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Quando papai já estava estacionando o carro perto da igreja, eu já estava com vontade de fugir. Aonde eu estava com a cabeça? Por quê eu estava aqui? O estranho é que a culpa não era do papai, -Então eu não podia reclamar- eu havia vindo por livre e espontânea vontade. Eu não conhecia ninguém, provavelmente iam ficar me encarando e julgando. Eu era imperfeita demais para estar aqui. 

Estava tão entretida em meus pensamentos que quando papai abriu a porta para mim, levei um susto. 

-Está tudo bem? -Perguntou papai.

-Está sim. -Digo aceitando a ajuda que ele me ofereceu com o braço.

Ele enlaça seu braço no meu, fecha a porta, tranca o carro, e devagar me acompanha até a igreja. Para chegarmos até porta, pareceu levar uma eternidade. Minha mão já estava suando quando finalmente entramos atraindo apenas alguns olhares. O resto das pessoas pareciam mais interessadas em conversar com as pessoas ao lado. Todos tinham sorrisos amigáveis e convidativos.

Respirei fundo pronta para me sentar logo quando uma moça veio até nós. Ela aparentava ter mais ou menos a minha idade. Sua pele era morena, os cabelos castanhos e lisos que eram um pouco abaixo dos ombros, um sorriso largo e olhos brilhantes. Ela era sim, bonita.

Engoli em seco. 

A saia dela parecia lhe cair muito bem, enquanto eu me sentia completamente estranha com a minha.

-Boa noite! -Ela disse estendendo primeiramente a mão para papai e depois para mim. 

-Sua primeira vez aqui? -Ela perguntou.

-Sim. -Respondi- Eu vim fazer uma visita.

-Ah sim. Fique a vontade e espero que você goste daqui. -Ela disse.

-Muito obrigada. -Digo exibindo um sorriso.

Eu queria ter puxado mais conversa, pois ela parecia legal, mas papai estava bem ao meu lado, e eu ainda não havia me acostumado com isso. 

-Se você quiser, no final do culto, os jovens vão ficar logo ali -Ela disse apontando para um canto do lado de fora da igreja- e você podia aparecer pra mim te apresentar para o pessoal.

-Tudo bem, eu vou sim. -Respondi, embora não estava com a miníma vontade de conhecer pessoas novas. Holly não exagerava quando dizia que eu era tímida. Holly! Precisava falar com ela.

Fiz um lembrete mental de que precisava ligar para ela quando chegasse em casa.

-O.k. então, vou te esperar. -Prometeu ela sorrindo e se retirando logo em seguida. 

Suspirei. Não havia sido tão ruim.

-Vamos? -Papai disse.

-Claro. -Digo voltando a caminhar.

E então nos sentamos nas poltronas do meio. Para mim estava ótimo. Nem muito a frente e nem muito atrás.

Algumas pessoas foram chegando e começaram a tomar os assentos. Os que conversavam agora haviam dissipado seus grupos e também haviam se assentado. A maioria das luzes foram apagadas deixando iluminado apenas o altar. Algumas pessoas subiram no altar e então uma rapaz pegou um baixo e se posicionou em frente ao microfone. Outro ficou em pé frente ao teclado, outro se sentou em frente a bateria com as baquetas em mãos, e por fim uma garota pegou seu violão.

Eles trocaram algumas palavras, e então o rapaz que estava perto do microfone disse:

-Boa noite igreja.

Um coro de boa noite foi em resposta.

-Vamos louvar ao nosso Deus?

E então todos se colocaram de pé. Me levantei juntamente com papai. 

Enquanto há vida, há esperança.Onde histórias criam vida. Descubra agora