Capítulo 22

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- Any – Alfonso se aproximou de Anahí logo quando ela acabou de desligar o celular, ela estava completamente pálida e ele se assustou – O que aconteceu? Está tudo bem com Christian?

- Sim – Anahi murmurou baixinho. Ela nunca se perdoaria de algo acontecesse a Alfonso ou a sua filha por culpa sua. E o pior, ela sabia que Lawrence faria o que tinha prometido – Só to com dor de cabeça, acho que minha pressão baixou ou algo assim.

- Venha – Alfonso a segurou pelo braço para que ela não caísse, e a levou para o quarto deles – Vou buscar um copo de água e um remédio pra você – Ele disse quando a deixou confortável na cama. Alfonso retirou o vestido dela, ligou o ar, colocou um cobertor por cima dela e a beijou carinhosamente na testa antes de sair.

Anahi deixou cair a primeira lágrima assim que ele fechou a porta, seguida por outra e mais outra, até chegar ao ponto de chorar compulsivamente. Ela não podia está passando por isso de novo, ainda mais agora que tinha Alfonso.

Alfonso ficou de coração partido ao voltar e encontrá-la daquele jeito, ele a entregou o que tinha ido buscar e se deitou ao lado dela, puxando-a para deitar em seu peito.

- Já vai passar, amor – Ele fez carinho na costa dela e tinha sua boca colada na testa de Anahi até que ela começou a se acalmar. Ela o agarrou forte por alguns minutos, sentindo seu cheiro antes de tomar sua decisão e então soltá-lo.

Anahi virou para o lado e fingiu que tinha adormecido, ele a ficou olhando por alguns minutos até que alguém bateu na porta. Anahi ouviu a voz de Maite perguntando como ela estava e Alfonso respondeu que ela já estava dormindo e que ele não voltaria para a festa. Maite concordou e logo voltou a sair.

Anahi reprimiu a vontade de começar a chorar de novo, ela não merecia Alfonso. Ela devia saber que ninguém que se envolvesse com ela estaria seguro se Robert conseguisse encontrá-la, e mesmo assim trouxe Alfonso para o meio de sua própria confusão. Não era justo.

Alfonso colocou sua roupa de dormir e se juntou a ela na cama, a abraçando por trás, envolvendo o corpo pequeno e frágil da mulher a sua frente. Ele não entendeu muito bem o que aconteceu com ela, mas se pudesse, sem duvidas nenhuma, ele pegaria toda a dor dela para si. Ele a amava e isso era a coisa mais clara em sua vida.

Os dias que se passaram e logo chegou o dia de voltar para casa. Anahí estava arredia, não se aproximava muito, dizia que estava com dor de cabeça, se sentindo mal. Alfonso estava preocupado, mas não sabia ao certo o que fazer. Maite e Dulce tentaram conversar com Anahi, mas a morena sempre mantinha a mesma resposta. Por alguns minutos ela até voltava a ser a mesma Anahi, brincava, ria, porém logo depois se fechava em uma concha onde ninguém podia entrar.

A cabeça de Anahi estava a mil. Queria falar, queria compartilhar com Alfonso, entretanto tinha medo de envolvê-lo. Não era que ela não confiasse nele, Anahi não queria que nada acontecesse com Alfonso, ou com a sua filha que estava a caminho. Ela não se perdoaria se Alfonso se machucasse por sua culpa.

No dia de voltar para a casa, Anahi estava decidida, só não tinha coragem para fazer o que tinha que fazer. Ela adiou até o máximo que pôde, ela sabia que da feita que o fizesse Alfonso nunca mais a olharia em sua cara, mas Anahi gostava de pensar de um dia Lawrence a esquecesse e ela finalmente poderia voltar para os braços de Alfonso, isso a reconfortava de alguma forma. Apenas não agora. Se agarrar nessa ideia a fazia ter forças.

O caminho inteiro até Nova York só não foi um completo silêncio, pois às vezes Alfonso falava alguma coisa e ela murmurava qualquer resposta sem sentido, até que eventualmente ele parou de tentar. Alfonso sentia Anahi escorrendo entre seus dedos e nunca sentiu tanto medo em sua vida.

Ele estacionou o carro em frente ao prédio de Anahi.

- Chegamos – Alfonso ouviu quando ela respirou fundo e se virou para ele.

- Alfonso, eu preciso de um tempo. Um tempo pra pensar em algumas coisas – Anahi tentou não tremer a voz, ele tinha que acreditar nela nesse momento.

- Tempo pra que? – Alfonso a olhou, estudando-a. Anahi parecia confiante, mas tinha algo estranho. Ou pelo menos ele gostaria de acreditar assim – Se você precisa pensar porque estamos muito rápido? Se arrependeu de dizer que me amava?

- NÃO – Anahi gritou, estava desesperada e já sentia as lágrimas queimando seus olhos. Mas então pensou, talvez essa fosse a forma mais rápida... – Sim, é exatamente isso. Estamos indo muito depressa – Ela concordou e viu quando Alfonso mudou sua expressão.

- Se você precisa pensar nisso então é porque não sente o que você disse que sentia. – Alfonso falou rude pela primeira vez com ela, mas Anahi não o culpava. Era melhor que ficasse com raiva.

- Eu... – Anahi gaguejou, mas desistiu de falar. Afinal, o que poderia dizer agora? – Perdão – Ela o olhou por uma ultima vez, então abriu a porta e correu para dentro do bar de Christian o mais rápido que podia.

Christian que estava lá arrumando algumas coisas, viu quando a amiga passou como um furacão, ele tentou a chamar, porém ela já estava subindo as escadas. Preocupado, ele saiu do estabelecimento e viu Alfonso, ainda parado com o carro no mesmo lugar. Christian se aproximou e só quando ele falou foi que Alfonso percebeu a presença dele.

- O que aconteceu?

- Nem eu entendi – Alfonso sorriu irônico – Mas quer saber? Nem sei se eu quero – Christian confirmou com a cabeça, cauteloso. Algo sério tinha acontecido – As malas dela ainda estão no porta mala. – Alfonso abriu a mala e Christian retirou-a de dentro.

- Não a julgue, Alfonso, dê um tempo a ela. – Christian tentou. Anahi estava tão feliz, o que diabos tinha acontecido para que mudasse isso? Ele precisava saber e ajudá-la. Não ia deixá-la se afundar novamente.

- Tempo... Vocês ficam falando de tempo. Eu tenho mais de trinta anos, Christian, eu não tenho mais tempo a perder. Eu pensei... Deixa pra lá – Alfonso deu de ombros, antes de ligar o carro e dar a partida.

Christian foi até o quarto de Anahi, ele bateu, mas ela não abriu, ele então tentou abrir com a chave reserva que tinha, mas ela tinha passado a tranca interna. Anahi nunca tinha feito isso.

- Any? – Christian tentou mesmo do lado de fora. Sem resposta. – Anahi, abre essa porta, vamos conversar – Sem resposta novamente.

A morena estava dentro do seu quarto, vasculhando tudo a procura de um maldito papel com um maldito número de telefone.

Ela precisava... A dor estava enorme, a vontade de sumir nem que fosse por alguns segundos a dominava. Anahi ia jogando tudo no chão, até que encontrou o que estava procurando e discou o número anotado no papel. O soluço que estava preso na garganta e as lágrimas que escorriam se cessaram quando a pessoa atendeu do outro lado da linha.

- Mark? Eu estou precisando...



Recado da autora: Alguém se lembra quem é Mark? Ele já apareceu na história... :/ Eu odeio e amo escrever esse tipo de cena.. Estamos quase entrando na reta final. Bom domingo pra vocês.

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