O.M. Daniel

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Um dia para esquecer (O relato de um adolescente)

Tiros, gritos, medo, lágrimas, dor, sangue...essas palavras não saem da minha cabeça desde o momento em que meu primo, que mora em uma cidade próxima a minha, me contou sobre a tragédia que aconteceu há uma semana na escola onde ele estudava. Essa é a versão dele de como tudo aconteceu:
Foi em uma manhã de quarta-feira. Na hora do intervalo, ele e a maioria dos alunos, estavam na cantina. Meu primo estava em uma mesa conversando com um amigo de sala. O relógio marcava 10:20h quando começou; aconteceu muito rápido, foi uma questão de minutos, apesar de pouco, a impressão dele era de que o tempo passava lentamente diante de seus olhos vendo aquelas cenas de terror.
Um garoto apareceu do nada, com o rosto pintado, vestindo uma jaqueta e uma camiseta preta, calça e bota militar. Então, sacou uma arma e começou a atirar. Nesse momento, alguns se jogaram no chão e outros ficaram embaixo das mesas. Quando os tiros acabaram, o que se ouvia eram pessoas gritando e chorando. A cantina estava um caos. Somente após o garoto ter ido embora foi que se notou que três pessoas haviam sido atingidas: Dois caras e uma garota. Meu primo ficou chocado ao vê-los ensanguentados no chão. Um professor, que também estava lá, ligou rapidamente para o serviço de emergência.  Quando a polícia chegou as vítimas já tinham sido levadas para o hospital. Disseram que os policiais foram diretos para banheiro masculino, mas, já era tarde, o garoto havia ceifado sua vida com um tiro na cabeça.
Meu primo ficou sabendo depois que o nome do cara era Marcos Antônio, estava no primeiro ano e que, o motivo dele ter feito aquilo, foi porque já não aguentava mais um grupo de garotos que viviam o atormentando, quase que diariamente. Infelizmente, ninguém percebeu isso, nem seus pais, que agora estão sofrendo com a perda trágica do seu filho, e nem a escola, que não percebeu as agressões verbais e físicas que praticavam com ele. A arma que usou no fatídico dia era uma 38. Ninguém sabe ao certo como Marcos conseguiu. Foram cinco tiros. Dos dois garotos atingidos, um não resistiu e morreu. Ambos faziam parte do grupo que o agredia. A garota, que não tinha nada a ver com aquela vingança sobreviveu. Foram dias de luto. Psicólogos, professores, pais, todos tentavam ajudar de algum jeito. Em um momento de reflexão o meu primo disse que, dificilmente, alguém esqueceria daquele dia. Ah! Ele acabou mudando de escola.
É triste ver que a violência que se disseminou por todo nosso país e que vem aumentando de forma assustadora ano após ano, também invadiu o ambiente escolar. Que as pessoas estão agindo como se fossem animais irracionais, machucando uns aos outros. Não é admissível que a nossa sociedade e a maioria das escolas vejam o bullying como algo não ameaçador. Tragédias como essa já se repetiram por vários países. Isso mostra o quanto é necessário conscientizar as futuras gerações do mal que as agressões físicas e verbais podem causar.  Sabe, parece uma utopia: Mas, acredito em um mundo melhor onde haja mais amor e menos violência. 
Por enquanto é só. Até mais...

Obs: Esse texto é baseado em fatos que aconteceram em escolas do Brasil e de outros países. Havendo assim uma similaridade com esses acontecimentos trágicos.

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