A Filha da Lua

Capítulo 51

Várias criaturas começaram a surgir. As portas de um outro mundo tinham sido abertas. 

___ O que vamos fazer?

Miguel perguntou, ele me olhava sem esconder o medo. Os lobos já estavam transformados e atacavam as criaturas, só que o nosso ataque parecia não surtir efeito.

 Eu me recusava a acreditar que tudo estava acabado, não podia estar. Félix não podia morrer em vão, meus pais não podiam.

 Então eu me lembrei da profecia : "Para isso a garota terá que unir a força dos filhos da lua com os filhos da noite, caso isso não aconteça ninguém sobreviverá ao mal que se aproxima!"

___ É isso!

Eu gritei, em resposta. 

___ É isso o que? 

Miguel perguntou atacando uma criatura que vinha em nossa direção. 

___ Precisamos da ajuda dos vampiros... 

Falei com dor na voz assim que me desviei de outra criatura. Ele parecia ter entendido todo o resto e me olhou com esperança.  

___ Mas como vamos pedir ajuda?

Ele perguntou me empurrando pra parede. 

___ eu posso me comunicar com eles. Mas vou precisar que me dê cobertura, eu preciso chegar até o corpo de Félix. 

Ele apenas concordou. Eu comecei a correr para onde Félix estava, as criaturas que vinham em minha direção Miguel dava um jeito de derrubá-las. Me ajoelhei ao seu lado, eu tinha que ser forte, se não eu iria perder mais do que um amigo.  Peguei em suas mãos geladas e me concentrei no meu poder. -É como dizem, mesmo que um feiticeiro morra, seus poderes continuam intactos, por isso é comum depois que os feiticeiros morrerem os queimar, para que seu poder não seja canalizado por nenhuma outra pessoa-. Eu podia sentir a força dos poderes de Félix se ajuntar aos meus, eles se uniam como se fossem um só, um brilho começou a emanar de nossas mãos juntas, então minha mente vagou a procura dele. E finalmente a mente de Phill , o líder do clã dos vampiros, se abriu como um portal e em um único ato de desespero compartilhei todas as informações que continham na minha mente para a dele. Sem saber se tinha funcionado eu voltei a realidade, a tempo de poder ver as luzes de nossas mãos se apagando.

Os sons assustadores que aquelas criaturas faziam, me fizeram levantar. Miguel tinha sido derrubado por duas criaturas, eu corri para o ajudar. Mas antes que eu pudesse chegar onde ele estava uma criatura me puxou, arranhando profundamente o meu ombro. 

Lilith estava em pé, de olhos fechados, ela parecia estar em um transe e várias fumaças negras saiam de suas extremidades e pareciam ser exatamente  essas fumaças que liberavam as criaturas. Ela soltava um poder tão obscuro que ficava difícil de encostar, tudo parecia vibrar ao seu redor. Voltando a minha atenção para o problema que estava a minha frente me concentrei em como ela era formada, era totalmente diferente de tudo o que eu já imaginava ter visto. Eu nuca tinha visto demônios, mas com certeza essas criaturas se encaixavam no perfil. Me transformei em loba e avancei, mas nenhum dos meus golpes o machucavam. 

Uivos e mais uivos me desconcentravam da luta, isso era sinal de que lobos estavam morrendo, eu só pedia mentalmente pra que nenhum dos meus irmãos se machucassem seriamente. Eu consegui me livrar daquela criatura assim que a incendiei com uma tocha que se prendia na parede, com um grito assustador a criatura se dissolveu em cinzas.

  As cortinas das paredes laterais pegavam fogo junto com alguns corpos, fazendo um cheiro repugnante de  carne queimada pregnar em meu nariz. Eu nunca imaginaria que em algum dia da minha vida eu presenciaria tanta morte e destruição. Lobos mortos, grunhidos de demônios, uivos de desespero.