Capítulo 3

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             Gaya gostava de observar os peixes nas águas claras do rio cristal. Ela se sentia calma, era como se a trasportasse para outro lugar, para fora daquela realidade. Estava só agora, Cairo tinha ido embora para se preparar para o evento a noite, agora ela estava consigo mesma.Era uma coisa que ela tinha aprendido desde que tinha 6 estrelas. A conexão consigo mesmo para se conectar com a Deusa Lua. A sacerdotisa era responsável pela ligação do povo com a Deusa. Era uma responsabilidade gigante e que exigiria muita concentração pra isso. Mas ela acabou criando uma facilidade para isso, apesar de nunca ter entrado em contato com a Deusa. Aquilo a deixava preocupada, e essa era o maior peso que ela sentia e não contou a Cairo. Mesmo com todo o treinamento e esforço, ela nunca conseguiu nem ao menos vê o brilho da Lua quando tenta entrar em contato com ela. E se ela não conseguisse ser uma sacerdotisa tão incrível quanto Salavária?.

              Já que estava sendo treinada para ser uma sacerdotisa, Gaya aprendia toda a história das mulheres espirituais que ligavam o povo com a Deusa na época que ela estava em terra e na época em que ela se foi. Existiu milhares de sacerdotisas fascinantes, mas nenhuma a fascinava mais do que a sacerdotisa Salavária. Esta foi uma das sacerdotisas que existiu nas duas fases, na fase em que a Deusa estava na terra e quando ela se foi. Era uma mulher extremamente poderosa. Ela conseguia se conectar com a Deusa com muita facilidade e isso ajudou muito os lunares na época em que o povo da Sol se voltou contra eles. Foi por causa dela que o pequeno vilarejo existe,ninguém teria sobrevivido se não fosse ela. As sacerdotisas viviam escondidas na guerra, em lugares seguros, longe dos campos de batalha que se estendiam por todas as terras. Os melhores cavaleiros solares eram designados com a tarefa de caçar as sacerdotisas e as matar.Elas eram de fato armas muito poderosas durante a guerra por causados seus dons. Não existem líderes no meio das sacerdotisas, mas Salavária chamava a atenção por ter tanta intimidade com a Deusa Lua. Ela conseguia prever coisas do futuro pois a Deusa a revelava quando exércitos marchavam contra um acampamento lunar. Diz a história do povo que quando muito dos lunares estavam mortos a Deusa em uma noite fez a terra do meio de uma montanha ser sugada deixando a montanha oca. A Deusa em pessoa revelou a Salavária isso, e ela guiou o povo pela floresta a noite, todos escondidos dos guardas solares. Ela tocou na montanha e uma passagem se abriu, e árvores,vegetação, um rio e animais já habitavam o lugar, e ali todo o povo se escondeu e se restitui-o. Ainda lutaram por um bom tempo contra o povo solar, até que os lunares nunca mais saíram da montanha e foram considerados, pelo mundo, extintos. A registros do povo lunar que diz que Salavária não foi levada pelo Sol para o mundo dos mortos como de costume. Mas que ela se entregou ao mar em noite de lua cheia, e foi levada para os céus pela própria Deusa.Por isso a estrela mais perto da lua é chamada por eles de Salavária.

            Gaya sempre se pegava pensando na história de Salavária, era de fato um exemplo pra ela, mas para alguns Grans era um padrão de comparação. Gran Hans era o ancião mais velho da vila dos anciões. Conheceu Salavária nos seus últimos dias de vida quando ele ainda era novo,e para ele Gaya deveria ser do mesmo jeito que ela. Uma mulher extremamente poderosa e responsável.

            Gaya se senta novamente na pedra na beira do rio em que estava sentada antes, fechou os olhos e respirou fundo, juntou as duas mãos como se segurasse uma esfera. Uma mão embaixo e outra encima. Depois de alguns minutos nesse estado as coisas começavam a ficar diferentes, ela conseguia escutar coisas distantes, sentir o vento com mais sensibilidade, sentir o cheiro com mais intensidade . Seus sentidos se afloravam de uma maneira extraordinária, e a sensação era maravilhosa. Escutou um barulho diferente na floresta a sua frente, abriu os olhos de presa e conseguiu vê a silhueta de um homem perto da beira do rio. Ficou curiosa, parecia que ele estava com um arco e flecha e usava uma roupa preta."Deve ser um dos caçadores da vila", pensou. E assim voltou a sua posição inicial. Gaya não percebeu o quanto as horas passaram rápido enquanto ela se concentrava, as coisas ao seu redor ficavam mais perceptíveis e ela conseguia identificar tudo que se movesse ao seu redor mesmo com os olhos fechado. De repente tudo ficou escuro. Gaya não sabia o que estava acontecendo, nunca tinha passado por isso antes. Mas mesmo assim ela não abriu os seus olhos,queria saber onde aquela nova experiencia a levaria. Uma das coisas que uma sacerdotisa tem que ser é destemida com o reino espiritual,Foi assim que foi ensinada. Era uma sensação diferente, era semelhante a esta dentro da casa de um ancião porém com essa sensação mais elevada. Por um momento imaginou que essa seria a sensação de está no selado templo da lua, mas voltou para aquele estado, não queria se desconcentrar. Era como se ela se movesse levemente porém de uma forma rápida em uma direção e para um lugar em que ela não sabia. E então tudo ficou claro.

              Ela estava em um lugar diferente, era escuro mas os seus olhos se adaptavam rapidamente a pouca iluminação do local. Havia grande estátuas de mármore branco e, em algumas partes, desciam cascatas de águas salgadas. O chão era muito branco e liso, e havia desenhos no chão. Eram constelações e mapas de navegações pelas estrelas.O lugar tenha um leve cheiro de mar, não chegava a incomodar, pelo contrario, era muito agradável. Gaya andou por aquele grande salão,parecia um templo, era indescritivelmente lindo. Ela andou pelo salão em linha reta, havia uma grande porta negra. Ela tinha quase certeza de que era uma gigante porta de pedras preciosas. Abriu o portão e ficou paralisada com a vista. Era um salão enorme. Havia colunas gigantes e largas. Havia aberturas no teto onde a luz entrava. Por algum motivo ali era noite. Havia também uma grande escadaria, um baú, um trono e uma grande lua cheia atrás dele. E no trono estava a própria Deusa Lua, a espera dela.:

-- Vossa Divindade – Gaya reverenciou-a surpresa e amedrontada. Ela tinha conseguido.

-- Gaya, chegue mais perto de mim. - Uma voz doce, porem poderosa se ouviu.

 Ela se aproxima cautelosamente, estava bastante nervosa. Pela primeira vez conseguira entrar em contato com a Deusa. Ela estava muito alegre, porém cheia de temor. Subiu os degraus e a Deusa estava com o seu cajado com uma lua minguante na ponta, a qual usava para cobrir seus olhos.

-- Gaya, filha minha. Porque me chamasse?

-- Eu não pretendia, digo, eu queria, mas não pensei que iria acontecer. Pelo menos não agora.

-- Você subestima o seu poder, Gaya. Você daria uma ótima sacerdotisa.

-- Como assim daria?... Vossa Divindade.

-- Seu futuro não será no meu templo. Você nasceu para o campo de batalha.

Gaya estava sem reação. Campo de batalha? Ela foi criada e treinada para ser um mulher espiritual, como estaria em campos de batalhas?Não existem mais cavaleiros lunares e muito menos cavaleiras:

-- Eu sei que está confusa, mas não tirarei de você o dom que eu te deu como sacerdotisa. Tu ainda conseguirá perceber tudo ao seu redor, e tu serás minha espada contra o que esta por vir.

-- Vossa Divindade, te peço pelo meu amigo Cairo. Ele é o mais novo de nós, irá caçar hoje. Ajude-o, é apenas um garoto de 13 estrelas.

-- Quanto a esse, trará ao meu povo um estrangeiro, como o ultimo que veio. Mandarei um cervo na floresta que o ajudará no que precisa, mas o mesmo cervo trará a vocês o inicio da nova era. Alerta ao povo que tudo irá mudar.

-- Mas...

             A Deusa tirou a lua da frente dos seus olhos e Gaya se arrepiou dos pés a cabeça, nunca tinha sentido tanto medo em toda sua vida. Não conseguiu ver os olhos dela, claro, mas por um momento achou ter visto. Uma luz forte ofuscou a visão dela, como se o sol e a lua habitassem o mesmo lugar. Com tudo perdendo forma e a luz oscilando,Gaya abriu os olhos com a respiração ofegante, estava meio tonta.Era muita informação. Correu para casa, mas já era noite e ninguém estava mais lá. "Cairo!", pensou. Saiu em direção ao vilarejo mas já era tarde de mais, o menino já entrava na floresta. Ela gritou seu nome mas provavelmente ele não a ouvira:

-- De fato, tudo irá mudar.

AscensãoWhere stories live. Discover now