Namorada de Mentirinha (Lucaya)

Texas & Argentina

Eu me revirei na cama a noite toda, tentando tirar Lucas da cabeça. Eu estava com calor, angustiada e culpada. Finalmente, lá pelas três da manhã, decidi que não conseguiria mais dormir. Depois de pensar muito, resolvi tomar alguns drinques no bar do hotel.
Desci pelo elevador e, no saguão, encontrei Missy, Lucas e Zay. Missy e Zay estavam rindo muito, e Lucas estava com a testa franzida.
- O que houve com vocês? - Perguntei.
- O Zay me levou pra um bar aqui perto. - Missy estava embolando as palavras - E aí, a gente encheu a cara.
- É. - Confirmou Zay.
- Esse é seu primeiro porre, não é? - Perguntei à Missy. Ela assentiu.
- Zay estava me contando... Que Lucas quer me levar para ver o Pappy Joe. Ele vem pra Nova York mês que vem. Isso é lindo, Luky! - Ela bateu o dedo no nariz dele e fez um "boop".
Olhei para ele, magoada.
- Isso é verdade?
- É, é verdade. - Ele disse, cabisbaixo.
- Mas você deve ter descido para fazer alguma coisa, não é, Maya? - Disse ela - Estamos te atrapalhando?
- Na verdade... - Inventei uma desculpa - Eu vim buscar o Zay. Vamos, amor?
- Mas... - Ele tentou protestar.
- Vamos fazer sexo!
Ele arregalou os olhos, animado, e pulou para dentro do elevador. Eu fui junto, sem ao menos me despedir de Lucas. Passei as mãos pelo rosto. Aquilo não podia estar acontecendo comigo.
Zay começou a falar, mas eu o interrompi.
- Nem. Uma. Palavra.
Desci do elevador e fui direto para meu quarto. Riley tinha acordado.

- O que você foi fazer? - Ela me perguntou, esfregando os olhos.

- Só... Dar uma espairecida.

Ela não deve ter prestado muita atenção, porque soltou um murmúrio de concordância e se virou para o outro lado. Voltei à minha cama o mais silenciosamente possível.

Apesar de não ter conseguido dormir, não faço ideia de que horas eram quando meu telefone tocou. Lucas estava me ligando. Me levantei, fui até o banheiro e fechei a porta, ara abafar o som. Só então, atendi.

- O que foi? - Atendi, rispidamente.

- Boa noite pra você também, Short Stack.

- Quer mesmo que eu seja educada, à uma hora dessas?

- Eu só queria saber como você está. - Ele continuava falando em seu tom doce habitual.

- Ótima - Respondi, com sarcasmo - Estou muito bem, mesmo.

Ele suspirou do outro lado da linha.

-Eu também estou em uma situação difícil, Maya. Mas o que eu poderia fazer? Dizer a ela que não quero que ela conheça Pappy Joe?

- Você poderia não ter mentido, em primeiro lugar.

Eu quase podia sentir sua culpa através do telefone.

- Eu sei. Mas o que está feito, está feito.

Um silêncio desconfortável se instalou entre nós. Eu estava quase desligando, quando ele veio com uma pergunta realmente inesperada:

- Você vai pra Argentina?

Considerei a pergunta por alguns momentos. Sair do país parecia promissor, e eu ainda não tinha dado uma resposta definitiva para Josh. Mas havia Riley...

- Eu.. não sei, Huckleberry.

- Quando se decidir... Me avise, tá?

Assenti, e precisei de alguns momentos para me lembrar que ele não podia me ver.

- Tá. Eu te falo.

Desliguei sem me despedir.

***

Me sentei, encolhida, na grande banheira da suíte, e pesquisei sobre a Argentina. Era um país lindo. Provavelmente o mais frio da América do Sul, então não precisaria me preocupar com o calor.

Pelo site da universidade, o curso também era ótimo. E de graça. Me daria a oportunidade de entrar em uma boa faculdade, além de ser divertido. Era tudo que eu sonhava.

Dane-se que era longe. As únicas pessoas com me importava nesse país eram Riley e minha mãe, e eu poderia falar com elas por videochamada. Minha mãe não ia gostar, e Riley ficaria arrasada, mas a decisão era minha.

Além do mais, um dia Missy descobriria sobre a mentira de Lucas, e eu não ia querer estar presente nesse dia.

Mandei uma única mensagem para Lucas:

"Vou".

***

No dia seguinte, depois do almoço, Riley me puxou de volta ao nosso quarto, e me fez sentar na "Bay Window de Miami", ao seu lado. Ela estava mordendo o lábio e torcendo as mãos.

- Alguma coisa está te incomodando, Riles? - Me fiz de boba.

- Você percebeu?

Contive um sorriso.

- Sabe que não pode esconder nada de mim, Honey. O que foi?

- O que você diria se eu dissesse que estou gostando do Farkle?

- Você está?!

- Hipoteticamente.

Eu não sabia o que "hipoteticamente" significava, mas supus que ela estivesse mesmo gostando dele.

- Não tem problema nenhum, Riles.

- Mas ele acabou de terminar com a Smackle!

- Isso mesmo. Significa que eles não estão mais juntos.

Ela uniu as sobrancelhas.

- Você acha que ele gosta de mim também?

Senti vontade de rir.

- Claro que ele gosta de você, Riles! Ele diz isso o tempo todo!

Ela sorriu e pegou minha mão.

- Ainda bem que eu tenho você pra me ajudar, Peaches.

- Você pode contar comigo. - Forcei um sorriso.

***

Depois disso, fomos à piscina, porque era a única coisa quer tínhamos pra fazer lá.

Coloquei meus óculos escuros e me deitei em uma espreguiçadeira, enquanto Riley foi conversar com Farkle. Fechei os olhos e tentei relaxar. Afinal, eu tinha o direito de aproveitar um pouco da viagem.

Acho que eu dormi por alguns minutos ou sei lá, porque fui surpreendida pelo barulho de água e risos perto de mim. Abri os olhos e tirei os óculos. Aparentemente, a conversa entre Riley e Farkle dera certo, porque agora os dois estavam jogando água um no outro e rindo, na piscina.

Mas a ideia de que eu iria para outro país e a deixaria sozinha continuava me atormentando. O que aconteceria com ela quando eu fosse embora?

- Riles! - Chamei - Vem cá!

Ela parou de tentar dar um caldo no ruivo e olhou para mim, assim como ele.

- Ah, Peaches, agora eu estou nadando! Não pode ser outra hora?

- Não. Tem que ser agora. - Levantei a mão em que estava meu anel - Poder do Anel! E o robô pode vir também.

Ela bufou. Os dois saíram da piscina e e enrolaram em toalhas. Eu me sentei de lado na espreguiçadeira, e Riley fez o mesmo no assento ao meu lado. Farkle ficou em pé.
- Eu... Tenho que contar uma coisa. - Eles levantaram as sobrancelhas - Eu vou pra Argentina. Assim que a viagem acabar.