano, francês... Coloque mais aulas de conteúdos que ela tem apresentado dificuldade. _o que meu pai fazia quando eu estava na mesma situação? _Acho que ela está precisando de um pouco mais de rigidez. Seja mais exigente com ela também. Corrija a postura, o modo de falar, as distrações, o desenvolvimento das aulas. Íris já é uma moça, deve agir como tal.

_Sim, senhor. Irei me dedicar a esta nova tarefa.

_Muito bem. Está dispensada.

Em silêncio, Antoniella se levantou e foi embora. Eu, já estupefato das manobras de guerra, guardei o livro em seu devido lugar e fui aos meus aposentos, procurar outra distração.

A pequena do papaiOnde histórias criam vida. Descubra agora