Remember Me

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Esse rascunho do último capítulo de Remember Me foi escrito pela Fernanda no dia 23 de março de 2018.

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Tudo estava extremamente calmo.

O silêncio me enchia de uma paz inexplicável, os raios de sol pareciam carícias suaves contra minha pele, o conjunto de aromas diferentes formavam uma fragrância agradável e meus olhos fechados avistavam um lugar lindo, cheio de flores com pétalas brancas e um horizonte infinito.

Eu estava só, mas pela primeira vez aquilo não me incomodou. Eu não procurei por ninguém, não chamei por ninguém, não esperei por ninguém. Aquela sensação me preenchia por completo, eu estava deixando de ser um ser finito para me tornar um ser infinito, sem preocupações e sem dores.
Caminhei durante horas e horas naquele lugar sem fim e algo me dizia que não haveria pôr do Sol nem noite. Eu estava a salvo e aquecida...

Ainda não.

— Hailey... Está acordada? — Chamou a voz suave da minha mãe.

Balancei a cabeça em um sinal positivo e abri os olhos devagar.

Meu campo florido foi substituído pela realidade dos meus olhos, uma realidade sem cores e quase sem vida.

— Você está com dor? — Perguntou ela, acariciando meus cabelos.

— Não... não dói mais. — Respondi.

Sua expressão se suavizou enquanto ela passava a mão pelas minhas bochechas.

— Eu te amo tanto. — Falou ela.

— Eu também te amo, mãe.

Ela sorriu, já com lágrimas nos olhos.

— Sabe, quando você era bem pequenininha eu costumava ler historinhas para você dormir. Um certo dia você virou para mim e disse: "Mãe, eu já estou grande, não precisa mais ler histórias para mim." — Seus olhos fitaram a janela do quarto. — Eu fiquei meio em choque porque percebi estava perdendo minha menininha para a adolescência e em breve para o mundo. — Ela me encarou novamente e suas lágrimas caíram. — Mas estava tudo bem, porque no fim do dia você era a minha Hailey de sempre. Você sempre será a minha menininha, Hailey.

Acariciei sua mão que estava no meu rosto e a apertei levemente.

— Sabia que durante todos esses anos eu senti falta das historinhas que você me contava?

Ela sorriu tristemente.

— Você se lembra de alguma? — Perguntou.

Fechei os olhos e tentei procurar algum pedacinho daquelas histórias, mas só encontrei um vazio imenso.

— Não. — Respondi, balançando a cabeça.

Minha mãe suspirou longamente e pegou minhas mãos.

Os minutos seguintes foram achoados com a voz doce de minha mãe enquanto sua mão plantava uma carícia suave em meus cabelos.
Fechei os olhos e comecei a visualizar a estória que ela estava me contando, os sons e as sensações invadindo meu corpo frágil e sensível enquanto eu me afastava mais uma vez da realidade.
O vento, o lago, as flores, os pássaros

Remember MeOnde histórias criam vida. Descubra agora