Capitulo 01

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Noite de 03 de dezembro de 2011

Camille Davis

A madrugada estava gelada. O vento soprava meus cabelos que ricocheteavam no meu rosto. Era uma noite barulhenta apesar do horário. Os galhos agora quase sem folha balançavam, sussurrando ao vento e a música ainda explodia pelas paredes do ginásio embora só restassem dez pessoas na festa.

A noite de formatura. Eu tinha esperado por aquela noite durante o ano todo, não por gostar de festas, mas por estar livre da escola. A faculdade era o meu próximo passo. Morar sozinha ainda estava fora de cogitação, minha mãe não havia aceitado bem o divórcio por isso eu decidi ficar com ela e esperar mais um ano passar.

Eu estava esperando Alison, minha amiga de infância, no estacionamento há aproximadamente dez minutos quando ela finalmente abriu as portas pesadas de ferro que davam para o ginásio de esporte da única escola da cidade.

Suas bochechas estavam rosadas, seu cabelo que no começo da noite estava preso em um rabo de cavalo glorioso, agora parecia ser o lar de passarinhos selvagens, e o batom vermelho que sua mãe havia lhe dado de presente, borrava todo o canto direito da sua boca. Isso significava que nos dez minutos que eu estava congelando, ela provavelmente estava dando uns amassos com seu novo crush. Algum jogador de futebol idiota.

—Você está com frio? —Ela tirou seu casaco e me entregou sem precisar de resposta. É claro que eu estava com frio, o inverno estava próximo e as madrugadas mais frias que o normal.

Ela sorriu quando eu aceitei o suéter preto e o passei pela cabeça. Olhou para seus pés, como se estivesse envergonhada de me deixar andar três quadras sozinha ás quatro da manhã.

Eu sabia o que ela iria dizer, era a mesma desculpa em todas as festas que íamos desde que fizemos 16 anos e nossos pais começaram a nos dar liberdade: ­— Camille eu não posso ir... O (nome do idiota com músculos no lugar do cérebro da vez) tem jogo amanhã então ou ele me leva para casa, ou levamos você para casa.

Na primeira vez eu fui burra o suficiente para acreditar que ele realmente á levaria para casa e tentei argumentar que morávamos na mesma rua. Naquela noite, quando voltei chorando para casa, Caroline, minha irmã mais velha, me abraçou e me explicou que nem todas as meninas eram desajustadas como eu e escolhiam se manter virgem mais por falta de opção do que por boas maneiras.

Ela não usou exatamente essas palavras, mas foi o que eu entendi.

Enquanto Alison complementava sua desculpa com o quanto era importante para ela passar a noite com o Josh, o idiota da vez, eu comecei a tirar a sandália preta que ela me emprestará mais cedo, quando estávamos nos arrumando em seu quarto.

—O que está fazendo? — Eu lhe lancei um olhar de "Ta de brincadeira né?" E ela revirou os olhos. —Eu sei que você está tirando os sapatos, o que quero dizer é por que?

Expliquei sem muita paciência que estava devolvendo suas sandálias e ela me insistiu que fosse embora com eles.

—Não posso arriscar ser a culpada por te deixar com um resfriado. — Quase disse para ela que na verdade um resfriado era a coisa menos preocupante que poderia acontecer comigo por andar sozinha na rua de madrugada. Quase.

Nossa cidade era tranquila, mas aquele era um sábado de festa a maioria dos jovens estavam bêbedos, com as chaves do carro de seus pais e com um espirito de liberdade renovado.

—Anthony estava te procurando. — Eu continuei a desamarrar a sandália sem lhe dar atenção. Ela vivia tentando usar minha paxonite de infância contra mim, mas eu não caia nessa á muito tempo. — O irmão engomadinho dele não parava de te olhar.

O amor (não) doí.Where stories live. Discover now