Jogada Imprevista

Prólogo

Não me cansava de observar os arranha-céus de Nova York. A cidade era bem movimentada e bonita. O fuso horário ainda me confundia mas não podia deixar de apreciar aquela manhã incrível. Estava tão próximo a ela, que só faltaria fazer uma contagem regressiva enquanto o típico taxi amarelo dava voltas nas ruas para me deixar no endereço certo.
E a poucos minutos estava lá, encarando uma casa arquitetada, com uma porta enorme de madeira e o jardim bem cuidado. Abaixei pegando a mala e arrastando a outra até apertar a campainha.

— Eu já vou! Eu não sei porque você sempre esquece alguma coisa Harry!

A voz familiar ecoou abafada me causando arrepios e meu coração parecia querer se desprender do peito. Ela nem imaginava que estaria ali porque não disse nada a respeito. Bastava abrir a porta para que todas as barreiras desse curto espaço de tempo fossem quebradas.
Assim a ideia de felicidade me recebeu linda, vestida com jeans casual e o novo corte de cabelo com a franja na testa. Hannah me encarou como se fosse um fantasma e logo seus olhos se encheram de lágrimas e me abraçando pude aperta-la de forma intensa pra que soubesse que era real. Fiz seus pés saírem do chão não segurando as lágrimas de pura felicidade.

— N-Nathan... M-meu amor!

Os soluços baixinhos denunciavam que ela esperava por mim desde o primeiro dia. Acariciei seu cabelo e se afastando, sorriu fraco com o rosto molhado me olhando como se admira um por do sol. Ao selar nossos lábios de forma urgente e forte, tudo parecia depender do nossos toques para que só tivesse mais certeza que aquela discussão mal resolvida ficasse no passado.

— Ficaria te beijando até me cansar mas quero que você entre! — seu olhar se direcionou as duas únicas malas que carregava e colocando a mão na boca quase soltou um gritinho — meu Deus! Você trouxe malas Nath! Eu posso te ajudar!

A impedi segurando a alça das duas e entrei deixando elas no canto e Hannah me acompanhou até a sala e fez sinal para que me sentasse. Pela rápida visão, a casa parecia ser mais espaçosa com móveis de madeira bem posicionados mesclando com os tons de preto e pequenas esculturas espelhadas pela estante cheia de livros.

— Você continua linda meu amor... Gostei do seu novo corte de cabelo, estilo Anastácia...

— Nathan — ela soltou um risinho revirando os olhos — senti falta da sua ironia e sarcasmo! Sobre o cabelo, é bom mudar, pelo um pouco. E-eu, não estou acreditando que você está aqui... Não me diga que essas malas são para alguns dias aqui.

— Bem... — se sentando ao lado tomou minhas mãos querendo ouvir tudo — Dizem que "Nova York, nova vida" Então... Estou aqui pra encarar os desafios. Minha carta da Universidade atrasou por isso achei que não teria chances... Não te disse isso e te acusei como um idiota porque também fiz a prova e desacreditei quando fiquei pra trás...

— Nathan...

— Quem seria o outro que você chamou?

— É o meu primo seu bobo! Ele precisou ir na casa de um amigo fazer um trabalho escolar. — ela descansou a cabeça no meu ombro entrelaçando nossos dedos — amo meus tios, mas estou planejando sair daqui. Há duas semanas fui em algumas imobiliárias para fazer uma cotação de preços...

— Quer privacidade para dançar sozinha?

— Sim, sim mas quero que dance comigo agora. — sorriu convidativa — com a herança que Srta. Forman deixou pra mim só gastei uma parte para comprar um carro e alguns livros da faculdade...

— Minha garota está dirigindo!? Puta merda! Hannah Watson dirigindo. Começar a imaginar isso me excita!

— Cala a boca! — me repreendeu com um tapinha no braço — Andrew me paga! Falei com ele na faculdade e ele nem me contou que você viria!