Love And Other Drugs

Capítulo 12: Flashback parte I

Henrique Portilla adentrou no escritório do Portilla-Lawrence Hotéis deixando um rastro de álcool por onde passava. O homem de meia idade parecia muito mais velho naquele momento, as olheiras entregavam que provavelmente aquela foi mais uma das noites desperdiçadas em algum bar e jogatina.

- Sr. Portilla, você não pode entrar ai! – A secretária apressada foi em direção ao homem que tentava entrar a todo custo na sala da presidência, onde foi seu escritório por mais de trinta anos – Eu vou chamar o segurança.

- O CARAMBA QUE EU NÃO ENTRO! – A moça até tentou, porém não foi o suficiente para conseguir impedir que Henrique entrasse no cômodo.

- Henrique – O homem que agora sentava no lugar que era do pai de Anahi o cumprimentou com um fingido pesar ao ver seu estado.

- Robert, o que significa isso? O que você está fazendo na minha sala?

Robert Lawrence era um homem alto, cabelos claros, com os olhos extremamente azuis, costumava a chamar atenção por onde passava e Anahi não era imune a ele. Seu pai Bill Lawrence foi o melhor amigo de Henrique enquanto vivo, ambos criaram a franquia de hotéis Portilla-Lawrence, hoje em dia com diversas construções ao redor dos Estados Unidos.

Robert era fascinado por Anahi desde a adolescência, ela era quase dez anos mais nova que ele e por isso nunca chegaram a engatar um relacionamento amoroso, agora Anahi estava beirando a maioridade, apesar do coração pesado pelo estado do pai estava a ponto de ir para a faculdade de música em Nova Iorque que tanto queria, onde tinha ganhado uma bolsa de cinquenta por cento.

Assim que a mãe de Anahi faleceu quando a mesma era pequena, Henrique que era muito apaixonado por aquela que foi sua companheira a tantos anos sofreu demais, se afundando em bebidas e jogos de azar. Depois de muita insistência de seu sócio e melhor amigo Bill, ao ver o sofrimento da filha que não passava de uma criança na época se internou em uma clinica de reabilitação permanecendo no local por seis meses.

Henrique estava melhor, passou anos sem colocar uma gota de álcool na boca, mas então aconteceu outra tragédia, Bill faleceu em um grave acidente de carro, sendo a gota d'água para a fraqueza de Henrique retornar, e mais forte do que antes.

Agora Robert, herdando as ações do pai na empresa, mantinha praticamente o mesmo poder de Henrique, principalmente em razão dele quase não aparecer mais ali. Até então Robert não havia colocado suas garras de fora, o que eventualmente faria e não demoraria muito.

- Henrique, sente-se – Robert mantinha um tom pacificador – Ontem tivemos uma reunião com todos os acionistas e chegamos a uma conclusão.

- Uma reunião? Sem mim?

- Você foi informado Henrique, e não compareceu como sempre – Robert suspirou - Não se pode mais continuar assim, é com muita tristeza que informo que você não deve mais fazer parte da empresa – Henrique até então que se mantinha calado, gargalhou alto, resultando em uma tosse profunda.

- Essa empresa é minha, esses hotéis são meus, você é só um moleque que mal saiu das fraldas – Henrique desdenhou.

- Acontece Henrique, posso não ter tanto tempo quanto você, mas você é alcoólatra e um viciado, não está em seu juízo perfeito e nem tem capacidade de comandar a rede de hotéis nesse estado, você deve e vai ser interditado, meus advogados já estão entrando na justiça para cuidar desse assunto, então você tem apenas uma saída, aceitar a sua doença e vender suas ações pra mim – Robert tinha um sorriso contido no canto da boca.

- Eu... Eu tenho uma filha, e...

- Por favor Henrique, ambos sabemos que Anahi não quer ter nada a ver com isso aqui e que ela não saberia nem o que fazer nessa posição.

- Como eu vou sustentar minha família? Como... Minha filha...– Henrique começou a falar consigo mesmo, entrando em colapso, sua mão tremia, a falta de álcool no sangue já fazendo efeito

- Porém... – Robert voltou a falar, levando um dedo ao queixo, fingindo-se pensativo, pronto pra dar sua cartada final – Eu tenho uma ideia que pode ser útil e não deixar sua família na miséria – Henrique o olhou um pouco incrédulo, mas se manteve calado esperando ele continuar - Anahi deverá se tornar minha esposa.