Frases e Poemas

Daniel L.

  Um amor de verão

  Sábado à tarde, estava organizando o meu guarda-roupa quando achei um pequeno crucifixo de aço, então, lembrei da garota que me deu ele. Isso já tem mais de dois anos, mas, eu nunca me esqueci dela. Foi no verão, em uma colônia de férias. Nessa época, eu tinha quinze anos. Se me lembro bem, a nossa história começou mais ou menos assim:
Procurava um lugar para sentar, então, ela disse: - Ei, se quiser pode sentar-se aqui comigo. Quando a olhei, me assustei um pouco com o seu visual. Nunca tinha visto de perto uma gótica. Nisso, uma das fiscais da colônia disse para eu sentar logo.  Então, foi o que eu fiz. Antes da viagem começar, ela explicou que passaríamos duas semanas em um hotel fazenda, cercado de natureza. Pensei como eu iria consegui ficar tanto tempo sem as modernidades da sociedade urbana. Do meu lado veio logo um resmungo - Que chato!
Depois de um certo momento da viagem ela virou e disse: - Ei, você tem algum problema? – Como assim? Respondi. – Ora, até agora você não falou comigo, por acaso me acha muito esquisita? Fiquei procurando as palavras sem saber o que dizer, e aí falei: - Não, que isso, apenas estou chateado. Ela falou: - Sei, os seus pais também te obrigaram a vir, não foi? Respondi que sim. A partir daí ficamos o resto da viagem conversando.
Ao chegarmos ela me disse o seu nome: Natasha. Falei que o meu era, Daniel. Como os dormitórios femininos e masculinos eram separados, fomos para lados opostos. Nos primeiros dias, todos estavam se divertindo, praticando algum esporte ou aprendendo montar a cavalo. No quarto dia, decido fugir das atividades matinais, e fui para piscina. Chegando lá, encontro a Natasha com os pés na água. Ela sorri e fala: - Oi, há quanto tempo não nos falamos? Então eu respondo: Pois é, desde que chegamos. Daí ela levantou-se ajeitando o seu cabelo vermelho e disse: - E aí, em quanto está o seu nível de tédio?- Sorri e disse: - Acho que oito! – Serio? O meu chegou a dez já no segundo dia.- Em seguida, ela me puxou pela mão dizendo que tinha um jeito de acabar como nosso tédio. Minutos depois, estávamos sozinhos em uma floresta que ficava próxima dali. Perguntei meio desanimado: - Então essa era sua solução? Ficarmos aqui olhando a natureza? Ela chegou bem perto de mim e sussurrou: - Não garoto, era isso aqui.- Assim, começamos a nos beijar. Eram beijos tão fortes e intensos, que eu ficava quase sem ar. Depois de alguns minutos fomos interrompidos pela voz de uma das ficais da colônia, nos procurando. Dissemos que havíamos nos perdido na mata.
Nos dias seguintes, continuávamos nos encontrando escondidos, fazíamos isso porque nessa colônia não era permitido namorar. Durante esses encontros, vimos que não era somente a gente que estava quebrando essa regra. No último dia, na noite de luau, Natasha me revelou algo que me deixou triste: ela disse que não morava aqui, que só estava passando as férias na casa de um parente e que amanhã iria embora com seus pais. Depois disso, a cada momento que nos olhávamos parecia uma despedida.
Mais tarde, já no dormitório, enquanto meus colegas de quarto dormiam, eu permanecia acordado. De repente, me assusto com uma batida na janela, era Natasha. Ela entrou sem fazer barulho e, antes que eu a perguntasse alguma coisa, escuto sua voz suave dizendo que queria dormir comigo aquela noite. E foi o que fizemos; adormecemos abraçados, assim quebrando mais uma regra. Acordamos mais cedo para que ninguém soubesse que passamos a noite juntos. Pela primeira vez, percebi que sexo não era coisa mais importante de um relacionamento. Na manhã seguinte, já de volta à cidade, ao saímos do ônibus, Natasha, sem nenhuma maquiagem, se despediu de mim com um longo beijo me entregando esse crucifixo.
Penso: As pessoas entram e saem da nossa vida, de um jeito que quase não percebemos. Poucas ficam, muitas se vão. Algumas deixam boas lembranças outras não. Por isso, só guarde em seu coração, aquelas que te fizeram bem.
Por enquanto é só. Até mais...