Já me sentia a vontade naquele apartamento. A vista alta era completamente linda, e todas as manhãs podia contemplar o do nascer do sol em meio aos prédios da cidade. Uma grande janela para o mundo.
A visita de mamãe foi rápida mas o suficiente para que a melhor arquiteta pudesse repaginar o ambiente inteiro.
Papai gostava de móveis clássicos e cores escuras então, Agail Cambpell e Hannah foram as compras dos móveis, peças de decoração para que o apartamento fosse totalmente meu.
Com mais uma camada de tinta creme na parede, desci das escadas passando as costas da mão na testa.— Agora só falta três paredes Nathan!
Bufei pensando alto comigo mesmo e logo ouvi os murmúrios da voz de Hannah que se aproximando.
— Falando sozinho grandão?!
Hannah apareceu na porta do quarto segurando algumas sacolas de mercado. Ela estava ainda mais sexy com um rabo de cavalo frouxo chamando atenção para sua franja na testa que ficou tão bem nela.
— Deixa eu te ajudar com essas sacolas.
— Não! Vou deixar isso na cozinha e te ajudar com essa parede! Depois fazemos o almoço!
Movimentei a escada e ela entrou no quarto tirando o rolo da minha mão o molhando mais na tinta. E logo começou a pintar a outra parede. Não queria que ela fizesse aquilo e terminasse toda suja.
— Meu amor, não precisa fazer isso!
— Andrew poderia dividir o apartamento com você? — ela ignorou o que tinha dito continuando o serviço —
— Sim, sem problemas...
— Sabe que ele estava quase sendo despejado?! Liza está desesperada já que não pode sair da casa dos tios...
— Mais que filha da mãe é o Andrew! — resmunguei tirando a camiseta suada — eu disse pra ele que qualquer problema que aparecesse poderia contar comigo e ele nem sequer diz!
— Talvez ele estava nervoso e não queria te incomodar dessa forma...
— Vou arrasta-lo pra cá o mais rápido possível!
Falei pegando um pincel grande e outra lata pintando os detalhes. Depois de alguns minutos de silêncio, observava como Hannah estava tão concentrada em fazer aquilo. Quando enfim desceu os degraus um sorriso perverso surgiu em meus lábios. Sorrateiro, molhei o dedo indicador na tinta melando sua bochecha inesperadamente.
— Ei Nathan! Então é assim?
Me olhando incrédula, veio furiosa e divertida me atacar com tinta fresca manchando meus braços. Correndo atrás de mim decidi inverter aquilo a marcando pelos braços e a ponta do nariz.
Nossas gargalhadas ecoavam no quarto vazio e finalmente a abraçando percebi que nossos corpos estavam mais pintados do que as paredes. Desvencilhando Hannah segurou a lata de tinta como arma.— Não é justo! Larga esse pincel no chão!
Ela advertiu respirando fundo jogando a franja para o lado. Assim fiz e aproximando a segurei e se rendendo a beijei de maneira intensa e prazerosa. Suas mãos corriam em meus braços manchados enquanto bagunçava seu cabelo perto da nuca.
Ela poderia fazer qualquer tarefa chata parecer a coisa mais recompensadora no final.
Dei impulso pra que subisse em minha cintura e segurando nas suas coxas caminhei até colocá-la sentada na escada. Hannah arranhava minhas costas descendo até o cós da calça e jogando a cabeça para trás pude explorar seu pescoço com mais beijos.
— Nath... — ela gemeu baixinho enfiando os dedos no meio do meu cabelo — eu...
— Você fala demais às vezes...
Rosnei enquanto trilhava beijos em sua mandíbula até chegar em seus lábios novamente. Sorri do entre o beijo, Hannah logo se afastou arfando retirando o celular do bolso atendendo.
— A-alô?
— Seja quem for, atrapalhou tudo. — sussurrei arqueando a sobrancelha sorrindo malicioso —
— Tudo bem mãe! Estou aqui no apartamento do Nathan ajudando ele com a mudança... Sim, sim. Só não liguei antes porque estava ocupada estudando! Eu juro! Não mãe! Por favor pare de pensar que vamos transar!
Hannah revirou os olhos caminhando de um lado para o outro e vestindo minha camiseta gesticulei com os dedos como se pudéssemos fazer aquilo depois.
— ...Quer falar com ele? Ah tudo bem vou passar o telefone. Te amo muito! Beijos!
— Olá Erin! — coloquei o celular na orelha tentando não fazer uma careta de estranheza — tudo bem?
— Eu queria que estivesse melhor Nathan, mas a notícia que tive ontem foi... Péssima. Quero que você fale para Hannah. E-eu... — ela parecia escolher cada palavra que falaria — bom, Erick foi encontrado morto nesta madrugada por conta de uma overdose. N-no próprio quarto, e mesmo que todo aquele terror tenha acontecido, Hannah um dia fez parte da vida dele... Entende?
Assenti engolindo seco e naquele momento meu semblante já tinha mudado. No fundo, de alguma forma senti um alívio, por mais errado que fosse.
— S-sim Erin, eu falarei com ela.
— Não me interprete mal Nathan, só acredito que minha filha tem o direito de saber isso mas eu... — Erin suspirou segurando o choro — cada um tem escolhas a fazer e as de Erick tiveram consequências que custaram a vida dele...
— Entendo Erin. Sinto muito. Contarei a Hannah como quiser...
— Ah! Mesmo que já saiba... Desejo felicidades a vocês e que cuide de Hannah como faz.
— Farei isso — respondi olhando pra Hannah sem enter o teor daquela conversa —
— Vou desligar, tachau!
— Tachau Erin!
Desliguei entregando o celular para Hannah que se aproximou duvidosa.
— Então mamãe estava te passando coordenadas de como fritar ovos no café da manhã?
— Não — sorri falso procurando as palavras iniciais —
— Precisa me contar algo? O que foi?
— Erick — a expressão de Hannah mudou desviando o olhar até um pouco apreensiva. — ele... Ele morreu nesta madrugada por uma overdose.
Hannah levou a mão a boca tentando conter o choro que não conseguiu. Seus sentimentos pareciam mistos entre tristeza, surpresa e decepção. A abracei fortemente para conforta-la. Erik havia feito parte de sua vida apesar de ter se tornado um babaca repulsivo.
— Não queria que isso acontecesse... — com a voz embargada suspirou — por mais que ele tenha me feito mal eu jamais desejaria algo cruel a ele...
— Eu sei amor — me afastei limpando suas lágrimas — não se culpe. Ele fez escolhas e essa foi a sentença mais dolorosa.
Ela assentiu e mesmo assim sentia meu coração se apertar com aquela feição abalada.
— Que ele possa descansar em paz.
A confortei em meus braços, o que era mínimo de se fazer naquele momento. Agora era muito mais profundo do que apenas sentar e conversar sobre as coisas do dia a dia como amigos. O que fosse bom ou ruim compartilharíamos juntos. Seja o que fosse.
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Jogada Imprevista
Romansa| LIVRO 2 | ❝Estou aqui não porque quero ser tudo pra você, e sim tudo aquilo que você não trocaria por nada.❞ Depois da partida conturbada de Hannah, Nathan embarca com duas malas, também levando a coragem e o amor genuíno e incondicional que sente...