A Tempestade

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  O barulho das ondas e o cheiro de mato verde nunca fora tão agradável ao seu nariz. Decidira que amava aquele planeta chamado Ahch-To, e aquela ilha em que estavam. Nunca enjoaria de nada daquilo. Por outro lado, Chewie não estava apreciando muito. Desde a morte de Han Solo, ficava bastante tempo dentro da Millennium Falcon com R2-D2, chorando, e quando não se encontrava lá, era porque estava caçando alguns Fft para serem cozidos e comidos por ele, Rey e Luke. O gosto dos Fft era amargo, porém era a única espécie de animal comestível presente naquela ilha. Fora a atividade de caçar, não havia muita coisa a se fazer. A ilha era pequena e abrigava uma adorável comunidade de Pinlets. Eram criaturas pequenas, cinzas, com menos de meio metro de altura. Muito inofensivos e geralmente tímidos. Rey fez amizade com alguns porém não entendia o que diziam, mas de alguma forma houve diversas trocas de ideias entre eles.

  O treinamento jedi era cansativo, Luke lhe ensinou a dominar as artes telepáticas e também as de telecinese. Para Rey, a melhor parte do treinamento era as lutas com sabres de luzes. Luke permitiu-lhe ficar com o antigo sabre de luz dele, enquanto o novo que ele possuía era verde. Rey percebeu que seus poderes ficaram muito mais fortes desde a sua chegada e não fazia nem duas semanas que estava naquela ilha.

– A Força é forte em você. – Luke lhe dissera uma vez durante um de seus treinamentos telecinéticos.

Rey foi acordada com o barulho de R2-D2. O dróide tinha se auto encarregado de acordá-la para os seus treinamentos diários.

–  Bom dia pra você também. – Rey levantou-se ainda meio mole. Notou que o dróide se agitava mais que o normal.

– O que aconteceu? –  Perguntou, achando estranho a forma em como ele estava se comportando. Sem delongas, ele disse que o mestre Luke pedia sua presença urgentemente. Dado o recado, saiu bruscamente da tenda. Rapidamente, Rey vestiu-se. Odiava sair sem tomar banho, mas não havia tempo para esquentar a água. Jogou uma água no rosto e fez seus três coques na vertical. Guardou o seu sabre dentro de sua bolsa e saiu da tenda.

O ar gelado bateu contra sua pele, o céu estava fechando. Rey pôde ver uma nuvem negra no horizonte se aproximando. Caminhou até a outra tenda que se encontrava não muito longe da sua. Há poucos metros de distância, a Millennium Falcon ainda estava pousada e desligada, Chewie provavelmente estava lá dentro dormindo. Um Pinlet passou correndo na sua frente e sumiu entre as pedras.

A tenda de Luke não era luxuosa. Com uma mesa de madeira redonda no centro e com duas cadeiras em volta; uma cama de solteiro e com um criado mudo de madeira, compunha o interior de sua tenda. Luke estava sentado, bebendo água e comendo pão na mesa. Ele notou sua presença.

– Uma tempestade vem aí. – Rey se pronunciou e aproximou-se da cadeira juntando-se a Luke.

Uma tempestade vem aí. – Luke repetiu suas palavras. – Mas dessa vez você estará preparada. – ele finalizou. Rey não entendeu o que ele quis dizer.

– Você diz... que eu estou preparada para a chuva? – Luke sorriu mas não disse nada. Então ela entendeu. – Algo de ruim está vindo... – Rey escutou-se dizendo. Ficou ansiosa por alguns instantes, alguma coisa lhe fez acreditar que poderia ser Kylo Ren a tal da tempestade. Como se Rey tivesse pensando em alto e bom som, Luke lhe dirigiu a fala.

– Não precisa ficar assim. Acalme-se. Respire. Organize sua mente. – Rey fez o que lhe foi mandado. Tentou clarear sua mente mas não obteve sucesso. Respirou fundo e tentou mais uma vez.

– Agora, o que você vê? – Luke perguntou-a. Rey teve um vislumbre de algo.

– Luz. Escuridão. O equilíbrio. – Rey respondeu.

– Isso é bom. Agora, me escute: Kylo está vindo por sua causa, mas não o tema. Ele não será o mesmo com quem você lutou algumas semanas atrás... você o marcou e não foi só fisicamente. Seus poderes atraíram a atenção de Ren.

- O quê? – Rey não estava entendendo a linha de pensamento do mestre Luke. – Eu não fiz nada que ele não merecesse. Aquele monstro matou o próprio pai. Ele matou Han Solo. Isso não te perturba?!Como se não bastasse, depois teve a coragem de me perguntar se ele poderia me treinar! – Luke manteve sua plenitude e a respondeu calmamente.

– Não, isso não me perturba. O que me perturba foi não ter notado no que meu sobrinho estava se tornando enquanto eu o via crescer ao meu lado. Você não entende a dor que eu senti quando Ben se virou contra o lado da Luz. Foi minha falha tudo o que aconteceu. Kylo matou Han, sim, mas foi Snoke quem o seduziu e o pôs nesse caminho. – Luke abaixou a cabeça. Rey se inconformava com aquela situação.

– Por que o protege? Como consegue ainda defendê-lo mesmo depois de tudo o que ele fez? – Rey estava nervosa. Falar de Kylo Ren deixava seus nervos aflorados. Um silêncio se estabeleceu. Luke ponderou, levantou a cabeça encontrando os olhos de Rey e disse:

– Eu o defendo pelo simples motivo de ainda amá-lo. Não perdoei suas maldades mas eu e ele somos do mesmo sangue. Querendo ou não, carregamos um elo aparentemente inquebrável. – as palavras foram ditas num tom triste. Rey observou toda a situação. Ela entendia o lado de Luke. Pra ela, era de partir o coração saber que as coisas tiveram que ser do jeito que foram, mas não conseguia acreditar que Kylo Ren fosse essa vítima de que tanto Luke fala.  Enquanto refletia, Rey já tinha se esquecido da visita iminente de Ren à eles, até que seus pensamentos foram brutalmente interrompidos com sons de naves se aproximando . Rey soube no mesmo instante que era a Primeira Ordem, e com ela vinha a tempestade: Kylo Ren.

Paz e FúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora