Rede de mentiras

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Não demoramos muito no caminho do aeroporto até o hotel, que era o ligar mais luxuoso em que eu já havia entrado.
- Esse hotel é incrível! - Disse minha mãe, quando chegamos.
- Muito obrigada, Farkle! - Riley o abraçou - É o hotel mais incrível de todos!
- Não é nada demais - Ele encolheu os ombros, corando - O dinheiro é dos meus pais, mesmo.
- Sr. Minkus! - Gritou um homem, do outro lado da piscina, de terno chique com as cores do hotel.
- Louis! - Farkle exclamou - É bom te ver!
Quando o homem se aproximou, vi o bordado em sua camisa que dizia "Concierge". Eles apertaram as mãos e o homem perguntou:
- Onde estão seus pais, Sr. Minkus?
- Eles não vieram dessa vez, Louis. Mas trouxe alguns amigos... E os pais de alguns amigos.
- Claro! São todos bem-vindos! Eu sou Louis, o Concierge do hotel. Me acompanhem, vou levá-los até seus quartos.
Ele saiu andando e nós o seguimos.

____

Às sete da manhã do dia seguinte, fui acordada por Riley, saltitante e animada.
- Acorda, Maya! - Ela sacudiu meu braço - Vamos explorar Miami! Nós podemos ir a praia e...
- Quantas horas são? - Interrompi, sem muita certeza de que aquilo não era um sonho.
- Sete da manhã. Mas...
- Está muito cedo. Por que não podemos explorar Miami depois do meio-dia?
- Por que aí não vai ter graça! - Choramingou.
Me sentei na cama, a contragosto.
- E os outros? - Perguntei.
- Já estão acordados. Vão sair depois do café.
- Você me obrigar a ir de qualquer jeito, não vai?
Ela fez que sim com a cabeça.

Encontramos Lucas e Farkle jogados nas poltronas do hall de entrada, olhando para seus celulares e ignorando um ao outro. Farkle levantou os olhos do aparelho primeiro e cutucou Lucas. Os dois se levantaram.
- Senhoritas - Farkle nos cumprimentou, e beijou a mão de Riley, que corou.
Ele tentou fazer isso comigo também, mas eu não deixei.
Lucas olhou para mim com um sorriso que ele sabia que me dava nos nervos. Piscou e acenou com um chapéu imaginário.

____

Nós demos um passeio por algumas lojas e depois fomos à praia. Riley e Lucas foram nadar, e eu e Farkle nos jogamos em cadeiras de praia.
Observei-o encarar Riley por alguns segundos.
- Você deveria resolver isso - eu disse, por fim.
- Resolver o quê? - Eu não respondi, mas ele sabia do que eu estava falando - pelo amor de Deus, Maya, eu tenho namorada!
- Eu fisse pra resolver, não pra trair a Smackle.
- Não tem nada pra resolver.
Dei de ombros.
- Se você diz...
Coloquei meus óculos escuros e aproveitei a paisagem.
Alguns minutos depois, fui tirada de meus pensamentos por um lindo sorriso surpreendentemente perto: Lucas sorria pra mim, com as costas pingando e os músculos à mostra.
- Refletindo, Short Stack?
Pisquei algumas vezes, processando toda aquela beleza. Estava prestes a dar uma resposta sarcástica e mal-educada quando olhei para uma figura ao lado dele e me surpreendi. Antes que eu pudesse processar, a figura de maiô exagerado acenou pra mim.
- Sorria - Disse ao Lucas.
- O quê? - Ele perguntou, confuso.
- Apenas sorria. - Eu disse, a tempo de ouvir um gritinho animado do outro lado da piscina.
- Maya! - Uma garota correu até nos, arrastando um rapaz arrumadinho atrás de si.
- Marly! - Eu disse, com falsa animação.
Ela foi até mim e começou a dar pulinhos de animação. Eu a acompanhava com os olhos e as sobrancelhas franzidas. Quando acabou de ter seu ataque de chatice, se virou pro rapaz e disse:
- Adam, essa é a Maya. Ela é... Uma velha amiga.
Eu não diria que éramos amigas, mas fazer o quê...
- Maya - Ela se virou pra mim - Esse é o Adam, meu namorado. O pai dele inventou o IPod.
Marly e eu estudamos juntas, a uns cinco anos atrás. Na época, ela já era uma chata. Vivia contando vantagem e dizendo como era melhor que os outros. Não éramos amigas, estávamos mais pra arqui-inimigas. Quando ela saiu da escola, jurei que, quando nos encontrássemos de novo, estaria melhor que ela.
Era óbvio que o pai daquele garoto não havia inventado o IPod. Até porquê, quem inventou foi Steve Jobs, e ele não tem filhos. Não estávamos mais conversando, estávamos em uma guerra de mentiras. E eu não ia ceder.
- Marly, esse o Lucas - Pus minhas mãos no peitoral molhado do cowboy - A mãe dele inventou a lipoaspiração.
Dei o sorriso mais falso que conseguia.
- E então, - Ela perguntou - Vocês estão aqui sozinhos?
Olhei pro Lucas, para selar a mentira.
- Estamos - Eu disse - Quer dizer, com uns amigos, mas sem nenhum adulto. E vocês?
- Nós tambem!
Assim que ela disse isso, uma mulher um pouco mais distante de nós gritou:
- Marly, querida! Está na hora de irmos embora!
Ela pareceu um pouco desconfortável e tentou explicar:
- Eu não conheço aquela mulher! - Ela exclamou - Eu vou ali... Chamar a segurança.
Dei um último sorriso falso, antes de vê-la se virar e ir em direção a mulher, sempre com seu "arrumadinho" atrás.
Quando ela estava longe o suficiente, eu e Lucas soltamos gargalhadas.
- Sozinha, sei... - Ele debochou.
- O que foi? - O repreendi - Também não estamos sozinhos.
Ele deu aquele sorriso. O sorriso que dava toda vez que a situação era favorável pra ele. Sabia no que ele estava pensando.
- Agora você também está mentindo...
- Não - Interrompi - Não estou fazendo o mesmo que você. Não estou mentindo para parecer atraente, nem pra ela gostar mais de mim.
- Ainda assim... Mentindo. Agora também está nessa. Se contar pra Missy, eu conto pra Marly.
Suspirei. Ele realmente havia me pegado em um beco sem saída. Ou ficava com as duas mentiras, ou com nenhuma delas.
- Sr. Metthews - Avisou Lucas - Atrás de você.
Me virei e vi o Metthews em sua sunga horrível, andando em nossa direção.
- E então, garotos - Ele disse quando se aproximou - Em que tipo de confusão se meteram?
- Em nenhuma, senhor. - Negou Lucas.
Mais uma mentira para a coleção.

Namorada de Mentirinha (Lucaya)Onde histórias criam vida. Descubra agora