Existe um "nós"

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Uma pequena luz rosa se perdia no horizonte para se chegar num azul escuro sem fim enfeitado por imensas pedrinhas brilhantes, seus olhos cor de mel vidrados não perdiam nenhum movimento da cidade apática. Uma noite gelada, sem nenhum atributo a não ser a magnitude da escuridão da noite perdida no branco do asfalto. Um silêncio tão confortante que fora quase um pecado quebrá-lo por motivos tão fúteis, a necessidade de saber os pensamentos do outro. Será que seus pensamentos eram tão intensos quanto sua enorme pupila fugaz?

- Por que um lugar como este? Poderíamos ter ficado em casa, ido a um restaurante ou qualquer outro lugar.  - Liam indaga com a voz meio falha, se martirizando alguns segundos por tal coisa. Foi momentâneo, de fato, não se pode se concentrar em nada mais quando os grandes olhos oblíquos focaram-se em si.

- É longe do barulho da cidade, das luzes, coisas que nos prendem a atenção. Eu queria apenas nós dois, um refrigerante e batatas fritas. É bobo e estranho. Só que, não quero te dividir com nada mais, pelos menos por essa noite. - Uma leve corrente de ar desenhou-se de sua boca e saiu dançando pelo ar, um grande sorriso tampou seu rosto em seguida.

- Eu não bebo refrigerante, como quer toda atenção nesse frio? - Riu botando a mão no bolso.

- Eu não quero, eu já tenho. Posso te esquentar. - Aproximou-se erguendo as mãos cobertas por uma luva preta felpuda para as bochechas do maior que fora pego de surpresa pela declaração, mas se aconchegou no calor do outro.

- Você pode ficar assim a noite toda? - Inquiriu com já com um sorriso sapeca surgindo nos lábios.

- Eu trouxe chocolate quente também. - Pronunciou com o tom suave.

- Isso me parece bem melhor que o cardápio anterior. - O castanho conduziu suas mãos nas bochechas do outro o imitando. - Eu posso te ajudar também se quiser.

O menor sentiu sua pele enrubescer, obviamente pelas mãos grandes do outro tampando quase todo seu rosto e não a vergonha súbita do inesperado.

- Eu surpreendo. - Jogou-se no peito do castanho e o abraçou.

- Infelizmente, eu não concordo em concordar com isso. Mas eu concordo.

Zayn riu e bateu no ombro do maior.

- Não seja idiota.

- Auch! - Grunhiu com falsa dor.

- Esta tão fraco que nem seus vinte casacos estão resolvendo, vou pegar algo para nos sentarmos e, então tomamos algo. - Sorriu e sumiu pela escada de emergências.

- Ei, eu só tenho dois casacos. - Rebateu, como se realmente tivesse sido afetado.

Os dois sozinhos, numa cidade completamente esquecida, no alto de um prédio abandonado em pleno inverno. Liam realmente só pode estar louco, com seu peito quente e familiarizado com o lugar, poderia deitar e dormir ali sem problemas. Claro, se Zayn tivesse ao seu lado. Mesmo sendo algo estranho, depois de tantos anos, momentos simples com alguém não estavam fazendo um pingo de sentido. Entretanto, se tornavam os melhores momentos de seus dias.

Zayn retorna com duas latas grandes, o joga um para o maior e põe a outra ao lado, pega a mochila que trouxera e tira uma garrafa térmica laranja com duas xícaras de plástico sentando-se na lata anterior.

- Eu gosto de me sentir livre, sabe? Viver cada segundo como o último, porque quando for meu último suspiro eu quero ter lembranças boas e carregá-las pela minha eternidade. E eu quero proporcionar o mesmo para quem amo. - Começou enquanto se servia e a Liam.

Por outro lado, o maior não respondeu tentando entender o raciocínio do outro.

- Eu nunca disse isso pessoalmente. - Parou e suspirou. - Eu amo você, Liam.

APODYOPSIS (ZIAM TEXTING)Onde histórias criam vida. Descubra agora