Daniel M.

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Cartas Suicidas

Tudo começou aos quatorze anos, nem sei dizer ao certo qual o motivo de toda a minha tristeza. Mas, os dias se alternavam entre uma tristeza breve e prolongada. Comecei a ler livros de poesias impregnadas de melancolia, um desses, era do poeta brasileiro "Alvares de Azevedo” e, ao mesmo tempo, ouvia músicas depressivas. Quando percebi já estava escrevendo cartas suicidas, talvez, não tinha a intenção de me matar de verdade, mas, apenas, dizer como eu me sentia sozinho. Na escuridão do meu quarto, as lágrimas caiam lentamente pelo meu rosto, molhando a minha cama. Nunca tive muito amigos, então, comecei a criar um mundo só meu e assim, sobrevivia ao tédio do meu dia a dia.
Sempre fui uma pessoa tímida e de bom coração. E, por ser assim, desde o começo da minha adolescência, sofri muito com os relacionamentos amorosos; por muitas vezes fui machucado e, por mais que as feridas cicatrizassem, elas continuavam perto do meu coração. Mas, continuei vivendo com essas marcas do passado. Os anos se passaram e com eles várias pessoas também, algumas fizeram diferença outras, nem tanto. Atualmente, estou vivendo na mesma cidade que eu nasci, sei que não pertenço a esse lugar, mas, por enquanto, continuarei aqui até o dia que Deus quiser. Não que eu seja muito religioso, mas, de vez enquanto, vou à missa aos domingos. Acredito em uma força superior, não importa qual seja o seu nome.
Bem, mas voltando ao assunto, sei que vocês devem estar aí se perguntando se eu já tentei me suicidar alguma vez e a resposta é sim. Não vou dizer qual foi o motivo porque é algo muito pessoal. Mas, passava por um momento muito tenso em minha vida, faculdade, relacionamentos e um namoro bem complicado. Depois de uns dois meses de terapia, fiz uma viagem que me ajudou a refletir um pouco sobre tudo o que havia acontecido. E como eu me sinto hoje? Bem, seria mentira eu dizer que estou curado; uma coisa que é aprendi é que terapia não cura, mas ajuda entender melhor quem a gente é e o que estamos sentindo. Desta maneira, aprendi a lidar e conviver com a tristeza porque ela faz parte da nossa vida, queiramos ou não, somos todos suscetíveis a ela. E assim, vou vivendo. Há! Quero dizer que nesse exato momento estou ouvido músicas tristes. Descobri que elas não fazem mal a gente; nós é que fazemos. Agora eu quero muito te fazer uma pergunta: Como você está se sentindo hoje?

Por enquanto é só. Até outro dia...

 

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