× Um pequeno segredo ×

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Chris e eu resolvemos não jogar mais e entramos na casa de novo. A música continuava muito alta e algumas pessoas dançavam, já outras estavam caídas no chão dormindo. Nós nos entreolhamos.

– Então... Eu vou...– Ele se enrolou, enquanto apontava para os lados.

Sorri sem jeito e ele sorriu de volta saindo. Fechei os olhos frustrada e soltei a respiração pelo nariz.

Não conseguia acreditar que já tinha estragado nossa amizade.

Me sentei no sofá e apoiei meu rosto sobre a mão. De repente Brian se jogou do meu lado, colocando seu braço em volta do meu pescoço.

– Cadê o seu par? – Ele perguntou.

– Era só um jogo.

– Ele deve estar batendo uma agora. – Falou rindo.

Revirei os olhos fazendo cara de nojo e me afastei.

– Qual é... Eu to brincando. – Ele fez uma pausa. – Por que não está mais jogando?

– Uma vez pra mim já foi suficiente.

– Queria ter tido a sorte daquele cara. – Brian sussurrou no meu ouvindo.

– Talvez quando você não estiver bêbado ou sendo um completo idiota... – Respondi secamente.

Ele ficou sem reação, me encarando. Desviei o olhar me sentindo desconfortável com seu olhar confuso.

– Não pensei que estivesse te incomodando.

– Mas está. – Respondi ainda olhando para a frente.

Ele se afastou. Meu olhar o seguiu assim que ele se levantou e passou na minha frente. Senti uma pontada de remorso por ter falado aquilo, mas era a verdade. Talvez ele precisasse ouvir isso.

Quando peguei meu celular levei um susto ao ver a hora.

06:20

Eu já deveria estar em casa. Em mais ou menos meia hora minha mãe já estaria acordada. Me levantei do sofá e fui a procura da Holly. Olhei nos fundos da casa, onde algumas pessoas ainda jogavam "sete minutos no paraíso". Procurei por quase todos os cômodos da casa e nada. Minhas maquiagens e meu sobretudo estavam na casa dela e nós havíamos combinado de irmos embora juntas.

06:30

Eu não tinha mais tempo. Fui para a frente da casa e comecei a digitar o numero do taxista.

– Quer uma carona?

Levantei meu olhar rapidamente. Chris estava parado com seu carro na minha frente.

– Não precisa. – Gaguejei.

– Emma. Eu faço questão. – Ele respondeu sorrindo de leve, enquanto abria a porta do conversível.

Sorri de leve e fui até ele. – Obrigada. – Agradeci assim que entrei.

Ele ligou o carro e vez a volta na rua.

– Eu moro na rua... – Ele me cortou.

– Eu sei onde você mora.

Franzi o cenho e fiquei me perguntando como ele sabia disso. Ficamos em silencio por um tempo e eu senti que precisava falar sobre o que tinha acontecido entre nós dois.

– Sobre o beijo... – Falei baixo.

– Era só um jogo. Não precisamos ter essa conversa. – Ele falou desconfortável e ligou o rádio.

– Okay...

"Crazy" do Aerosmith começou a tocar e não consegui deixar de sorrir.

– Você gosta?

– Você tá brincando? – Perguntei olhando para ele. – Como não gostar?

Ele sorriu e aumentou o volume.

Girl, you got a change your crazy aways. – Ele falou me olhando.

I got crazy, crazy. Baby, I got crazy. – Nós cantamos juntos.

Puxei a peruca e meus cabelos loiros caíram sobre os ombros.

Chris estava olhando para mim, sorri sem jeito e fiz sinal para ele olhar para a frente.

Quando ele parou o carro na frente da minha casa ficamos em silencio.

– Obrigada pela carona. – Falei finalmente. Olhei para ele e me aproximei devagar colando meus lábios sobre sua bochecha. Ele sorriu.

– Sempre que precisar.

Peguei minhas coisas no carro e abri a porta. Assim que desci fiquei olhando para ele, esperando ele ir embora. Chris fez a volta na rua e entrou na garagem da casa a frente da minha. Desceu sorrindo e acenou antes de entrar na casa. Fiquei boquiaberta.

Eu sorri e entrei pela porta da frente, esquecendo completamente que havia saído escondida. Assim que passei pela sala ouvi alguém pigarrear. Parei imediatamente e fechei os olhos. Tinha sido pega.

– Posso saber onde a senhorita estava? – Era meu pai. – E vestida desse jeito...

– Eu posso explicar... – Falei me virando para ele.

– Eu espero que sim. – Respondeu cruzando os braços.

– Fiz amizade com duas garotas e uma delas deu uma festa a fantasia. – Comecei a explicar, sem olhar nos olhos dele. – Eu pedi para a mamãe mas ela não deixou.

Seu olhar me fuzilava.

– Se ela disse não, é não. – Ele falou bravo.

– Eu sei mas essa era a minha chance de fazer amigos, rapidamente.

– Há outras formas de fazer isso sem precisar sair escondida a noite em uma cidade nova.

– Como vocês dois conseguem ser tão egoístas assim? – Perguntei com raiva.

Meu pai me olhava incrédulo.

– Vocês resolvem mudar de cidade sem ao menos me perguntar se era isso que eu queria e quando eu tento fazer amigos pra amenizar a perda dos antigos, vocês me proíbem de sair. – Falei dando as costas pra ele. Meus olhos estavam cheios de água.

– Emma... – Ele me chamou segurando meu braço. Mantive meu olhar no chão.

– Eu sei que não está sendo fácil, seu avô me fez mudar várias vezes durante minha infância e adolescência e foi horrível, mas você tem que entender que nós te amamos e que sair assim foi muito irresponsável da sua parte. – Levantei meu olhar até encontrar o seu. – Sem contar que você não pediu para mim... Eu teria deixado. – Terminou me puxando para um abraço. Eu o apertei, me segurando para não chorar.

– Pode subir. Não vou contar para sua mãe, vai ser nosso segredinho. – Falou assim que me soltou. – Mas que isso não se repita, entendido?

Balancei a cabeça concordando. – Obrigada, pai.

Subi devagar, sem fazer barulho e me deitei na cama, pegando no sono imediatamente.

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2017 ⏰

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